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Marechal “Meninos da Rua XV”

Espetáculo dirigido por rondonense vence Troféu Gralha Azul

Kenni Rogers apaixonou-se pelas artes quando ainda vivia em Marechal Rondon, onde teve seu primeiro contato com o teatro

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(Foto: Arquivo pessoal)

Dos grupos de teatro de Marechal Cândido Rondon, lá nos anos 90, até o destaque do Troféu Gralha Azul, respondendo pela direção do espetáculo “Meninos da Rua XV”, da Trupe Periferia. Essa é a trajetória do rondonense Kenni Rogers, que teve seu trabalho reconhecido na categoria “espetáculo online” da maior premiação do teatro paranaense.

“Ficamos muito felizes, porque é um prêmio em nível estadual. Ver a periferia ali, recebendo o prêmio, consagra cada vez mais a arte como um trabalho de transformação social e de vivências no palco”, declara Kenni ao O Presente.

A conquista do rondonense veio em um momento especial: dez anos após a primeira indicação dele ao prêmio, na categoria “melhor ator”. Na época, ele ficou entre os finalistas, estando no seu primeiro registro profissional como artista.

Na 40ª edição, o prêmio é realizado pelo Governo do Estado do Paraná e pelo Centro Cultural Guaíra, envolvendo centenas de inscritos. Além dos destaques de 2023, o Troféu Gralha Azul premiou neste ano os melhores espetáculos online, visto que a pandemia impediu a realização do prêmio nos últimos anos.

Meninos da Rua XV

Em “Meninos da Rua XV”, a Trupe Periferia apresenta as histórias por trás das pessoas em situação de rua, especialmente crianças e adolescentes. No enredo, o público acompanha um menino que, para aplacar a solidão da vivência nas ruas, cria uma amiga imaginária. “Em cada cena há interfaces do que leva essas pessoas a estar em situação de rua, bem como as vulnerabilidades que elas passam, como violência, depressão, abusos e outros”, detalha o diretor.

No final, há uma homenagem ao ”Menino E”, um jovem curitibano que vivia em situação de vulnerabilidade e, entremeio às dificuldades da marginalidade, se suicidou. “É uma homenagem a ele para, através da arte, entender que temos um olhar preconceituoso diante das diversidades. ‘Meninos da Rua XV’ é uma tentativa de diálogo para pensar essas histórias. Tentativa, porque a realidade é muito cruel e não conseguimos nos colocar na vida do outro, tanto no amor quanto na dor”, pontua Kenni.

O nome do espetáculo faz referência à Rua XV, de Curitiba, uma rua comercial no centro da Capital que reúne pessoas em situação de rua. Além disso, artistas e obra têm suas histórias “entrelaçadas” através da arte. “A Trupe Periferia tem jovens que viviam em situação de acolhimento e outros que vivem em comunidades de Curitiba e região metropolitana. Eles enfrentam diversas realidades vivenciadas por pessoas à margem da sociedade, tal qual os personagens da peça”, salienta o rondonense.

O coletivo de teatro surgiu em 2019 e o espetáculo seria encenado em 2020, sendo adiado devido à pandemia. Depois, a estreia online aconteceu em janeiro de 2022, levando-os ao Troféu Gralha Azul.

O espetáculo está disponível no YouTube da Trupe Periferia. Clique aqui para assistir o espetáculo.

Confira abaixo os nomes por detrás do espetáculo “Meninos da Rua XV”:

Direção: Kenni Rogers
Elenco: Serginho Smith, Liah Vitória, Mika, Elton Louis, Naju, Mary Jane, Vitor Bini, ZAGO, Poeta Diva Ganjah e Handal
Atriz convidada: Mia Ketherine do Amaral
Atores-tradutores de Libras: Jonatas Medeiros e Negabi
Dramaturgia: Trupe Periferia
Iluminação: Wagner Correa
Trilha original: Rodrigo Stradiotto
Figurino: Natalie Fronczak
Filmagem e edição de vídeo: Lidia Ueta
Gravação da tradução em Libras: Felipe Patrício
Arte digital: Gustas
Design gráfico: Luana Chemin
Técnico de luz: Frank Souza
Depoimentos em áudio: Victor Batista e Juan de Carvalho
Música Fim da Linha Letra e voz: Elton Louis
Produção musical: Mateus Bravo e Bruno Dalpicollo
Mixagem e masterização: Bruno Dalpicollo

Kenni Rogers

Nascido em solo rondonense, foi por aqui que Kenni Rogers deu os primeiros passos na arte do teatro. Ele participou ativamente dos projetos teatrais do Colégio Luterano Rui Barbosa e, através da escola, participou do Festival de Teatro Amador de Marechal Rondon, em 1996, quando ganhou o prêmio de melhor ator aos 11 anos. Depois, Kenni mudou para o Colégio Frentino Sackser e ingressou no Grupo Téspis, de Marechal Rondon.

“Eu fazia teatro à tarde no grupo juvenil e à noite com os adultos. Agradeço pelas oportunidades que tive nessa cidade maravilhosa que amo e que me possibilitou esse contato com a arte, minha primeira e grande escola de teatro. Desde pequeno eu sabia que queria ser ator e hoje é da arte que eu vivo”, expõe o rondonense, que, além de ator profissional, também é arte-educador, oficineiro e professor.

Ainda em Marechal Rondon, Kenni se formou em Letras Português/Alemão na Unioeste, em 2006. No ano seguinte, o artista foi trabalhar no Sesc da Esquina, em Curitiba, e iniciou a graduação de Artes Cênicas, na Faculdade de Artes do Paraná, formando-se em 2012. Desde 2014, ele trabalha com jovens em situação de vulnerabilidade social, em acolhimento e em privação de liberdade. Por esse trabalho, o rondonense foi escolhido como um dos heróis do ano na revista Top View, em 2017.

Além da Trupe Periferia, Kenni trabalha na companhia Vigor Mortis, que tem lançamentos previstos para 2024. “Está para ser lançado o longa ‘Nunca terão paz’, um romance pós-apocalipse em que dois anjos renegados por Deus estão fadados a viver eternamente na Terra. Também retomaremos com a websérie ‘A macabra biblioteca do Dr. Lucchetti’”, adianta, acrescentado que, como ator, apresentará o projeto “Cenas Jovens”, aprovado pelo Funarte, para menores do sistema carcerário.

Desde pequeno eu sabia que queria ser ator e hoje é da arte que eu vivo”, destaca o rondonense Kenni Rogers (Foto: Arquivo pessoal)

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