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Marechal ESTATÍSTICAS

Número de acidentes de trânsito cai 12% nos primeiros cinco meses em Marechal Rondon

Motocicletas lideram as estatísticas, com 124 ocorrências. Segundo a PM, excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco no trânsito rondonense

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Ter uma das maiores frotas em circulação proporcionalmente ao número de habitantes pode ser considerado um privilégio. E este é o caso de Marechal Cândido Rondon, município com 50 mil habitantes e que tem cerca de 41.368 veículos trafegando nas ruas da sede e do interior, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, esses números têm um peso negativo quando o assunto em pauta são os acidentes de trânsito. Isso porque quanto mais veículos em circulação, maiores são as chances de colisões.

De janeiro até o dia 30 deste mês foram registrados em Marechal Rondon 125 acidentes de trânsito com vítimas no perímetro urbano e no interior, de acordo com dados da Polícia Militar. Já nos 12 meses de 2017 foram 296 acidentes atendidos pelas equipes policiais.

Por sua vez, o número de acidentes atendidos pelo Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate), do Corpo de Bombeiros, nestes primeiros cinco meses de 2018 totalizou 169. As ocorrências envolveram todos os tipos de veículos, contudo a maior parte deles foram motocicletas, alcançando 124 acidentes. No mesmo período do ano passado, os socorristas atenderam 192 acidentes, o que representa uma diminuição de quase 12% se comparado a este ano.

Além da estatística ser mais favorável que em 2017, nenhum dos acidentes registrados neste ano resultou em óbito. Ao contrário do ano passado, quando cinco pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito.

 

Motos e bicicletas lideram estatísticas

Conforme o comandante do 3º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros, capitão Tiago Zajac, o alerta fica ligado para os acidentes de trânsito, especialmente em se tratando de vítimas socorridas pelo Siate. “As nossas estatísticas mostram acidentes envolvendo automóvel, motocicleta, caminhão, bicicleta, todos os tipos de veículos. Contudo, observamos que, por ser uma cidade pequena, as motocicletas representam hoje um grande problema no trânsito rondonense, porque são mais ágeis, mas oferecem menos segurança. Normalmente os acidentes com motocicletas envolvem vítimas com maior gravidade do que nos outros meios de transporte, como o carro, por exemplo”, pontua.

Zajaz enaltece que o motociclista por vezes acaba sendo mais displicente com a sua própria segurança. Ele chama atenção para o fato dos motociclistas geralmente trafegarem usando capacete com jugular e viseira abertas, o que acarreta em danos mais sérios em caso de acidente. “A motocicleta sempre traz um número maior de acidentes e vítimas, sem falar que a gravidade dos ferimentos é maior do que em todos os outros tipos de veículos”, salienta, acrescentando: “Além disso, por conta da velocidade que as motocicletas imprimem, elas conseguem ser mais rápidas que os demais veículos. Usando desse artifício, com frequência os motociclistas tentam ‘cortar’ a frente dos veículos e então os acidentes acontecem”.

Entretanto, além da motocicleta, outro meio de transporte que também apresenta sérios problemas quando o assunto é acidente de trânsito é a bicicleta, que desde sempre foi a “queridinha” dos rondonenses. “Percebemos que as bicicletas andam na contramão e na maioria das vezes não utilizam a ciclovia, nem os equipamentos de segurança adequados e até mesmo a iluminação, principalmente no período noturno”, frisa.

Agora, com a chegada do inverno, os acidentes com carros também tendem a aumentar, segundo o comandante do Corpo de Bombeiros.

 

Preferenciais exigem atenção

De acordo com Zajac, os locais onde se concentram o maior número de acidentes são as avenidas Maripá e Rio Grande do Sul, principais vias da cidade e que, por isso, aportam um grande fluxo de veículos todos os dias. Além disso, grande parte dos acidentes, principalmente com motocicletas acontecem em ruas preferenciais.

Das avenidas, a Maripá se sobressai nas estatísticas de acidentes. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, apenas neste mês foram dois acidentes no cruzamento das avenidas Írio Jaco Welp com a Rio Grande do Sul, dois no cruzamento da Avenida Rio Grande do Sul com a Rua Dom Pedro I, três no cruzamento da Rua Santa Catarina com a Avenida Maripá, dois na Rua Pernambuco com a Avenida Maripá, um no cruzamento da Rua Espírito Santo com a Avenida Maripá e outro na esquina da avenida com a Rua São Paulo.

“A maioria dos acidentes ocorre na Avenida Maripá conta dos retornos e cruzamentos, principalmente com as ruas Pernambuco, Espírito Santo e Sergipe. São nesses locais que as pessoas se distraem bastante e acabam se envolvendo ou provocando acidentes”, destaca o comandante do Corpo de Bombeiros.

Zajac ainda ressalta que os retornos se constituem como entraves no trânsito porque são estreitos, e os veículos, quando os utilizam, atrapalham o fluxo nos dois sentidos da via.

O certo e recomendado pelo capitão seria fazer o retorno na rotatória, que é o local específico para isso. “As rotatórias reduzem a velocidade, principalmente nas avenidas, exigem atenção dos motoristas e é o ponto correto para atravessar a avenida, além de ser bom para os pedestres. Vejo as rotatórias como uma boa solução, mas é claro que os motoristas também precisam aprender a usá-las de forma correta. Muitas pessoas acreditam que a avenida é a preferencial, mas na verdade é quem está na rotatória”, orienta.

Comandante do Corpo de Bombeiros, capitão Tiago Zajac: “Observamos que, por ser uma cidade pequena, as motocicletas representam hoje um grande problema no trânsito rondonense, porque são mais ágeis, mas oferecem menos segurança”

Ainda preocupa

Apesar da diminuição, os acidentes de trânsito continuam sendo destaque no trabalho do Corpo de Bombeiros. Dentro de toda a área de atuação, o Siate é o carro-chefe no número de atendimentos. Em média são atendidos três acidentes por dia. As vítimas são em sua maioria homens pilotando motocicletas e com idade entre 18 e 34 anos.

Conforme Zajac, a situação ainda preocupa. “É preocupante porque tudo isso acaba gerando custos para a municipalidade de uma forma geral. É preciso atender essa vítima num atendimento de urgência e emergência, além da manutenção de ambulâncias, haja vista que as nossas são antigas”, ressalta.

Por conta disso, o capitão reforça que o foco do trabalho é a prevenção, “Sempre digo que quanto menos o bombeiro trabalhar, melhor para a população. Precisamos trabalhar com a prevenção, é isso que reduz o número de acidentes e incêndios”, salienta.

 

Velocidade e imprudência

A velha máxima de que “todo cuidado é pouco” se encaixa perfeitamente em se tratando de trânsito. O comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar (PM), capitão Valmir de Souza, enaltece que é preciso ser prudente a todo instante. Segundo ele, é o desrespeito à legislação e às regras de trânsito por parte dos condutores de veículos automotores, como também dos pedestres e ciclistas, que resultam nos acidentes.

Em Marechal Rondon, aponta ele, os acidentes são causados em sua maioria por conta da velocidade excessiva de motoristas que desrespeitam o limite previsto para a área urbana. “Verificamos que o excesso de velocidade é o fator primordial para desencadear os acidentes de trânsito no município. É uma desatenção aliada ao dolo. As pessoas sabem qual é o limite de velocidade, mas ainda assim nutrem uma vontade livre e consciente de exceder o limite”, destaca.

Souza também comenta que em casos de acidentes, a responsabilidade maior sempre será de quem possui veículo automotor. “Haja vista que pedestres e ciclistas nem sempre estão cientes do seu dever no trânsito, conforme prevê a legislação”, diz.

 

De olho na fiscalização

Em 2017, Marechal Rondon registrou dois homicídios contra cinco óbitos no trânsito, falando somente do perímetro urbano. Esses números, salienta o capitão da PM, são alarmantes e requerem atenção e conscientização da importância do respeito às leis de trânsito e da educação dos rondonenses nesse quesito, uma vez que mostra que o trânsito foi responsável por mais mortes no município do que por armas de fogo.

Conforme o comandante, é preciso realizar trabalhos visando diminuir o número de acidentes e, consequentemente, de mortes. Por conta disso, a PM intensificou a fiscalização no trânsito rondonense, principalmente através de blitze. “A gente tem um número bastante grande de acidentes e vítimas na nossa cidade, na região, no Estado e no país. É claro que o ideal seria ter um número menor, até porque muitas das vítimas de acidentes param no SUS (Sistema Único de Saúde) e acabam minando recursos que seriam utilizados para a prevenção de doenças, mas são usados para atender acidentados. Se todo condutor de veículo tomasse os devidos cuidados, observasse a sinalização e trafegasse com a velocidade adequada, com certeza seria reduzida a quantidade e a gravidade dos acidentes. É necessário seguir as normas do Código de Trânsito Brasileiro”, enaltece.

Souza destaca que a fiscalização serve para inibir que potenciais motoristas, que por dirigirem veículos irregulares, sem habilitação ou embriagados, estejam em circulação. “Fiscalização de trânsito não serve apenas para fiscalizar os ditos ‘bons motoristas’, mas, sim, todos os motoristas. Quando o motorista de um veículo irregular, com débitos, traz prejuízos a um terceiro, quem vai pagar os estragos se essa pessoa não tem erário para suprir os danos causados? Por isso, para circular com veículos tem que haver regras”, enfatiza.

O comandante da PM reforça que apesar das operações no trânsito terem continuidade e serem intensificadas, a diminuição dos acidentes não depende apenas da polícia. “A PM tem uma capacidade e essa capacidade tem um limite. Não significa que se realizarmos trabalhos diários no trânsito, os números de acidentes vão ter uma mudança muito grande, porque para isso precisamos que as pessoas se conscientizem e entendam que o trânsito é de todos e que devemos nos comportar devidamente. Respeitando as regras, teremos um número muito menor de acidentes, e isso requer um conjunto de fatores que envolve toda a comunidade”, analisa.

Comandante da Polícia Militar, capitão Valmir de Souza: “Verificamos que o excesso de velocidade é o fator primordial para desencadear os acidentes de trânsito no município. É uma desatenção aliado ao dolo”

Prevenção

O mês de maio foi marcado por ações pontuais voltadas à conscientização no trânsito por meio da campanha do Maio Amarelo. Na opinião do comandante do Corpo de Bombeiros, a campanha tem um retorno positivo principalmente porque envolve crianças. “Dessa forma, elas aprendem desde cedo a ser adultos mais conscientes no trânsito e que também devem conscientizar os pais e familiares”, diz Zajac.

Souza revela acreditar que o trânsito rondonense atual está melhor que no ano passado. “As campanhas de conscientização, como o Maio Amarelo, trazem conscientização e contribuem para um trânsito mais seguro. O trabalho da polícia, além de educativo quando das campanhas, é sobretudo de fiscalização, que é um dos pilares de sustentação da relação do cidadão com o trânsito”, conclui o comandante da PM.

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