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Marechal Atentado à própria vida

Marechal Rondon é o 2° município com mais suicídios na 20ª Regional de Saúde

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Em quatro anos, cidades que compõem a 20ª Regional de Saúde de Toledo somam 208 óbitos por lesão autoprovocada; índice desse tipo de violência soma 3,2 mil registros. Toledo se destaca na maioria dos números, seguido por Marechal Rondon (Foto: O Presente)

Sai ano, entra ano e os números de suicídio não param de crescer. A cada 40 minutos, uma pessoa dá fim à própria vida no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas em 2019 foram 13.105 óbitos causados por lesões autoprovocadas intencionalmente em todo o país, número 2,9% superior ao verificado no ano anterior. Só no Paraná, Estado que representa 5,4% da população brasileira, registrou-se 7,1% dos suicídios (925 mortes), o que dá uma média de cinco registros a cada dois dias.

Os números acima, tabulados por meio do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), ajudam a demonstrar a gravidade do problema e a reforçar a necessidade de se falar sobre o assunto, ainda mais quando as estatísticas só aumentam.

 

20ª REGIONAL DE SAÚDE

Nos municípios que integram a 20ª Regional de Saúde de Toledo, de 2016 a agosto de 2020 foram registrados 208 óbitos por suicídio, tendo como causa lesões autoprovocadas de modo voluntário. Entre os 18 municípios que compõem a regional, a cidade de Toledo se destaca com 75 suicídios ocasionados deste modo, seguida por Marechal Cândido Rondon, com 37 óbitos autoprovocados – destas, 31 pessoas eram brancas, uma parda e cinco negras. Na sequência aparece o município de Guaíra, com 18 suicídios, e Assis Chateaubriand, com 11 óbitos desse tipo.

Os municípios de Diamante d’Oeste e Mercedes tiveram o registro de um suicídio por lesão autoprovocada em quatro anos.

 

ENVENENAMENTO

Em índices globais, o envenenamento aparece como uma das principais formas de cometer de suicídio. Nos dados da 20ª Regional de Saúde, há dez notificações de suicídio por envenenamento nos últimos quatro anos, sendo que apenas cinco municípios tiveram registros. Toledo segue com mais autocídios por autointoxicação, marcando quatro fatalidades, seguido por Marechal Rondon, com três registros; os municípios de Guaíra, Pato Bragado e Santa Helena tiveram um registro de morte por envenenamento.

 

VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA

No que diz respeito aos casos de violência autoprovocada, comportamento que pode ser visto como suicida ou de automutilação, a 20ª Regional de Saúde registrou 2.155 casos de 2016 até agosto de 2020. Neste índice, o município com mais casos é Toledo, com 916 registros, seguido por Assis Chateaubriand, com 308 registros, e Marechal Rondon, com 302 casos. No município rondonense, 281 pessoas que cometeram tal ato residiam na zona urbana e 21 na zona rural.

Além desse tipo de atentado contra si, também são registrados casos de envenenamento autoprovocado, seja por plantas, produtos sintéticos ou medicação. Na 20ª Regional de Saúde foram registradas 1,1 mil ocorrências desse tipo entre 2016 e 2020. O município com mais casos é Toledo, com 554 registros, seguido por Marechal Rondon, com 159 casos, e por Assis Chateaubriand, com 134 casos.

Ao todo, casos de violências contra si por meio de lesões e auto envenenamento somam 3.255 registros nos últimos quatro anos na 20ª Regional de Saúde.

 

DADOS

De acordo com agentes da 20ª Regional de Saúde, a terminologia “autoprovocado”, muitas vezes, gera questionamentos. Eles exemplificam o fato de, por vezes, crianças serem registradas como ocasionadoras de lesões em si mesmas, todavia, nem sempre se trata de um ato voluntário. Da mesma forma, a 20ª Regional de Saúde chama atenção ao fenômeno da subnotificação.

(Arte: O Presente)

 

NÚMERO DE SUICÍDIOS CRESCE PELO QUINTO ANO CONSECUTIVO E BATE RECORDE NO PARANÁ

No Brasil, desde 2003 o número absoluto de suicídios sobe consecutivamente. No Paraná, o mesmo acontece há cinco anos.

Não surpreende, então, que os registros de 2019, ainda que preliminares, apontem para um recorde dentro da série histórica do Ministério da Saúde, iniciada em 1979. Ao longo da última década, o número de suicídios cresceu 39,8% no país e 42,75% no Estado.

Se a estatística do suicídio já vinha crescendo, o que esperar quanto a 2020, ano da pandemia de coronavírus, com recessão econômica profunda (e todos os seus impactos sociais) e a transformação drástica nas formas de vivência e convivência?
Essa é uma das questões que aflige os profissionais da área da Saúde.

“As pessoas estão vulneráveis diante dos desdobramentos da pandemia e a Secretaria da Saúde está atenta a isso”, afirma o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto, citando ainda que, além das questões relacionadas à Covid-19, como o grande número de infectados, de internados e de mortes, a pandemia impôs também o isolamento e distanciamento social, desencadeando problemas relacionados à economia e também provocando danos à saúde mental.

“A prevenção é uma importante estratégia, principalmente neste momento de um novo cenário com muitos fatores de risco para a saúde mental. Por isso a necessidade de profissionais atualizados para identificar e tratar deste paciente”, diz a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes.

 

ENTRE OS MAIS JOVENS E ESCOLARIZADOS 

No Paraná, os dados do Ministério da Saúde mostram que, entre os anos de 2015 e 2019, os suicídios no Paraná se concentraram principalmente entre a população com idade entre 20 e 49 anos.

Por outro lado, em 2019 houve queda nos registros em quase todas as faixas etárias. Chama a atenção, no entanto, que os aumentos tenham acontecido justamente em duas das faixas mais jovens, de 15 a 19 anos (que subiu de 57 para 68 óbitos, alta de 19,3%) e de 20 a 29 anos (175 suicídios num ano e 219 no outro, variação de 25,1%).

Além disso, se considerada a escolaridade das vítimas (por anos de estudo), temos justamente a segunda faixa ‘mais estudada’ (8 a 11 anos de estudo) como a que concentra o maior número de óbitos (34% do total), enquanto os mais estudados (12 anos ou mais de estudos) apresentaram o maior crescimento porcentual no período analisado, passando de 61 registros em 2014 para 126 em 2019, alta de 106,6%.

(Arte: O Presente)

 

CANAL DE AJUDA

É possível buscar auxílio psicológico por diferentes canais, com opções para todos os bolsos. O Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, atende pelo telefone 188, 24 horas por dia, com ligações gratuitas e sigilosas. O serviço conta com uma rede de voluntários treinados à disposição de pessoas que queiram e precisem conversar.

 

O Presente

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