Fale com a gente

Marechal Que tal aprender alemão?

Curso do Centro de Línguas da Unioeste de Marechal Rondon ultrapassa fronteiras e atende comunidade internacional

Publicado

em

Rachel Albuquerque optou pelo CeLing de Marechal Rondon após experiência em curso intensivo de alemão no país europeu: “Estou muito feliz com o meu progresso” (Foto: Divulgação)

A arquitetura, as festas, os costumes e a ascendência dos moradores de Marechal Cândido Rondon entregam as inspirações do município, que tem na cultura raízes e traços da Alemanha. E não só isso, há uma ligação muito forte com a língua germânica, bastante cultuada especialmente no período da pré e pós-colonização da cidade.

Diante de tal característica, e a fim de manter vivo o “alemão”, desde 2019 o Centro de Línguas (CeLing) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) oferta o curso do idioma germânico para a comunidade.

Os cursos do CeLing de Marechal Rondon atendem um público bastante heterogêneo, que vai desde discentes de graduação e pós-graduação, docentes, agentes universitários a cidadãos em geral. As aulas de alemão, em especial, possuem cursantes da Alemanha, que participam através de atividades remotas.

Conforme a coordenadora-geral do Centro, Elisângela Redel, a demanda pelas aulas tem crescido exponencialmente. Segundo ela, aproximadamente 200 alunos já passaram pelo curso de alemão do CeLing. “Neste segundo semestre de 2021, contamos com cerca de 60 alunos provenientes de diferentes regiões brasileiras e também da Alemanha. Temos em torno de oito brasileiros que residem em Berlim e fazem as aulas de alemão conosco, na modalidade on-line, o que mostra o potencial do idioma para a internacionalização não só da Unioeste, como da própria cidade de Marechal Rondon”, enfatiza ao O Presente.

 

Legado linguístico

A criação do curso de alemão foi pautada em três aspectos, de acordo com a coordenadora. “No âmbito das políticas de gestão do multilinguismo, Marechal Rondon apresenta um marcante legado linguístico e cultural de sua colonização alemã, mas não possuía grandes iniciativas voltadas ao ensino da língua alemã e à valorização/manutenção das práticas linguísticas locais. Em vista disso, o Centro traz impactos positivos, ao passo em que fomenta o ensino de alemão na região, oportunizando acesso ao ensino-aprendizagem do idioma”, expõe Elisângela.

Tendo em vista que a Alemanha se destaca como uma das maiores potências econômicas e tecnológicas do mundo, o CeLing, afirma a professora, também proporciona oportunidades de desenvolvimento. “E se Marechal Rondon pudesse atrair multinacionais alemãs para a nossa região?”, questiona, pontuando que “o projeto possibilitou, além da abertura de estágios e pesquisas aos discentes do curso de Letras/Alemão, vagas de trabalho para docentes de língua alemã”.

Ela menciona ainda, como último pilar que motivou a oferta do curso, a “internacionalização e a visibilidade institucional”, considerando que, nas palavras da coordenadora, o CeLing é um incentivador à produção, à propagação e à socialização do conhecimento em línguas estrangeiras. “A atividade confere visibilidade à instituição e abre espaço para criação de parcerias institucionais e internacionais”, enaltece.

 

Oportunidades no exterior

Pensando além de Marechal Rondon, Elisângela diz que cerca de 91 mil pessoas aprendem alemão como língua estrangeira no Brasil, um índice crescente que se transforma em investimentos. “A Alemanha tem investido 7,5 milhões de euros por ano e da América Latina o Brasil é o país que mais recebe recursos para o ensino de alemão, em contraposição à carência de iniciativas do governo brasileiro”, compara.

O diálogo entre as nações propicia, de acordo com a docente, experiências no exterior. “Não devem ser ignoradas as vantagens que a língua alemã oferece, dadas as bolsas de estudos que o país alemão coloca à disposição. Foi através destas bolsas que, por exemplo, muitos alunos do curso de Letras/Alemão da Unioeste puderam ir para a Alemanha aprofundar seus estudos”, elogia.

 

Entre 18 e 35 anos

Grande parte dos estudantes do curso de alemão tem entre 18 e 35 anos e estudam por diferentes objetivos. “Eles buscam aprender o idioma para fins acadêmicos, de intercâmbio e, principalmente, profissionais. A manutenção do idioma por descendentes de imigrantes alemães também é uma das motivações, porque sabem do valor e da importância de saber outra língua”, ressalta, informando que, independente da proficiência linguística, qualquer interessado pode frequentar o CeLing.

Os cursos são semestrais, com duas horas/aula semanais. “A taxa semestral é de R$ 275, podendo ser parcelada em dez vezes. Também há a opção de aulas VIP, com valores diferenciados. As matrículas para o primeiro semestre de 2022, juntamente com todas as informações específicas das turmas e horários, estarão disponíveis a partir de dezembro”, explica Elisângela.

O CeLing está nas redes sociais como @centrodelinguasmcr e disponível no WhatsApp pelo (45) 9828-0359.

Coordenadora-geral do Centro de Línguas da Unioeste de Marechal Rondon, Elisângela Redel: “O CeLing tem sido muito bem aceito em todos os seus âmbitos de atuação e a demanda pelos cursos aumenta a cada ano” (Foto: Divulgação)

 

Após pandemia, CeLing consolida atuação presencial e on-line

Além do curso de alemão, o CeLing oferece cursos de espanhol, inglês, francês, italiano e português para imigrantes, valorizando a pluralidade linguística local. “Pretende-se mostrar a importância que as línguas têm para a sociedade hoje tão globalizada e interconectada, para nossa inserção, participação e interação ativa dentro dela, para a democratização e garantia do acesso ao conhecimento, para a criação de condições sociais e culturais mais igualitárias”, frisa a coordenadora-geral.

O Centro conta com uma equipe de seis professores, além da coordenação. “O CeLing tem sido muito bem aceito em todos os seus âmbitos de atuação e a demanda pelos cursos aumenta a cada ano”, enaltece Elisângela, mencionando que até antes da pandemia os cursos eram ministrados apenas presencialmente e agora, por meio da modalidade on-line, barreiras geográficas foram vencidas. “Recebemos alunos de diferentes cidades brasileiras, como Curitiba e Salvador, por exemplo”, detalha.

 

Perspectiva de atuação

Diante do sucesso de abrangência, Elisângela adianta que o Centro deve consolidar seu atendimento presencial e on-line. “Em 2022, retornaremos às atividades presenciais, no entanto, ampliaremos nossa perspectiva de atuação, mantendo as duas modalidades de ensino para todos os cursos.  É importante estarmos em compasso com os avanços do mundo globalizado e de suas vantagens, principalmente no que diz respeito à flexibilidade de tempo, espaço, custos e alcance de público”, explica.

 

De Marechal Rondon para a Europa

A relação entre o CeLing de Marechal Rondon e os estudantes brasileiros na Alemanha começou a partir de experiências próprias de Elisângela, quando fazia doutorado sanduíche na Europa. “Conheci uma brasileira que também realizava lá o seu doutorado. Depois de tê-lo concluído, ela passou a morar definitivamente em Berlim e me procurou para ter ajuda com aulas de alemão. A partir disso, vi a oportunidade de atendê-la por meio do CeLing e assim nossa rede de contatos com brasileiros residentes na Alemanha tem aumentado gradativamente. Os próprios alunos passam a indicar o CeLing para outros colegas e conhecidos na Alemanha, Áustria, Lichtenstein, Suíça, entre outras localidades”, conta.

Fernanda Fonseca, 33 anos, é uma das estudantes do CeLing que residem em Berlim, capital da Alemanha. Natural de São Paulo, ela e o marido moram lá há três anos. “Quando chegamos não sabíamos falar nem ‘oi’ em alemão”, relembra ela, que tentou estudar sozinha, mas logo sentiu necessidade de ajuda.

Por meio de aulas particulares no CeLing, Fernanda diz ter sentido uma grande evolução no seu desempenho. “Apesar de ser um idioma difícil, principalmente por conta das regras gramaticais, o fato de eu saber falar outras línguas, como o inglês e o espanhol, me ajuda no processo de aprendizado. Uma das vantagens em aprender alemão com uma professora brasileira é entender as regras comparando com as do português”, frisa.

Brasileira residente em Berlim, Fernanda Fonseca enaltece o curso de alemão do CeLing: “Uma das vantagens em aprender alemão com uma professora brasileira é entender as regras comparando com as do português” (Foto: Divulgação)

 

Exposição à língua

Gaúcha de Pelotas, Elisa Junges mora desde 2018 na Alemanha, quando foi cursar um mestrado em Jornalismo. Superando aos poucos a vergonha de falar alemão e vergonha de cometer erros ou apresentar um vocabulário restrito, ela entende a prática como principal aliada no aprendizado. “Eu terminei o B2, um nível intermediário, mas claro que o domínio é diferente de acordo com as competências. Entendo melhor do que falo, mas estar inserida no grupo do CeLing me deu mais confiança para conversar em alemão, porque usamos boa parte do tempo da aula para praticar. Agora consigo me virar sozinha e resolvo quase todas as situações que aparecem, até mesmo as burocráticas”, conta, animada.

Apesar de morar na Alemanha, Elisa considera a exposição ao inglês e ao espanhol mais natural do que a exposição à língua alemã. “Trabalho em inglês, moro com pessoas que falam inglês e meu círculo de amizades é internacional. Então, não uso o alemão com muita frequência no dia a dia. Aprender uma língua pode ser um processo bastante frustrante e demorado, porque é fácil perder a motivação quando não evoluímos como gostaríamos”, pontua.

“Estar inserida no grupo do CeLing me deu mais confiança para conversar em alemão, porque usamos boa parte do tempo da aula para praticar”, conta Elisa Junges, que reside na Alemanha desde 2018 (Foto: Divulgação)

 

Paralelo com o português

Assim como Elisa, Rachel Albuquerque também valoriza as “pontes” que o CeLing cria entre o alemão e o português, característica que facilita o entendimento. Com 30 anos e passagens pela Alemanha desde 2017, a brasileira até fez um intensivo em alemão no território europeu, porém sentia falta desse paralelo. “Uma professora brasileira me ajuda muito, tanto para tirar algumas dúvidas de conteúdos passados que ficaram, quanto para progredir nos níveis mais avançados”, considera ela, que aderiu ao curso on-line do CeLing.

Entrando no país sem grandes conhecimentos na língua, Rachel diz que por diversas vezes “fugiu” da comunicação e passou momentos de nervosismo quando precisava falar ao telefone. Contudo, as coisas mudaram para a estudante. “Agora, consigo agendar compromissos por ligação, resolver assuntos em repartições públicas, conversar com vizinhos do prédio, pedir ajuda em lojas e assim por diante. Estou muito feliz com o meu progresso”, evidencia.

Rachel Albuquerque optou pelo CeLing de Marechal Rondon após experiência em curso intensivo de alemão no país europeu: “Estou muito feliz com o meu progresso” (Foto: Divulgação)

 

O Presente

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente