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Marechal Covid-19

“As próximas semanas ainda serão de muita preocupação”, diz secretária de Saúde rondonense

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Secretária de Saúde, Marciane Specht: “Ficamos em alerta pelo fato de Toledo e Cascavel serem cidades próximas, considerando, também, que temos trânsito de pacientes nesses dois municípios, no entanto, o que percebemos é que em Marechal Rondon a grande maioria das pessoas se conscientizou em relação às medidas preventivas à Covid” (Foto: Joni Lang/OP)

Apesar do crescimento do número de casos de coronavírus na região Oeste do Paraná, principalmente pelas centenas de confirmações semanais nos municípios de Toledo e Cascavel, Marechal Cândido Rondon segue com um número relativamente baixo de casos confirmados: 192 (números de quinta-feira, dia 16). “Marechal continua classificado como município de risco baixo”, menciona a secretária de Saúde, Marciane Specht, referindo-se à incidência de casos por número de habitantes.

Ela diz que as próximas semanas ainda serão de muita preocupação por conta do período de frio, que favorece o surgimento de doenças respiratórias e os vírus em si, que são mais resistentes em temperaturas mais baixas. “Estamos em vigilância constante. Sabemos que no período de frio ocorrem doenças respiratórias e que a situação da Covid pode demandar mais esforços de todos, no entanto, a Secretaria de Saúde está estruturada e preparada para prestar atendimento em todas as unidades de saúde do município”, enaltece.

Em entrevista ao O Presente, publicada na edição impressa veiculada na sexta-feira (17), a secretária falou ainda sobre a situação dos frigoríficos em Marechal Rondon e a preocupação com a ocupação de leitos na região. Também fez uma avaliação da evolução dos casos de coronavírus no município. “Sem os 103 casos positivos dos detentos da cadeia pública, teríamos apenas 89 casos confirmados”, ressalta. Confira.

 

O Presente (OP): Em muitos municípios do Oeste o número de casos e óbitos por coronavírus avançam e Marechal Rondon por enquanto tem 192 casos positivos, com poucas confirmações semanais. Considerando a proximidade com Toledo (2.565 casos confirmados) e Cascavel (4.289 casos confirmados), que são as cidades com maior número de casos confirmados por habitantes do Paraná, esperava-se que os números aqui fossem inflar também, mas isso não está ocorrendo. A que a senhora credita isso, permanecermos relativamente com poucos casos?

Marciane Specht (MS): Ficamos em alerta pelo fato de Toledo e Cascavel serem cidades próximas, considerando, também, que temos trânsito de pacientes nesses dois municípios, no entanto, o que percebemos é que em Marechal Cândido Rondon a grande maioria das pessoas se conscientizou em relação ao uso da máscara, álcool gel, lavagem da mãos e ao distanciamento social especialmente em termos de aglomerações em residências, festas e outros tipos de ações ou atitudes que poderiam ser fatores fundamentais para a propagação do vírus. Quanto ao aumento no número de casos confirmados em nosso município, isso está acontecendo de forma gradativa. Isso se dá pelo fato de lá atrás, no início da pandemia, medidas de distanciamento social ampliado terem sido tomadas e depois, com a edição de novos decretos, a manutenção do distanciamento social seletivo, ou seja, com a determinação de que grupos de riscos devem ficar em casa. São pontos importantes que fizeram com que até o momento não tenhamos uma incidência aumentada em tamanha proporção que causasse o caos no sistema de saúde.

 

OP: Qual a classificação atual do município? Segue sendo de risco baixo para casos de Covid-19?

MS: Em relação à incidência de casos para cada 100 mil habitantes, Marechal Rondon continua classificado como município de baixa incidência. Isto está pautado no boletim 11 do Ministério da Saúde, bem como no boletim do dia 15 de julho liberado pelo Cresems (Conselho Regional de Secretários Municipais de Saúde), incidência de 355 para cada 100 mil. Um fator extremamente relevante é que nossa equipe técnica, composta por médicos e enfermeiros, avalia semanalmente os riscos de positividade dos casos de Covid, sendo essa análise feita pelo aumento de casos na semana epidemiológica e pela taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e respiradores disponíveis na nossa ala Covid, pois, dependendo de como esses números evoluem, a matriz de risco pode alterar. Caso isso acontecer, automaticamente repassaremos ao COE (Centro de Operações de Emergências) e, se necessário, após deliberação deste conselho, alteraremos as medidas de distanciamento social. Vale ressaltar que hoje já adotamos medidas que são indicadas para os municípios de risco moderado, sendo uma delas a ausência de atividades escolares, tanto na rede municipal como estadual e privada, e de aulas nas universidades.

 

OP: Muitas pessoas, inclusive algumas que tiveram sintomas e se dirigiram ao sistema de saúde pública do município, estão dizendo por aí que o número de casos segue baixo porque a maioria dos rondonenses não são testados, apenas encaminhados para fazer o isolamento social de 14 dias. Isso confere?

MS: Isso não confere, não é uma informação correta, pois toda pessoa que liga ao call center do município, que possui queixas relacionadas à Covid, o próprio serviço pode fazer a notificação e o agendamento deste paciente para coleta de material conforme os protocolos estabelecidos. Se faz necessário um esclarecimento sobre protocolos alterados, de quais pessoas coletavam ou não material. Atualmente, o município está seguindo a nota técnica 01/2020, a partir da qual se tem a definição de quem pode ou não fazer a coleta do RT-PCR, e é importante frisar que no item 2, sobre critérios para aplicação dos testes RT-PCR, o cidadão usuário do SUS (Sistema Único de Saúde) que procurar espontaneamente o serviço de saúde apresentando sintomatologia para síndrome gripal poderá, a critério clínico, ser submetido ao exame de RT-PCR, lembrando que este teste é classificado como “ouro”. Outro detalhe importante a ser lembrado é que o período para coleta deste exame é do 3º ao 5º dia do início dos sintomas, podendo ser realizada no máximo até o dia 7º dia do início dos sintomas. Em relação ao período de isolamento, muitas pessoas não entendem que se faz necessário o período de isolamento para os contatos do mesmo domicílio, e quando os contactantes não evoluem para sintomas, eles não serão submetidos a testes rápidos e nem RT-PCR, pois devemos seguir as orientações da Sesa (Secretaria Estadual de Saúde).

 

OP: Estamos no inverno e, em vista disso, vivendo dias contínuos de frio, o que favorece o surgimento de doenças respiratórias e os vírus em si, que são mais resistentes em temperaturas mais baixas. Que cuidados a mais os rondonenses precisam ter neste sentido?

MS: Os cuidados devem continuar os mesmos, ou seja, a população deve seguir adotando as mesmas medidas protetivas em termos de higiene que já está fazendo em relação à prevenção da Covid. Vale lembrar também que a vacina da H1N1, antes somente à disposição dos grupos prioritários, agora está liberada para toda a população, em todas as unidades de saúde, perfazendo um total de 1,2 mil doses. Neste período de frio, sabemos que as doenças respiratórias acometem muitas pessoas, portanto, além do que é rotina no inverno, os resfriados e afins, agora ainda temos que tomar muito mais cuidados com o coronavírus. Apresentando um dos sinais e sintomas o paciente passa a ser notificado e é agendada a coleta.

 

Secretária de Saúde, Marciane Specht: “Muitas pessoas não entendem que se faz necessário o período de isolamento para os contatos do mesmo domicílio, e quando os contactantes não evoluem para sintomas, eles não serão submetidos a testes rápidos e nem ao RT-PCR, pois devemos seguir as orientações da Secretaria Estadual de Saúde” (Foto: Joni Lang/OP)

 

OP: Há muitos casos de Covid-19 registrados em frigoríficos no Paraná, inclusive em vários da região. Como está essa situação em Marechal Rondon?

MS: Através do Setor de Segurança do Trabalho, Vigilância Sanitária e Setor de Epidemiologia, a Secretaria de Saúde está em constante diálogo e monitoramento dos casos suspeitos e confirmados nas empresas de grande porte do município. A partir da solicitação, após a edição da nota conjunta número 19 do Ministério da Agricultura e do Ministério da Saúde, ocorre envio de relatório diário e semanal de casos afastados por sintomas respiratórios relacionados à Covid, evitando, dessa forma, um descontrole no monitoramento dos casos notificados. Temos dois surtos registrados em empresas, os quais estão sendo monitorados, mas de forma muito assertiva a secretaria fez contatos com estas empresas prestando orientações de como devem proceder, bem como deixando à disposição o serviço da saúde do trabalhador e o Setor de Epidemiologia. Recentemente, uma equipe da Regional de Saúde esteve no município realizando visitas e avaliando in loco o plano de contingência dos frigoríficos. Essa aproximação demostra a preocupação de todos com a saúde pública e com a pandemia.

 

OP: Na sua opinião, enquanto profissional da saúde, as medidas restritivas impostas pelo governo estadual neste último decreto (4.942), com a paralisação por 14 dias das atividades consideradas pelo Estado como não essenciais, ajudaram significativamente a mudar esse cenário de avanço de Covid no Paraná?

MS: O decreto do Estado envolvendo 141 municípios (inicialmente) foi avaliado em um contexto geral, não levou em conta a realidade local de cada município. Neste sentido, Marechal Rondon já estava classificado como município de risco baixo, e continua em risco baixo. Então, não havia necessidade de alteração de medidas para fechamento do comércio. Essa opinião se dá baseada na evolução dos casos de forma gradativa, sendo que não podemos esquecer que até o momento 103 detentos (da cadeia pública) testaram positivo. Sem esse evento, teríamos apenas 89 casos positivos.

 

OP: O fato de os leitos de UTI destinados ao tratamento de Covid na região estarem praticamente lotados em muitos momentos preocupa de alguma maneira?

MS: A ocupação de leitos de UTI sempre preocupa, pois os leitos de UTI são disponibilizados a todos os 18 municípios da Regional de Saúde, e quando essa ocupação chega em níveis muito altos, sabemos que não temos mais as referências para receber os pacientes, e a partir de então liga-se o alerta para mudança de risco versus a ameaça, que são os respiradores disponíveis para utilização.

 

OP: A senhora acredita que as próximas semanas serão de muitas dificuldades ou que conseguiremos passar por elas sem muitos transtornos?

MS: A Secretaria de Saúde monitora semanalmente todos os casos que estão positivando, bem como surtos que possam acontecer, além dos sinais, sintomas e evolução dos pacientes, e podemos afirmar de forma preliminar que a transmissão não está relacionada diretamente com as questões do comércio, pois temos a condição de monitorar os casos positivos e suas ocupações e verificar a maior ocorrência por tipo de ocupação. Também temos conhecimento sobre os sintomas mais comuns nos casos positivos no nosso município, o que demonstra que os serviços de saúde estão acompanhando todos os casos registrados e a evolução dos pacientes. Estamos em vigilância constante e eu diria que as próximas semanas serão ainda de muita preocupação por conta do frio, pois neste período ocorrem doenças respiratórias e a situação da Covid pode demandar mais esforços de todos, no entanto, a Secretaria de Saúde está estruturada e preparada para prestar atendimento em todas as unidades de saúde do município.

 

O Presente

 

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