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Marechal Única saída

Com déficit de R$ 70 mil, Apae promove rifa com carro da entidade

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Enfrentando doações em queda há anos, sem bazares da Receita Federal e sem verbas de eventos beneficentes, entidade rondonense sorteia próprio veículo em rifa para angariar recursos (Foto: Arquivo/Op)

Não é de hoje que a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Marechal Cândido Rondon enfrenta dificuldades financeiras. O presidente da entidade, Roberto Thomé, diz que o cenário, que já não era fácil, piorou ainda mais em decorrência da pandemia, e que a instituição corre o risco de fechar as portas.

De acordo com ele, no início de ano a situação financeira já se mostrava instável, mas que com muito trabalho foi possível chegar em novembro com as atividades funcionando. “Temos dinheiro para cobrir esse mês e já pagamos a folha, mas para fechar o ano no zero a zero, com cobertura de décimo terceiro, férias de todos os funcionários, precisamos de R$ 70 mil”, expôs Thomé ao O Presente, acrescentando: “Nosso déficit já esteve maior, conseguimos amenizar, mas ele persiste. Mensalmente, a diferença fica em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil, dependendo das doações extras que recebemos”.

Atualmente, a Apae envia atividades impressas aos alunos, conforme orientação da Federação da Apaes, e realiza os atendimentos de saúde presencialmente, ainda que em menor quantidade devido à falta de transporte escolar. “A escola atende atualmente 104 alunos, sendo 82 de Marechal Rondon e 22 dos municípios ao redor, Quatro Pontes, Nova Santa Rosa, Pato Bragado e Entre Rios do Oeste”, informa o presidente.

Presidente da Apae de Marechal Rondon, Roberto Thomé: “A única maneira de escaparmos dessa dívida do final do ano é sorteando um veículo. Nossa meta é vender todos os números, cobrir os R$ 70 mil e ficar com R$ 30 mil em caixa para o começo de ano” (Foto: O Presente)

 

CONTA NÃO FECHA

Os recursos para manutenção da Apae são repassados a partir de convênios com os municípios, que recebem recursos para serem utilizados na educação especial, provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Os convênios não cobrem os valores que precisamos pagar efetivamente na folha de pagamento da entidade. A Apae tem 28 colaboradores, cinco da área de saúde. O SUS (Sistema Único de Saúde), por exemplo, repassa somente o valor do salário e a associação precisa pagar o décimo terceiro, férias, fundo de garantia e outros encargos trabalhistas”, menciona Thomé.

Segundo ele, a Apae rondonense não gasta mais do que recebe. “O que acontece é que os valores recebidos não cobrem os custos fixos. As pessoas se questionam, às vezes, sobre como o dinheiro é gasto na entidade, se há esbanjamento, mas a Apae é auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O que acontece é que as receitas não cobrem as despesas”, frisa.

Como exemplo, Thomé cita autorizações referentes a materiais de expediente, com pedido de “x” quantidade necessária para a Apae, mas que é negada pela Secretaria de Estado de Educação (SEED). “Precisamos comprar o que foi negado pelo órgão com outros recursos senão aqueles. Isso vai gerando deficiências financeiras e distorcendo valores”, lamenta.

 

BAIXA NAS CONTRIBUIÇÕES

O presidente comenta que o último bazar da Apae com itens doados pela Receita Federal aconteceu há seis anos. “Essas vendas geravam uma renda extra que cobria os custos por dois anos aproximadamente, mas não tivemos mais essa oportunidade”, pontua.

Além disso, emenda ele, a entidade registrou queda de mais de 50% no volume de doadores, que atingiu seu ápice há alguns anos com 300 mensalistas e hoje conta com 140 pessoas físicas ou jurídicas que ajudam mensalmente. “Aqueles que continuaram como mensalistas muitas vezes reduziram o valor repassado”, salienta.

Outra fonte de recursos que cessou para Apae, conforme Thomé, são os eventos promovidos por entidades, que doavam parte dos lucros para a instituição. “Muitas comunidades realizavam jantares, almoços e outras promoções e destinavam o recurso arrecadado para a Apae. Hoje, com a pandemia, não pode haver aglomerações e muitos eventos não aconteceram”, ressalta.

 

RIFA BENEFICENTE

Na terça-feira (05), a diretoria da Apae se reuniu a fim de encontrar meios para angariar recursos e conseguir manter o funcionamento da entidade. “Precisamos buscar caminhos para terminar o ano com os R$ 70 mil necessários para cobrir o déficit. Então, decidimos fazer uma rifa com dois mil números a R$ 50 cada, concorrendo ao carro da Apae”, conta.

Segundo o presidente, em conversas com os colaboradores, percebeu-se que um dos carros da instituição não é tão necessário no momento e representa uma chance de a Apae superar mais um ano trabalhando no vermelho. “Temos dois veículos, um Saveiro e um Logan 2015, que usamos pouco, então vamos sortear o Logan. É a única maneira de escaparmos dessa dívida do final do ano. Nossa meta é vender todos os números, cobrir os R$ 70 mil e ficar com R$ 30 mil em caixa para o começo de ano”.

Os números, adianta ele, serão comercializados a partir de segunda-feira (09). “O sorteio acontece no último dia da Loteria Federal deste ano”, informa.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS MUNICÍPIOS

À frente da Apae no triênio 2020/2022, Thomé diz que logo após as eleições municipais a entidade tentará negociar com os futuros chefes do Poder Executivo dos municípios atendidos, eleitos para assumir em 1º de janeiro. “Estamos levantando todo esse furo de caixa que temos e vamos procurar os prefeitos eleitos para expor a nossa necessidade. Temos em caixa cerca de meio milhão de reais, mas não podemos usar no que realmente precisamos. São verbas destinadas a reformas, veículos entre outros fins, que não precisam ser necessariamente gastos e são devolvidos”, relata.

O presidente defende um papel mais ativo por parte dos municípios atendidos pela Apae. “Queremos dialogar com os prefeitos eleitos e mostrar o quanto precisamos de recursos livres para poder usar na folha de pagamento. O convênio que assinamos com as prefeituras permite o repasse de valores recebidos do governo federal, estadual e de programas em que a Apae está inscrita. O que acontece é que poucas prefeituras colocam efetivamente a mão no bolso, apenas repassam o que recebem, e queremos mudar isso”, enfatiza.

 

CHANCES DE FECHAR

Caso a situação financeira não melhorar, Thomé reconhece que há chances da Apae fechar as portas. “Para que isso não aconteça é preciso cobrir esse furo mensal. É igual ter uma empresa e fechar no prejuízo todo mês, chega um momento em que não há mais saída”, compara. “Neste ano, a alternativa é leiloar o carro, mas e no ano que vem?”, questiona, emendando: “Não podemos ficar todo mês desesperados atrás de dinheiro e doações. A diretoria da escola hoje em dia se atenta mais em cobrir os gastos mensais do que na própria escola. Precisamos de tranquilidade para a Apae”, externa.

 

COMO AJUDAR

O presidente destaca que uma das maneiras mais simples de contribuir com a Apae é através da doação veiculada à conta de água do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). “Se mil famílias se mobilizassem e doassem R$ 5 iria suprir 20% do nosso déficit”, exemplifica.

Para contribuir dessa maneira, bem como para se tornar mensalista, basta entrar em contato com a Apae pelas redes sociais Facebook e Instagram ou pelos telefones (45) 99860-2105 (WhatsApp) e 3284-1218, bem como se dirigir à Activa Corretora de Imóveis.

Outras doações podem ser creditadas diretamente nas contas-correntes da Apae, cujo CNPJ é 76.290.287/0001-01. No Banco do Brasil, agência 0859-1, a conta corrente é 14984-5 e no Sicredi, agência 0715, a conta corrente é 43900-2.

 

BAZAR DE USADOS SEGUE ACONTECENDO HOJE

Nesta segunda-feira (09), das 08 horas às 16h30, a Associação de Pais e Amigos do Excepcionais (Apae) de Marechal Cândido Rondon segue com seu tradicional Bazar de Usados, inciado no sábado (07). Estarão disponíveis para venda eletrodomésticos, móveis, roupas, calçados e utensílios domésticos, com peças a partir de R$ 0,50.

O bazar acontece na quadra de esportes da Apae, localizada na Rua Sergipe, 391. Seguindo as orientações previstas em decreto municipal, a entrada será controlada para que apenas 20 pessoas adentrem ao ambiente simultaneamente; o uso de máscaras será obrigatório.

 

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