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Toxina botulínica: uma aliada na área terapêutica

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Desde setembro do ano passado dentistas estão autorizados a usar a substância em diversos tratamentos

Ela é bastante conhecida e ganhou fama por se tornar uma aliada na área estética, mas foi com fins terapêuticos que começou a ser utilizada em décadas passadas, quando as primeiras pesquisas mostraram que poderia ser uma alternativa no tratamento de estrabismo. Posteriormente, passou a ser introduzida em outros casos. Estamos falando da toxina botulínica, que se popularizou com o nome de uma das marcas que fornece a substância – o Botox.

A toxina botulínica causa paralisia da hiperatividade muscular e, devido a isso, passou a ser introduzida em alguns tratamentos também na área odontológica. Entre eles podemos citar o bruxismo, que causa hiperatividade do músculo masseter, considerado o mais forte do organismo. Quando muito ativo acaba jogando muita força na região articular. Ao fazer a aplicação de toxina botulínica o músculo perde força, o paciente continua rangendo os dentes, mas não com todo vigor e força. Desta forma é possível proteger muito a articulação e o produto se torna coadjuvante no tratamento, afirma a dentista rondonense Andressa Gomes, especialista no uso de toxina botulínica.

Outra aplicação comum é para pacientes que apresentam cefaleia tensional (dor de cabeça). Neste caso as injeções são feitas em pontos específicos para que a toxina provoque relaxamento da musculatura que está muito contraída. Pode-se usar ainda para sorrisos gengivais, que são aqueles em que as gengivas ficam muito aparentes. Com o uso da toxina botulínica em alguns pontos é possível fazer o controle (do sorriso gengival), pois a musculatura relaxa. É uma alternativa ao procedimento cirúrgico. No entanto, a toxina tem durabilidade de quatro a seis meses, mas o resultado já é satisfatório e em alguns casos a situação não volta ao que era, expõe a profissional.

Ela reforça que a substância para fins terapêuticos tem uma durabilidade maior do que para fins estéticos. O terapêutico dura de quatro a seis meses, enquanto o estético geralmente dura quatro meses, não mais do que isso, afirma.

 

Coadjuvante

Existem exceções, como no caso do tratamento de sorriso gengival, mas de maneira geral a toxina botulínica se tornou coadjuvante em vários trabalhos realizados na Odontologia. Por exemplo no caso do bruxismo, utilizamos placas ou aparelhos para que os pacientes possam dormir e, junto disso, se faz a aplicação da toxina para reduzir a força (da musculatura). Estes pacientes também podem ter crises grandes de dores de cabeça, principalmente tensional, e aí se faz a aplicação em pontos gatilhos. No entanto, é preciso tratar, pois a toxina sozinha não faz milagre. Portanto, é uma coadjuvante no tratamento. Só no caso do sorriso gengival que a toxina pode ser usada de forma isolada, frisa.

 

Procedimento

A aplicação é rápida, cujo procedimento dura em média 30 minutos, sendo que alguns pacientes podem sentir um pouco de dor local na hora. O paciente pode retornar à rotina imediatamente após a aplicação. O único cuidado é não praticar atividade física no mesmo dia e não deve se deitar após quatro horas depois da aplicação, explica Andressa.

Questionada se há contraindicações, a dentista cita que não é feito uso de toxina botulínica em gestantes, lactantes e quem possui problemas sistêmicos. Há pacientes que são alérgicos, sendo geralmente os que possuem alergia ao ovo e ao leite, pois são proteínas específicas. Mesmo assim hoje existe uma infinidade de toxinas e podemos escolher a que é indicada para cada caso. Há toxinas, por exemplo, que possuem uma quantia maior de proteína, outras com quantidade mais baixa; existem toxinas mais indicadas para fins estéticos, enquanto outras são mais recomendadas para fins terapêuticos. Então, dependendo de cada caso, indicamos a toxina ideal para cada paciente, detalha.

 

Riscos

Sobre os riscos que existem aos pacientes, Andressa diz que no caso de fins estéticos, em doses elevadas, pode ocorrer a deformação da região onde for aplicada a substância. Ela salienta que devido a isso é importante que o profissional conheça o paciente e sua atividade muscular. Cada paciente apresenta uma reação. Riscos mesmo não há, pois a dose aplicada é muito baixa. A toxina botulínica em si é nociva à saúde, mas como o uso é feito em uma dose muito pequena, perde-se a nocividade e se torna um produto aliado para fins terapêuticos. Não expõe o paciente a nenhum tipo de risco, desde que siga todos os cuidados, alerta.

 

Frequência

A dentista faz outra orientação: o uso da toxina botulínica não deve ser feito com uma frequência muito alta, pois age na contratura e na atividade muscular. Se aplicamos muita toxina vai perdendo a atividade muscular e a contratura, que são extremamente importantes. Então o profissional precisa ser muito cauteloso na hora da aplicação e definir para cada paciente um intervalo adequado e a dose ideal, detalha.

 

Medicina x Odontologia

O fim do ano passado foi marcado por certa polêmica envolvendo o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Federal de Odontologia (CFO). De um lado, médicos defendem que apenas a classe pode utilizar a toxina botulínica; do outro, dentistas alegam que têm conhecimento da anatomia facial suficiente para aplicar a substância em pacientes.

Há alguns anos houve a liberação da toxina botulínica para ser aplicada por dentistas. Tempo depois ocorreu um bloqueio e, recentemente, voltou a ser permitido o uso por profissionais da Odontologia, comenta Andressa Gomes.

O Conselho Federal de Odontologia entende que os profissionais da área estão aptos a fazer uso da toxina tanto para fins terapêuticos como estéticos, desde que não se extrapole a área anatômica de atuação do profissional da Odontologia, lembrando que o uso estético dessas substâncias deve ter como finalidade a harmonização facial em sua amplitude, diz o CFO em seu site.

A dentista rondonense enaltece que a grade horária e o currículo do dentista envolve muito a anatomia da face e a musculatura. Por isso, há muito conhecimento e a toxina é um coadjuvante em diversos tratamentos.

Entretanto, assim como qualquer procedimento, a recomendação é observar bem o profissional e avaliar se ele está capacitado para a aplicação do produto. Embora seja um processo reversível e que tem duração de poucos meses, é importante analisar se o dentista está atualizado e possui especialização. Para se ter ideia, a Academia Americana já mudou ano passado os pontos de aplicação da toxina botulínica para tratamento do bruxismo. Então o profissional que não está atualizado não tem conhecimento disso. Antigamente a aplicação ocorria em vários pontos, sendo que algumas pesquisas indicam três e as mais recentes mencionam apenas um. O profissional que não estudar, não ler a respeito e não estar preparado não terá conhecimento de tudo isso, frisa Andressa.

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