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Marechal Finanças pessoais

12,4% da população economicamente ativa de Marechal Rondon está inadimplente

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

Depois de um ano e cinco meses de instabilidade econômica gerada pela pandemia do coronavírus na maioria dos setores da economia nacional, milhões de brasileiros tiveram a renda comprometida e não estão conseguindo pagar as contas.

De acordo com a última apuração realizada pela Serasa, em maio deste ano, 62,5 milhões de brasileiros estavam inadimplentes, o que corresponde a 48% da população. O levantamento considerou a parcela das pessoas economicamente ativas, que corresponde a 128 milhões de brasileiros, cerca de 60% do total da população, que é de 213,5 milhões de habitantes, segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Números locais

Marechal Cândido Rondon fechou o mês de julho com um total de 3.990 consumidores inadimplentes, segundo dados do Serviço de Proteção de Crédito (SPC Brasil) e da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar).

Mas, para entender melhor é preciso saber quem são as pessoas consideradas aptas a utilizar o crédito, chamadas de economicamente ativas.

Segundo o último levantamento realizado em 2020 pelo IBGE, Marechal Rondon possui 53.495 habitantes. Do total da população, aproximadamente 32,1 mil cidadãos rondonenses são considerados economicamente ativos, pois utilizam crédito ou são potenciais consumidores de crédito.

Para chegar a esse número é preciso desconsiderar 20% do total da população, pois se refere à média de pessoas que possuem menos de 18 anos, logo, não possuem acesso ao crédito, conforme a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Ao mesmo tempo, é preciso eliminar outros 20% do total, ao qual são chamados de não bancarizados, somados ao grupo de cidadãos que não operam o consumo a crédito.

Ao comparar o número de inadimplentes com a população do município que utiliza o crédito ou são potenciais consumidores de crédito, o especialista em educação financeira e vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar, Eduardo Berndt, diz que 12,4% da população rondonense está inadimplente. Ou seja, a cada 100 consumidores rondonenses que tomam créditos, 12 não estão conseguindo honrar as dívidas. “Apesar de ser um número considerável ao compararmos com dados nacionais, existem regiões no país que este número supera 40% da população. Logo, concluímos ser um privilégio vivermos na região Oeste do Paraná”, destaca.

Segundo Berndt, Marechal Rondon possui hoje quase R$ 5 milhões dispostos em inadimplência dentro do comércio local. “Número que assusta ao pensar que este valor deveria estar potencializando o desenvolvimento das empresas e do comércio de nosso município”, menciona.

Especialista em educação financeira e vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar, Eduardo Berndt: “A inadimplência reflete no caixa das empresas, que perdem seu capital de giro e condições de oferecer melhores opções de consumo aos clientes” (Foto: Arquivo/OP)

 

Ticket médio

Para ele, outro fator importante é o chamado ticket médio, ou seja, o valor médio das dívidas incluídas no sistema, que é de R$ 537,98, valor consideravelmente baixo, se contraposto com o valor médio das dívidas no Brasil, que é de R$ 1.162,43. “Não são valores difíceis de negociar sua quitação. Podem ser colocados no planejamento financeiro das famílias na busca de sua resolução. Se isso não está ocorrendo se deve ao fato dos consumidores terem grande parte de sua renda comprometida”, sugere.

O vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar comenta que ao mesmo tempo que está ocorrendo um maior comprometimento da renda das famílias, também há uma baixa expectativa de aumento de renda. “O que tende a manter as famílias em um nível igual ou menor de consumo”, observa.

 

Quitação das dívidas

De acordo com o especialista em educação financeira, 46% dos consumidores que se tornam inadimplentes e que são incluídos no SPC quitam suas dívidas em até 90 dias após a inclusão. “Isso demonstra a preocupação do consumidor inadimplente em resolver o problema da dívida”, pontua.

 

Vínculo com o agro favorece

No que tange aos números nacionais, o Paraná, e mais fortemente a região Oeste do Estado, tem um número de recuperação de crédito bem maior que o nacional. “Somos privilegiados por este vínculo com o agronegócio. Com certeza este é um fator que nos desenvolve em momentos de crescimento econômico e nos mantém em momentos de crise sob um menor impacto econômico se comparado a regiões que não possuem o agronegócio como principal mobilizador da economia local”, destaca.

 

Números positivos

Em Marechal Rondon, apesar de todos os transtornos causados pela pandemia, o número de novos inadimplentes não aumentou em 2021 em relação ao ano anterior. A média mensal de novas inclusões no município até julho deste ano, segundo o SPC e a Acimacar, foi de 302 registros, ante 315 novos casos no mesmo período de 2020.

Outro ponto positivo na economia rondonense é a busca por crédito. O serviço aumentou 6% até julho deste ano, conforme dados da Acimacar.

Na opinião de Berndt, o aumento demonstra que os consumidores e as empresas compreendem a importância da tomada e do acesso ao crédito, e isso traz expectativas positivas para o restante do ano. “Para as empresas é uma forma de ampliar vendas e alcançar novos clientes. Para os consumidores, representa oportunidades de consumo, seja para necessidades ou para projetos futuros mais planejados”, enaltece.

A tomada de crédito, segundo ele, é uma via de mão dupla, pois o empresário necessita compreender o cliente e oferecer crédito justo e condições de quitação diante da dificuldade financeira, mas também exige-se o cuidado do consumidor em honrar seus compromissos financeiros. “E diante de dificuldades, buscar a empresa para negociar ou renegociar a dívida em aberto. Agindo assim, mantém-se o relacionamento e a confiança para futuras parcerias entre as partes”, salienta.

 

Maior tempo na inadimplência

Os índices preocupam quando é avaliado o número de exclusões do SPC, ou seja, grupo de pessoas que estavam inadimplentes e quitaram suas dívidas. Nesse caso, ocorreu claramente uma grave intenção negativa de quitar as contas pendentes, considerando os últimos seis meses. Somente nos últimos 60 dias a queda no número de exclusões em Marechal Rondon foi de 61%. “Isso é preocupante, e claramente demonstra uma dificuldade de quitação das dívidas atuais, sendo o comprometimento da renda o principal fator gerador destes dados”, aponta o vice-presidente de Informações Cadastrais e Proteção ao Crédito da Acimacar.

Ele afirma que sempre que ocorrem momentos de crise econômica, a primeira consequência é a maior prudência na concessão de crédito, afinal, períodos de crise apontam maior risco na venda e consequentemente maior inadimplência. “Isso não ocorreu apenas com o comércio varejista, mas com todas as instituições que oferecem crédito, de indústrias a financeiras e bancos. Havendo mais cautela na concessão ocorre uma menor tomada de crédito e menor acesso ao consumo”, ressalta.

 

DICAS PARA EVITAR A INADIMPLÊNCIA

– Busque equilibrar os gastos mensais com as receitas. Diminuiu a renda, diminua o consumo. Ampliou a renda, busque investir essa diferença e não ampliar o consumo. Investimentos e uma formação de reservas financeiras são o que trazem tranquilidade para a família. A dificuldade é deixar de consumir em prol do sacrifício em investir.

– Evite novas tomadas de crédito, quando possível. Tomadas de crédito são oportunidades de consumo. No entanto, devem ser bem planejadas.

– Se você utiliza crédito para suprir necessidades, existe ali um perigo. É preciso entender que crédito sempre se refere a valor financeiro que pertence a um terceiro e não a você. Logo, requer remuneração. Tomada de crédito sempre custa mais caro do que buscar compras à vista.

– Aquisições que podem ser adiadas devem passar pelo crivo do planejamento. Tudo o que não é necessidade (algo que preciso hoje, sem chance de adiar) deve ser planejado no fator tempo.

– Estude oportunidades de ampliar a renda familiar. Existem inúmeras formas de renda extra, mesmo que pouco, repense para ver se não existe contigo uma habilidade útil que lhe possa trazer este benefício. Se não tiver, busque desenvolver novas habilidades.

– Economia doméstica é essencial. Evite custos maximizando o uso da água e da energia, por exemplo. Isso auxilia no final do mês para que alguns reais a mais fiquem em sua mão.

– Substitua produtos tradicionais por similares. Existe uma grande lista de itens de consumo tradicional que podem ser substituídos por similares sem necessariamente perder a qualidade do item ou do consumo.

– Aproveite ofertas, buscando sempre o melhor preço. Mas antes de adquirir, distancie-se do produto e se pergunte algumas vezes: eu realmente preciso disso?

– Evite compras por impulso. Este é o tipo de consumo motivado pela emoção, que potencializa o endividamento.

– Busque aprender mais sobre finanças pessoais para fazer uma melhor gestão financeira familiar.

– É necessário falar sobre dinheiro dentro de casa. Promova reuniões familiares de discussão sobre como melhor controlar as finanças da casa, afinal, esse grupo familiar opera em conjunto. Sua conectividade buscando prioridades semelhantes é o início para o sucesso na gestão financeira.

– Se em sua casa conversas sobre dinheiro geram conflitos (e é mais comum do que se assume), este é um sintoma de que existe urgência em unir forças para retornar a um equilíbrio financeiro.

– Utilize-se do consumo consciente. Desperdício é um fator que pode evitar perdas financeiras dentro de casa que geralmente passam despercebidas.

– Concentre-se em quitar dívidas antigas, caso existam. Busque a empresa e renegocie. Faça propostas que possam ser cumpridas dentro do seu orçamento, mas não deixe de buscá-las.

– E, por fim, trabalhe hoje para no futuro desenvolver a capacidade financeira de pagar pelo consumo à vista. Existe ali o poder da barganha. Melhor preço só é possível para quem tem o dinheiro na mão.

 

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