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Marechal Segurança Pública

O temor da insegurança

Dois crimes violentos registrados em menos de uma semana trouxeram à tona sensações de insegurança e fragilidade para a população. Polícia Militar afirma estar intensificando policiamento

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O Presente

Após 2017 ter sido um ano relativamente positivo para a segurança pública em Marechal Cândido Rondon, o primeiro mês de 2018 se apresentou atípico, com crimes não cogitados e a sensação de insegurança pairando mais uma vez sobre a população. O cenário desenhado até o momento é de medo e preocupação, tendo em vista que em menos de uma semana dois crimes violentos foram registrados no município.

O primeiro caso, tipificado como uma tentativa de roubo seguido de lesão corporal grave, foi registrado no último dia 22, na Avenida Expedicionário Otto Grings (Avenida das Torres), no Bairro Universitário, e teve como vítima o empresário Renan Francisco Schroder, de 25 anos, que foi baleado no rosto.

Na ação, os criminosos aproveitaram o momento em que o jovem abriu o portão eletrônico para entrar na garagem da residência com seu veículo Astra, invadiram o imóvel e abordaram inicialmente a mãe, que havia ido em direção ao filho. Enquanto a mulher foi levada para dentro de um quarto, os outros meliantes se aproximaram de Renan e deram voz de assalto.

Quando o jovem desembarcava de seu automóvel, um dos criminosos efetuou disparos de arma de fogo, sendo que um projétil transfixou o rosto da vítima, entre os olhos e a bochecha, e atingiu as vértebras C3 e C4.

O segundo crime, registrado na madrugada de sábado (27) para domingo (28), em uma metalúrgica nas proximidades do portal de entrada da cidade, vitimou fatalmente Zezue Alves de Oliveira, de 38 anos, morto com um tiro na cabeça. Uma denúncia anônima levou a Polícia Militar até o local. O corpo foi encontrado sobre a cama em um dos cômodos.

As investigações acerca dos dois crimes são intensas, visando à elucidação e identificação dos responsáveis. Contudo, devido ao fato de as duas situações terem sido registradas em um curto espaço de tempo, uma forte fragilidade assola a população que pede por mais segurança no município, temendo que crimes dessa natureza sejam novamente registrados.

Ciente dessa preocupação e demanda da comunidade, a Polícia Militar está intensificando suas ações e ofertando respaldo às investigações da Polícia Civil.

De acordo com o comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar, capitão Valmir de Souza, as equipes policiais não estão medindo esforços para subsidiar os trabalhos investigativos, repassando à Polícia Civil todas as informações que chegam até a corporação. “O trabalho precisa ser bem feito para que possamos dar uma resposta segura e concreta à comunidade, e essa resposta será dada nos próximos dias, trazendo a solução desses crimes para que a sociedade rondonense possa se sentir novamente segura”, declara.

O foco, segundo Souza, é intensifi car os trabalhos em conjunto com as demais instituições policiais para manter a segurança do município em níveis aceitáveis. “Não mudamos nossa linha de trabalho no sentido da continuidade, mas intensificamos ainda mais por conta desses crimes, para que nenhum volte a acontecer”, ressalta.

O comandante afirma que as ações de patrulhamento estão sendo acentuadas, assim como as abordagens a suspeitos. “Procuramos fazer mais trabalhos preventivos e de bloqueios de trânsito, porque o criminoso também circula de carro, motocicleta, bicicleta e a pé. Sendo assim, a realização de abordagens no trânsito também inibe que crimes aconteçam”, comenta.

 

Os desafios diante das dificuldades

Com limitação de efetivo, material e de uma série de outras vertentes, o combate à criminalidade frequente se torna uma verdadeira batalha. Entretanto, apesar das dificuldades, Souza reitera que a polícia precisa atuar e para isso busca potencializar ao máximo o que possui hoje em mãos, permitindo que a população tenha não apenas uma sensação de segurança, mas sim uma segurança efetiva. “Entendo que toda vez que acontece um crime que sensibiliza e mobiliza a comunidade é legítimo que a sociedade se manifeste e tenha ressalvas quanto ao trabalho das instituições, sejam elas policiais ou judiciais”, expõe o comandante da PM, emendando: “Além disso, entendemos a dor de todos aqueles que chegam até nós, porém, por outro lado, também precisamos atuar, procurando fazer o melhor. E o que se faz na técnica nem sempre é o que a comunidade merece. Hoje buscamos fazer o melhor trabalho, mas isso talvez não se reflita naquilo que a comunidade mereça”.

Outro fator relevante e que deve ser analisado quando se fala em segurança pública no município é o número de agentes que estão se aposentando. Conforme Souza, a corporação enfrenta nos últimos anos a saída de muitos policias por conta da reserva. De janeiro de 2017 até janeiro deste ano não houve nenhum acréscimo de policiais na 2ª Companhia. “Esperamos que logo possamos receber esse reforço, pois sabemos que em breve mais policiais irão se aposentar e precisaremos fazer um replanejamento da aplicação do restante do efetivo”, salienta.

Como forma de superar as dificuldades, as escalas acabam sendo maiores, principalmente nos destacamentos, onde policiais precisam realizar escalas extras, trabalhando acima da carga horária de trabalho normal. “Não sabemos ainda sobre a questão do acréscimo de novos policiais, até mesmo por ser um ano de eleições, o que pode dificultar todo o processo. Mas o trabalho está sendo intensificado, por mais que tenhamos algumas dificuldades, voltado principalmente à prevenção, com a presença de policiais militares em locais onde potencialmente os crimes podem acontecer”, comenta o comandante.

Apesar de tudo, as perspectivas para o ano ainda são positivas. “As condições do Estado estão melhorando e o governo procura fazer investimentos. Por isso, acreditamos que nos próximos dias sentiremos melhorias na questão da segurança pública, como viaturas e armamentos sendo destinadas ao município”, ressalta o capitão.

 

 

Atenção as Circunstâncias

Souza enaltece a importância de a sociedade estar mobilizada e atenta às circunstâncias após o acontecimento de um fato criminoso. Para ele, a mudança de comportamento das pessoas ajuda na questão da segurança. “Após crimes dessas conjunturas, a rotina das pessoas começa a mudar. Elas começam a prestar mais atenção em detalhes que antes passavam despercebidos, como, por exemplo, a presença de pessoas próximo a suas residências e de veículos parados em atitudes suspeitas”, exemplifi ca.

Ele também expõe que há crimes em que a polícia não tem domínio para impedir, dependendo das circunstâncias em que eles foram executados. “Um crime de homicídio, como foi o segundo caso, que aconteceu dentro de uma empresa, e assim também seria se fosse dentro de uma residência familiar, na qual pode ocorrer um crime e a polícia não ter como impedir”, avalia Souza.

Com relação à tentativa de roubo, o comandante acredita que as abordagens podem cada vez mais diminuir a incidência dessas ocorrências. “O criminoso busca oportunidade e, quando ela surge, ele age, e isso acontece quando a polícia não está presente”, considera.

Realista, Souza também diz que, como comandante, não pode falar que achava que crimes como esses não iriam acontecer. “A gente nunca espera que isso aconteça e trabalhamos para esse fi m, porém precisamos estar preparados para que, caso aconteça, possamos dar uma resposta à altura”, afirma.

 

Confira a reportagem completa na edição impressa do Jornal O Presente desta sexta-feira (02).

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