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Marechal Desaquecimento

Construção civil desacelera em Marechal Rondon

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

A exemplo do setor imobiliário, que durante a pandemia, principalmente em 2020, apresentou um crescimento surpreendente, a construção civil enfrenta atualmente um momento diferente do ocorrido anteriormente, com sinais de estagnação em relação a novos empreendimentos em Marechal Cândido Rondon e microrregião.

O segmento da construção civil começou um processo de desaceleração no ano passado, devido, sobretudo, ao aumento das taxas de juros, outrora reduzidas.

Segundo um levantamento realizado pelo comparador MelhorTaxa, a média das taxas de juros cobradas por bancos na modalidade de crédito imobiliário que há um ano era de 6,96%, passou para 9,33%.

Outro fator que tem impacto direto no custo do financiamento imobiliário é a taxa Selic, que subiu de 2% ao ano em março de 2021, mínima histórica, para os atuais 10,75%.

Na época, mesmo com a alta dos preços de insumos, especialmente cimento e ferro, pessoas não impactadas pela pandemia viram a oportunidade de investir em imóveis. No entanto, agora a situação é outra e um fator que contribuiu bastante para essa desaceleração do setor na microrregião rondonense foi a última frustração de safra, pois, apesar da região ter se industrializado bastante nos últimos anos, ainda é muito dependente do agronegócio.

“E isso ajudou no desaquecimento, porém, não de forma muito considerável”, avalia Pedro Haag, proprietário da Construtora Meta.

Segundo ele, juro caro, aliado à escassez hídrica e ao aumento do preço de alguns insumos do setor, inibiu e adiou novos lançamentos imobiliários. “O aumento das taxas de juros é um fator negativo, pois as parcelas dos financiamentos ficaram mais elevadas e alguns investidores nesse cenário preferem deixar seu dinheiro rendendo no banco”, ressalta o empresário.

Mercado aquecido

Conforme o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná Oeste (Sinduscon), Ricardo Lora, o mercado continua aquecido e o movimento de desaceleração do setor é cíclico. “Se pegarmos o histórico de 20, 30 anos atrás, veremos que o mercado da construção civil sempre se comportou assim”, frisa.

De acordo com ele, quando as taxas de juros estavam baixas todos os recursos que estavam aplicados em outros investimentos não eram tão rentáveis frente à construção civil. “Em vez de deixar o dinheiro no banco, muitas pessoas compraram imóveis porque valia muito mais a pena”, menciona.

O mercado da construção civil, afirma Lora, é uma das formas mais seguras de investimento. “Não existe redução de preço de imóveis. Isso nunca aconteceu na história. Eles sempre irão valorizar, diferente de outros investimentos”, compara.

Os imóveis prontos precisam ser comercializados para que novos empreendimentos saiam do papel, enaltece o presidente do Sinduscon. “É normal a redução dos lançamentos e esse movimento das construtoras segurarem um pouco porque têm muito estoque”, aponta.

Otimismo

Para o analista financeiro Juliano Cesar Correa, da empresa Cataratas Empreendimentos, o ritmo da construção civil na região continua acelerado, pois existem muitas obras em andamento que precisam ser finalizadas. “Percebe-se que, comparado ao mesmo período de 2021, tivemos uma leve retração no início de novas obras”, expõe.

Segundo ele, a procura por imóveis ainda está alta, tanto para moradia ou para investimento. “Reflexo disso está na quantidade de novos empreendimentos em nosso município”, destaca.

De acordo com Correa, a expectativa para este ano é grande. “O mercado apresentou um aumento na oferta de terrenos e o setor se mostra otimista, principalmente quando se fala na compra de imóveis para investimentos”, enaltece.

Guerra na Ucrânia

O conflito na Ucrânia preocupa o mundo não somente em virtude das vidas que estão sendo perdidas, mas também pelas consequências que a guerra poderá trazer para diversos setores da economia brasileira e mundial.

O empresário da construção civil Pedro Haag acredita que a guerra influenciará o setor da construção civil na região por conta do aumento da inflação e da instabilidade mundial. “Isso pode acontecer caso essa situação se estenda, mas no momento é difícil saber o quanto será afetado”, pontua.

Ele acredita que o setor deverá continuar desacelerando no primeiro semestre. “Acredito numa recuperação no segundo semestre em razão do enfraquecimento da pandemia e de um possível fim da guerra, que dará mais confiança para investidores”, prevê.

Reflexos nos preços

O arquiteto Ricardo Leites de Oliveira também acredita que o conflito no Leste europeu refletirá no preço de alguns produtos da construção civil que são cotados em dólar. “Um exemplo é o PVC, que é feito de polímeros e alguns desses produtos vêm desses países que estão em guerra”, comenta.

Ele ressalta ainda a falta de insumos por conta da pandemia, pois algumas fábricas não conseguiram estabilizar a produção como era em 2019. “A falta desses produtos interferem no setor, fazendo com que os preços aumentem”, menciona.

O provável aumento do preço do petróleo devido à guerra na Europa também é observado por Oliveira. “Se os combustíveis aumentarem haverá reflexo no transporte das mercadorias para a construção civil”, salienta.
O arquiteto acredita que o setor não terá crescimento significativo no primeiro semestre do ano. “Vamos torcer para que no segundo semestre consigamos uma boa safra em nossa região e que essa guerra chegue ao fim o mais rápido possível”, enfatiza.

Empresário Pedro Haag: “Acredito numa recuperação no segundo semestre em razão do enfraquecimento da pandemia e de um possível fim da guerra, que dará mais confiança para investidores” (Foto: Arquivo/OP)

 

Presidente do Sinduscon, Ricardo Lora: “Essa desaceleração é algo natural. O mercado continua aquecido e esse ciclo se repetirá outras vezes, dependendo sempre das taxas de juros. Assim que ela baixar, o negócio começa a estabilizar novamente” (Foto: Divulgação)

 

Arquiteto Ricardo Leites de Oliveira: “A nossa população é muito segura na questão de gastar dinheiro, e muitas pessoas que talvez fossem construir nesse período, resolveram esperar” (Foto: Arquivo/OP)

 

Analista financeiro da Cataratas Empreendimentos, Juliano Cesar Correa: “O setor se mostra otimista para 2022, principalmente quando se fala na compra de imóveis para investimentos” (Foto: Arquivo/OP)

 

Apesar do momento de retração, inúmeras obras em andamento em Marechal Rondon sinalizam de forma positiva a expectativa do setor da construção civil (Foto: Sandro Mesquita/OP)

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