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Marechal Feliz Dia das Mães!

Amor em dose quádrupla: família rondonense compartilha a rotina de uma casa com quadrigêmeos

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Vó Margarete e a mamãe Geila junto com os pequenos: até tirar foto vira uma missão com uma turminha dessas (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

No dia 23 de março de 2018, a rotina de uma família rondonense mudou da água para o vinho. Marco Antônio, Bruna Rafaela, João Paulo e Laura Isadora vieram ao mundo na tarde de uma sexta-feira e, desde então, tornaram a vida do casal Geila e Daniel Benetti muito mais animada.

Hoje os pequenos estão com quatro anos, andam para lá e para cá, a pé ou de bicicleta, brincam em todo lugar, desenham no papel, na parede ou onde quer que tenha espaço deixam suas obras de arte. Quando chega visita, num primeiro momento a turminha fica apreensiva e um pouquinho envergonhada, mas não demora para recomeçar com a folia.

Foi nesse clima que a família Benetti concedeu entrevista ao Jornal O Presente, contando uma história que estava em pauta desde o nascimento do quarteto e, justamente por conta do dia a dia frenético, foi compartilhada às vésperas desse Dia das Mães, com as crianças já maiores. Entremeio a conversas, brincadeiras e muito chamego dos pequenos, os papais e a vovó paterna contaram um pouco do cotidiano de uma casa onde tudo é multiplicado por quatro, tanto os afazeres quanto o carinho.

 

Gravidez de risco

Geila e Daniel estavam juntos há cerca de sete anos quando decidiram ter o primeiro filho. Ela tinha 38 anos na época e teve dificuldades para engravidar, o que fez o casal buscar ajuda profissional. A gravidez da rondonense aconteceu aos 39 anos via inseminação artificial, realizada em 02 de setembro de 2017, numa clínica na cidade de Cascavel. “Passamos pelo procedimento de inseminação e já no dia havia indícios de que seria mais do que um filho”, explica a rondonense.

Na quarta semana após a gestação, o primeiro ultrassom mostrava cinco bebês. “Quatro tinham batimentos cardíacos bem definidos e outro não. Naquele momento, a médica nos disse que não tinha certeza de quantos iriam se manter. Um deles não evoluiu”, relembra Daniel, pontuando que a descoberta da gestação quádrupla foi uma surpresa recebida com alegria e apreensão pelo casal. “Eu venho de uma família pequena e sempre quis ter uma família maior, aí ganhamos esse presente”, destaca Geila.

A gravidez é sempre um momento de muito cuidado, ainda mais quando se trata de quadrigêmeos. Nos primeiros meses, a família vivia em uma constante preocupação. “Como foi uma gestação de alto risco, tentamos não criar muitas expectativas. A obstetra disse para não prepararmos nada antes dos seis meses, mas começamos a ganhar coisas de quem ficava sabendo da história. Fomos levando, vivendo um dia após o outro”, conta Daniel.

 

Força-tarefa

Assim como diz a vovó dos pequenos, Margarete, Deus não faz milagres pela metade. A gestação durou 32 semanas e os quadrigêmeos ficaram alguns dias em unidade de terapia intensiva (UTI) para ganhar peso, uma vez que nasceram com pouco mais de um quilo cada um. “A amamentação deles precisava ser feita a cada três horas quando vieram para casa. Isso direto, 24 horas. Então, à noite, tínhamos cerca de duas horas de sono apenas”, rememora Geila.

Para fazer dar certo, Daniel e Margarete se organizavam em turnos para ajudar a mãe dos pequenos. “A gente tinha escala para ajudar a amamentar, trocar fralda e ficar cuidando deles depois de mamar, porque nos preocupávamos com o refluxo”, comenta o papai de primeira viagem.

De acordo com a vó do quarteto, a família tinha um cuidado parecido com o que foi vivenciado na pandemia. “A gente não podia receber muita visita. Até vocês do jornal entraram em contato na época para fazer entrevista, também era perto do Dia das Mães. Eles já estavam em casa, mas a gente foi protelando para fazer quando fosse mais seguro”, expõe Margarete.

 

Escola dentro de casa

Daí em diante, os irmãos foram crescendo e ganhando mais autonomia, o que não significa que o cotidiano se tornou mais calmo. “Uma época difícil foi quando eles começaram a ir ao Cmei (Centro Municipal de Educação Infantil), em 2019. Passamos por uns períodos complicados devido ao maior contato que eles passaram a ter com outros ambientes e praticamente um ficava doente a cada semana”, relembra Daniel.

Por fim, a pandemia veio no ano seguinte e mudou a rotina da família Benetti mais uma vez. “Reorganizamos toda uma estrutura para poder manter eles em casa. Era quase uma escola o que tínhamos aqui. Eu era a ‘profe’, a tata ajudava e a gente conseguia fazer as atividades que vinham do Cmei”, conta a vovó, que é professora aposentada.

 

Força-tarefa II

O dia a dia na casa dos Benetti começa cedo, por volta das 05h30. “Levo leite na cama e eles vão tomando, acordando aos pouquinhos. Enquanto isso já vamos trocando de roupa, escovando os dentes, penteando o cabelo e colocando tênis em cada um”, relata a mamãe.

Logo mais chega a vovó, por volta das 07 horas, e “assume a casa”, enquanto Geila e Daniel levam os pequenos à escola. “Quando eles estão na escola de manhã e os pais deles no trabalho, eu e a tata damos uma geral na casa, fazemos almoço, lavamos roupa, vamos no mercado ou encaminhamos outros afazeres. À tarde, quando os pequenos estão em casa, a programação é outra”, detalha Margarete.

A vovó tem um amplo repertório de brincadeiras para entreter os quadrigêmeos durante a tarde. “Fazemos circuitos de subir, descer, escorregar e com a bola. Andamos de bicicleta ou a pé e até temos algumas vovós na vizinhança que sempre visitamos. Eles gostam de brincar de massinha e passear nos parquinhos, mas aí tem que negociar. Quando menores, eles tiravam uma soneca à tarde, agora têm uma hora de televisão”, expõe.

Assim como muitos ambientes da casa e o quintal foram adaptados para os pequenos, a sala foi revestida com piso tatame para mais conforto aos quadrigêmeos (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Vezes quatro

O quarteto costumava gerar curiosidade quando andava num carrinho de madeira feito pelo vovô pelas ruas rondonenses, esbanjando graça junto aos pais. No auge dos quatro anos, o carrinho ainda funciona, mas foi aposentado porque os quadrigêmeos ficaram maiores, preferindo as bicicletas. “Saímos poucas vezes, mais para ir ao médico, à escola e à igreja”, diz Geila, acrescentando que, aos domingos, o programa mais esperado é a visita ao sítio dos vovôs.

Dentro de casa, as coisas também foram sendo adaptadas. “No início cada um tinha a sua caminha, que o vovô fez, e depois fomos emendando pedaços. Mais tarde, percebemos que eles gostavam de ter uma convivência diferente. Agora eles dormem em dois colchões de casal apoiados em um estrado de madeira, com proteção e divisões. O inverno as vezes é complicado, damos assistência para ver se eles estão cobertos ou até dormimos junto com eles, quando necessário. Tem espaço para todo mundo”, enaltece o pai.

Além das adaptações na casa, que teve o pátio transformado em parque de diversões, com carrinho e escorregador, o automóvel da família também precisou ser trocado. “O carro tem que ser diferente para caber todo mundo e também acomodar as bagagens. Nós tivemos que comprar outro e a sogra nos ajudou, porque para ir à escola e se deslocar era complicado. Às vezes tinha que fazer duas viagens para levar”, relata Geila, pontuando que mesmo depois do nascimento dos quadrigêmeos o casal não parou de trabalhar, ela como professora e ele como engenheiro civil. “Precisa, porque os gastos são elevados. A gente recebeu e ainda recebe doação de roupas, o que ajuda, porque já é algo que não precisamos comprar”, comentam.

 

O quarteto

Gêmeos não idênticos, ou seja, cada um gerado em um óvulo, Marco, Bruna, João e Laura não se parecem fisicamente e, conforme os genitores, “ninguém ‘puxou’ ao pai ou a mãe: foi um mix”. “Se alguém brigar com os manos, cuidado que o João já aparece como defensor. A Bruna demonstra um cuidado médico, é muito delicada, enquanto a Laura tem um dom com a harmonia das coisas, bem-organizada. Já o Marco é o companheiro do papai no terceiro turno”, menciona a vó das crianças.

Entre brigas por brinquedo ou para escolher o desenho, Margarete destaca que cada um é dono de uma personalidade forte. “Querem ser os primeiros, mas isso faz parte do convívio. Ao mesmo tempo, são carinhosos com todo mundo e companheiros entre eles. Cada um vai seguir um rumo da vida futuramente, mas penso que vão permanecer juntos. Vejo eles próximos, mantendo contato e cultivando essa união, um sendo a força do outro”, enaltece.

Laura Isadora, João Paulo, Marco Antônio e Bruna Rafaela Benetti: quadrigêmeos estudam juntos na Escola Bento Munhoz da Rocha Neto (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Preocupação com o futuro

Educar um filho nunca é uma tarefa fácil e a família Benetti tem esse fator multiplicado por quatro. “Sempre tentamos guiá-los pelo bom caminho. Costumamos colocar o que está certo e errado, corrigindo erros. Realmente, não é fácil e é algo que nunca acaba”, aponta Geila.

Daniel, por sua vez, diz que a religião é um grande norte na missão de educar os filhos. “Ela dá os princípios para você seguir. O cristianismo tem mais de dois mil anos de existência, o que é uma vasta experiência e te dá um norte de como criar os filhos”, frisa. A família frequenta a Paróquia Sagrado Coração de Jesus – matriz católica, no centro de Marechal Rondon.

Mesmo com desafios e responsabilidades que nunca acabam, o casal ressalta que os quadrigêmeos são um presente de Deus. “Exige mais, sim. Apesar disso, faríamos tudo de novo. O carinho também vem em dose quadruplicada. Eles chegam pedindo um abraço e você larga tudo o que está fazendo para abraçar”, enfatizam os pais, que resolveram deixar a família no “tamanho atual”. Eles não pretendem ter mais filhos.

 

Sem receita para ser mãe

Geila afirma que tudo na maternidade é bastante idealizado e repleto de expectativas, que nem sempre se concretizam. “Você tem medo de errar e, às vezes, acha que corrigindo os filhos não está sendo boa mãe e tudo o mais, mas vamos aprendendo com os próprios erros. Ser mãe é maravilhoso e ninguém nasce sabendo”, frisa ela, endossada pela sogra: “Ser mãe é algo que só quem é entende o sentimento”.

A mamãe dos quadrigêmeos reforça que ninguém vem com manual de instrução e, no caso dela, são quatro receitas diferentes sendo feitas ao mesmo tempo. “A teoria e a prática da criação dos filhos são muito diferentes”, salienta Daniel, e Geila acrescenta: “Tem coisas que enquanto não era mãe eu não entendia. Passei a entender muitas atitudes que minha mãe teve comigo apenas quando eu tive os meus filhos”.

Daniel Benetti e Geila com os bebês, que nasceram no dia 23 de março de 2018. Eles são gêmeos não idênticos, ou seja, cada um foi gerado em um óvulo (Foto: Divulgação)

 

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