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Marechal Entrevista ao O Presente

“A Copagril está cada vez mais forte e projetada para oferecer melhores oportunidades”, destaca Ricardo Chapla

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Ricardo Chapla: “Com o preço da soja e do milho nesse nível, se não tiver reajuste no preço das carnes vai pesar produzir suínos e aves” (Foto: O Presente)

Crescimento é palavra de ordem na diretoria da Copagril para 2021. Depois de 2020 fechar com um incremento de 43% no faturamento em relação ao ano anterior, os dirigentes da cooperativa têm metas variadas para este ano, focados não somente em manter os bons resultados, mas também, se possível, ampliá-los.

De acordo com o diretor-presidente Ricardo Chapla, os associados podem esperar uma cooperativa cada vez mais estruturada. “A Copagril está cada vez mais forte e projetada para oferecer melhores oportunidades para os associados, consequentemente para ter resultados melhores para eles e para a cooperativa como um todo”, destaca.

Em entrevista ao O Presente, ele fala sobre os projetos e metas para 2021 e dá detalhes da indústria de esmagamento de soja que pode entrar em funcionamento ainda no primeiro semestre do ano. Também faz considerações sobre a safra de verão que está prestes a ser colhida. Avalia, ainda, como os preços históricos das commodities impactam os produtores da região e refletem nos custos de produção. Confira.

 

O Presente (OP): A Copagril fechou 2020 com um incremento de 43% no faturamento em relação ao ano anterior. Como isso foi possível?

Ricardo Chapla (RC): Tem vários fatores que contribuíram para este resultado. Um deles foi que nossos associados tiveram colheitas com bom volume nas safras de verão e inverno. Outro foi a subida de preços das commodities, principalmente dos cereais. Além disso, a Copagril teve crescimento no faturamento de seus negócios, como varejo, lojas. Esses três fatores nos oportunizaram chegar ao faturamento de R$ 2,5 bilhões.

 

OP: Ultrapassar um faturamento de R$ 2,5 bilhões em 2020 foi uma marca histórica para a cooperativa. Em 2021 vai ser possível ir além desse número?

RC: Nossa projeção é um pouco menor, mas nada nos impede de repetir este faturamento ou ampliá-lo. Isso vai depender das safras de verão e de inverno e do comportamento dos preços das commodities. Há boas possibilidades porque a tendência inicial é de que os preços não devem recuar muito, mas são apenas projeções. De qualquer forma, queremos ter um crescimento em todas as nossas atividades.

 

OP: Em 2020, além dessa marca recorde, a Copagril também comemorou uma marca histórica: 50 anos de fundação. Justamente nesse ano, o mundo se deparou com uma pandemia, que afetou a economia e trouxe, de alguma maneira, impactos para todos os setores. Como a cooperativa driblou as dificuldades neste período pandêmico?

RC: Em 2019 fizemos um planejamento de como a Copagril iria comemorar os 50 anos de fundação em 2020. Tínhamos uma vasta programação, várias ações e eventos previstos para envolver quadro social, famílias dos associados, a comunidade e os parceiros de negócios. Alguma coisa conseguimos realizar, mas, infelizmente, devido à pandemia, várias programações foram canceladas. Fomos pegos de surpresa e tivemos que nos reinventar, replanejar. Foi um baque. Ficamos com medo em relação à saúde das pessoas, se fechava, não fechava. Daqui a pouco o dólar, que influencia nos negócios, desvirtuou. Quem iria imaginar que isso poderia acontecer. Nós trabalhamos muito com sugestões de analistas, então fomos pegos de surpresa e isso trouxe um impacto bastante forte. Graças a Deus conseguimos fazer nossa campanha de prêmios, a maior da história da Copagril, distribuindo em torno de R$ 400 mil. São vários fatores que nos fizeram readaptar. A maior preocupação era com a produção no campo, frango, leite e suíno, contudo, foi possível contornar e nenhum produtor foi prejudicado. Foi muito desafiador, todavia, com dedicação tudo foi superado. Chegamos ao final do ano podendo comemorar porque chegamos com saúde e com números expressivos e altamente favoráveis à cooperativa. Ficamos satisfeitos e muito felizes. Com resultados maiores, a sobra distribuída será 70% maior do que no ano passado. Complementando com o bônus do Programa de Desenvolvimento da Agricultura Familiar da Copagril (Prodaf C) 1.413 associados, em tudo o que será repassado aos associados referente a 2020, são mais de R$ 8,5 milhões, maior parte disponível a partir de segunda-feira (dia 1º). São bons resultados que a gente pode retribuir com sobra boa aos associados. Agora é trabalhar para o que temos planejado. Somos otimistas de que este ano será melhor do que o anterior.

 

OP: 2020 também foi um ano de mudanças na Copagril, especialmente com o anúncio da intercooperação com a Lar. Em um primeiro momento isso causou espanto, em especial aos associados, que até entenderem todo o processo, muitas vezes, se mostraram temerosos e críticos à iniciativa. Passados dois meses do processo, qual é o reflexo dessa parceria?

RC: Há ajustes a serem feitos. Eles (a Lar) têm um sistema, nós outro, mas isso vai se ajustando. Está havendo um entendimento muito bom dentro do que combinamos. Os associados podem ficar tranquilos porque a intercooperação vai ser muito boa para a Copagril e para o associado como um todo. Falamos isso desde o início e o tempo vai se encarregar de mostrar o que estamos falando. Estamos muito felizes, dentro do caminho que planejamos e negociamos. A intercooperação veio para proporcionar oportunidade aos nossos associados. Estávamos limitados e tínhamos muitos associados interessados, e mais interessados podem vir se somar dentro do negócio, do compromisso que temos. Assim, podemos dobrar a nossa produção, que vai ser absorvida pela nossa coirmã Lar. Essa é uma grande oportunidade e vamos ter um crescimento dentro da atividade avícola na região.

 

OP: O agronegócio vive uma fase histórica em termos de preços de commodities, com a saca da soja, por exemplo, ultrapassando a casa dos R$ 190. Que análise o senhor faz deste cenário?

RC: É difícil analisar. Nenhum especialista em mercado sabe dizer exatamente o que aconteceu, nem eu. Acho que é um fenômeno que ocorreu no mundo e desvirtuou as coisas, trazendo-as para um patamar de anormalidade. Para alguns foi bom porque ganharam muito dinheiro, para outros não por terem perdido. Para nós foi uma surpresa porque temos projeções baseadas dentro da normalidade, e algo anormal ninguém imaginava que iria acontecer. Felizmente entramos no ritmo desta realidade e agora é torcer para essa pandemia passar o quanto antes para as coisas voltarem ao normal.

 

OP: Por mais que muitos produtores da região venderam grãos antecipadamente, dessa safra que ainda irão colher, quando a saca estava na casa de R$ 80, ainda há uma grande parcela que vai vender depois de colher. Qual é o reflexo desse mercado para a nossa região? Essa parcela que vendeu a safra antecipada pode tentar rever o contrato, ajustar à atual realidade de preços da saca?

RC: Ano passado a grande maioria vendeu quando a saca estava na faixa de R$ 80. Já era um preço bom, mas depois disparou. As pessoas que não trabalham na atividade, muitas vezes, acham que o agricultor está ganhando muito, diante dos preços atuais, mas não, porque ele vendeu antecipado. Há associados que fizeram contratos futuros voltados para a exportação. Temos um volume que deve ser 1/5 (cerca de 20%) do que a cooperativa deve receber na safra normal, mas contrato vale no valor feito e não pode ser quebrado por ser amarrado até mesmo com negociações internacionais com empresas dessa atividade. Quem fez vai ter que cumprir independente do preço que a soja vai estar no dia. Negócio é negócio e os contratos devem ser honrados. Na média histórica, quem faz contrato antecipado não tem perdido ou deixado de ganhar dinheiro.

 

OP: Na sua opinião, esses preços históricos devem se manter por muito mais tempo?

RC: Depende de vários fatores. Um deles é a produção. Também dependemos do câmbio real e dólar. A tendência, segundo analistas, é de que o dólar recue, talvez no patamar de R$ 5. Se recuar e a safra da América do Sul, onde o Brasil é o líder, for boa, é uma situação. Depende também de como será o plantio dos americanos e do clima por lá. Hoje podemos dizer que o valor da soja e do milho está acima do normal e nesse nível a carne precisaria subir de preço porque senão parte da cadeia fica amarrada. Ficando nesse nível de preço a soja e o milho, vai pesar muito para produzir suínos e aves. Se não tiver um reajuste no preço das carnes pode haver dificuldades nessas atividades. Não estou afirmando que vai acontecer, mas existe essa possibilidade.

 

OP: Se de um lado o produtor de grãos ganha com os preços nas alturas, de outro perde com a alta dos insumos. Qual é o cenário da cooperativa, que fornece insumos aos associados?

RC: Insumos, no que diz respeito ao plantio das lavouras, têm subido sim, mas com o preço que estava o produtor tem boa margem. Apesar de em 2019 ter havido quebra, nos últimos cinco, seis anos, o produtor de grãos na nossa região ganhou dinheiro. Então hoje, mesmo com os insumos mais caros, ele tem uma margem boa. Colhendo, vai ganhar dinheiro. Ninguém vai perder ou deixar de ganhar com a safra.

 

OP: Como essa alta dos preços interfere na produção de leite e suínos, atividades mantidas pela Copagril?

RC: Esse nível de preços dos cereais interfere nos custos de produção, mesmo assim hoje está equilibrado. Na pecuária nossa projeção é de crescimento e queremos crescer na avicultura no mínimo 70% a 80% em três anos, construindo pelo menos mais 250 aviários na nossa região. Isso implica em renda a mais para os municípios e receita circulando na economia regional. Na suinocultura, o planejamento dos próximos anos é crescer o dobro. Vai ter muito investimento da cooperativa e dos associados. Vamos trabalhar para atingir as metas. Hoje temos 49 UPLs (unidades produtoras de leitões). Tem gente ampliando e estamos abertos a receber para produzir leitão. A Copagril quer construir duas UPLs próprias, cada uma acima de cinco mil matrizes, e com isso vamos oportunizar aos associados e futuros parceiros investimento de crechário e terminação. Na avicultura hoje temos vagas para construção de aviários; associados interessados podem nos procurar. Na piscicultura também temos vagas abertas e quem quiser produzir pode procurar a cooperativa. Fizemos uma parceria que vamos anunciar nos próximos dias. A Copagril tem uma quantia de peixe em um frigorífico de Toledo que presta serviço, mas vamos ampliar e podemos dobrar. Se tem 300 mil metros quadrados de lâmina d’água, podemos colocar mais 300 mil. Claro que precisa estar dentro das adequações para a produção. Crescemos no leite em volume e queremos continuar crescendo. Essas atividades são muito importantes e a cooperativa vai buscando alternativas para poder ampliar ou oportunizar ingresso de novos associados. Esse é o papel que a Copagril desempenha muito bem e vai continuar fazendo. Agora podemos acelerar.

Diretor-presidente da Copagril, Ricardo Chapla: “Na pecuária nossa projeção é de crescimento e queremos crescer na avicultura no mínimo 70% a 80% em três anos, construindo pelo menos mais 250 aviários. Na suinocultura, o planejamento dos próximos anos é crescer o dobro. Vai ter muito investimento da cooperativa e dos associados” (Foto: O Presente)

 

OP: Qual é a sua expectativa para a safra de verão, que está prestes a ser colhida? É possível falar em colheita recorde?

RC: Até o momento tem tudo para ser uma das melhores safras de soja na região. Podemos, sim, ter uma safra entre os maiores volumes de soja de todos os anos se o clima for favorável.

 

OP: A colheita tardia traz apreensão para a safrinha, que, ao ser plantada mais tarde, também será colhida mais tarde, podendo ser prejudicada pelas intempéries climáticas, como a geada. Diante deste cenário, como o produtor deve se comportar? Correr riscos faz parte?

RC: Devido à falta de chuva, o plantio foi mais tarde do que o produtor pretendia, mas, se for ver, não foi fora da época. Claro que quanto antes plantar o milho safrinha é melhor, porque por vezes uma semana faz diferença significativa. Devemos ter pico da colheita de soja no fim de fevereiro e início de março. Ainda assim a época de plantio de milho não será tão ruim.

 

OP: A sanidade animal é um tema bastante em voga. Qual o cenário neste sentido em nossa região? Há indícios de problemas, em especial na suinocultura? Como a Copagril encara esse desafio, de primar pela saúde e bem-estar animal ao atender seus associados?

RC: O desafio da parte sanitária é bastante grande. Trabalhamos nisso há muito tempo e temos que avançar cada vez mais, o que exige investimento do produtor e da cooperativa. Penso que avançamos bastante na nossa cooperativa e na região. A discussão do Estado se tornar área livre de aftosa sem vacinação é importante também. Queira ou não isso diminui custos para o produtor com vacinação, que também gera estresse no animal, e para nós é importante porque pode abrir mercados melhores, especialmente para a carne suína. Trabalhamos muito, temos falhas e falta estrutura na região por parte dos órgãos, como a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), o que traz deficiência. Para desenvolver um trabalho melhor, a Adapar deveria ter mais profissionais, mas isso cabe ao Poder Público, não é uma definição nossa. Contudo, temos cobrado da parte governamental. Na parte sanitária a Copagril e outras cooperativas bancam parte de construções de barreiras sanitárias nas divisas dos Estados. Muitas vezes as pessoas nem sabem, mas colocamos dinheiro para ajudar o Governo do Estado e agilizar esse processo. Cooperativas que trabalham especialmente na parte pecuária, e isso envolve todas do Oeste, têm avançado bem.

 

OP: O que os cooperados podem esperar da Copagril neste ano? Quais são as metas e os investimentos previstos para 2021?

RC: Os associados da Copagril podem esperar uma cooperativa cada vez mais estruturada. Temos feito ajustes e faremos outros mais. A Copagril está cada vez mais forte e projetada para oferecer melhores oportunidades para os associados, consequentemente para ter resultados melhores para eles e para a cooperativa como um todo. A Copagril está muito bem. Estamos bem preparados para receber a próxima safra. Estamos tirando milho do Mato Grosso do Sul para poder receber a soja e aqui nas unidades, nas próximas safras de verão vamos mexer em melhorias. Também estamos trabalhando para poder ajustar, adequar, toda a revisão da indústria de óleos comprada em leilão para podermos coloca-la em funcionamento este ano. Ela vai contribuir com o que estamos planejando em relação aos resultados finais da cooperativa. O associado pode ficar muito tranquilo, porque a Copagril está cada vez mais forte e organizada e com projeção de ter resultados melhores e, consequentemente, repassar isso aos associados.

 

OP: A indústria de esmagamento de soja, ex-Sperafico, deve entrar quando em funcionamento?

RC: A indústria de esmagamento de soja foi comprada em leilão e assumimos em setembro. Fizemos uma avaliação de equipamentos, máquinas e agora estão em execução melhorias na recepção de cereais e nos armazéns. Nos próximos dias vamos mexer também na indústria para talvez em quatro meses podermos coloca-la em funcionamento. Está tudo andando, com trâmites feitos, empresas que prestam serviços, umas já negociadas e outras em discussão. A intenção é esmagar soja em quatro meses para o que a Copagril tem para seu consumo, além de comercializar farelo e óleo ou prestar serviço para outros interessados. Talvez com cooperativas, há interessados. Isso vai agregar a nós como um todo no que desejamos nos resultados finais. Temos várias coisas sendo ajustadas, trocadas e retificadas nesta indústria que existe há anos e que, pela avaliação que fizemos, não teve a manutenção adequada.

Diretor-presidente da Copagril, Ricardo Chapla: “Fizemos uma parceria que vamos anunciar nos próximos dias. A Copagril tem uma quantia de peixe em um frigorífico de Toledo que presta serviço, mas vamos ampliar e podemos dobrar. Se tem 300 mil metros quadrados de lâmina d’água, podemos colocar mais 300 mil” (Foto: O Presente)

 

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