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Marechal Em frente ao Fórum

Padrasto faz apelo à Justiça rondonense para internar enteado viciado em drogas: “Não quero perder a nossa família”

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morador de Quatro Pontes está desde as primeiras horas da manhã de hoje (20) em frente ao Fórum de Marechal Cândido Rondon fazendo um apelo ao Poder Judiciário (Fotos: O Presente)

 

No cartaz um pedido e no rosto o semblante da dor e preocupação. O drama vivido por Edivaldo da Paixão Alves, de 47 anos, é denso, triste e mostra o ápice do desespero de ver o enteado, de apenas 15 anos, se afundar mais a cada dia no vício pelas drogas.

O morador de Quatro Pontes está desde as primeiras horas da manhã de hoje (20) em frente ao Fórum de Marechal Cândido Rondon fazendo um apelo ao Poder Judiciário. Com um cartaz junto ao corpo e outros colados nas grades, Edivaldo pede pela internação do enteado, um adolescente que, segundo ele, está tendo a vida devastada pela dependência química.

Por trás das palavras “Sr. juiz, ajude minha família” há uma história dura e comovente. O homem conta que o jovem faz uso de drogas há cerca de dois anos e desde então a vida da família tem sido um verdadeiro pesadelo.

De acordo com Edivaldo, o enteado foi responsável por crimes como furtos e roubos em Quatro Pontes. Ações, afirma ele, praticadas na ânsia de sustentar o vício. “Estamos passando por muita humilhação e vergonha”, diz.

O padrasto também revela que o adolescente foi liberado recentemente sua última internação. O jovem estava internado no Hospital San Julian, em Piraquara, uma instituição especializada no tratamento de dependentes químicos e portadores de transtornos mentais. “Peço às autoridades que me ajudem com o internamento dele. O hospital exigiu uma ordem judicial, e quando eu pedi ao Fórum, fui encaminhado para diversos lugares e não consegui. Agora, por conta disso, ele recebeu alta do internamento e voltou para as drogas. Está pior que antes”, revela Edivaldo.

Conforme ele, o único apoio que ele e a família recebem hoje é através da Prefeitura de Quatro Pontes e do Conselho Tutelar do município, que auxiliam com medicamentos, consultas e transporte.

 

Família destruída pelas drogas

Natural de Feira de Santana, na Bahia, o homem conta que conheceu a mãe do adolescente em Foz do Iguaçu, local onde ela morava com os dois filhos.

Ele vinha até o Paraguai para fazer compras e quando ficou hospedado em um hotel começou a se relacionar com a atual esposa. Posteriormente, ele, a esposa e os dois filhos se mudaram para a Bahia. “Eu crio o menino desde que ele tinha oito meses. Já perdemos o irmão dele para as drogas e não queremos perder ele também”, salienta.

Além do irmão mais velho, o pai do adolescente também foi executado a tiros em Foz do Iguaçu quando tentou tirar o filho do mundo das drogas.

“O pai comprou uma passagem para o filho ir para Santa Catarina, com a esperança que ele se distanciasse das drogas. Mas os bandidos foram até a casa onde eles moravam e o executaram a tiros, na frente da esposa”, relata Edivaldo. Tempos depois, o filho também foi morto.

 

Dificuldades

Desempregado, Edivaldo afirma que não consegue procurar um emprego, pois não pode deixar a filha, de apenas nove anos, sozinha em casa com um usuário de drogas. Por conta disso, a mãe, que trabalha com serviços de limpeza, é a única responsável pelo sustento da família.

O padrasto relata que o enteado é agressivo e que sempre está em posse de uma faca. Por diversas vezes quebrou objetos dentro da casa, além de roubar dinheiro para satisfazer o vício.

A casa da família, afirma Edivaldo, agora também é ponto de venda de drogas pelo adolescente. “Ontem eu precisei pegar a minha filha e esposa e sair de casa. Estamos correndo risco”, desabafa.

Com um dos pés acorrentados à grade do Fórum, Edivaldo diz que isso é o que ele vive hoje: uma prisão, e define a atual situação da família com “um verdadeiro pesadelo”. “Estou com medo de perder o meu filho. “Uma tragédia está anunciada na nossa família”, prevê.

 

Sonhos destruídos

Antes de se tornar usuário, Edivaldo conta que o adolescente tinha uma vida boa e normal. Esbanjando talento para as artes marciais, menciona o padrasto, o jovem participava desde criança de diversos campeonatos de karatê, tanto no Brasil, principalmente na Bahia, onde moravam à época, como em outros países, a exemplo do Campeonato Mundial na Argentina. Um sonho partilhado entre padrasto e enteado era abrir uma academia na região. “Agora nossos sonhos estão indo por água abaixo”, lamenta.

Edivaldo comenta que o jovem trocou a emoção das lutas pelo vício em drogas, e que o último campeonato em que o enteado participou aconteceu há cerca de um ano e meio. “Ele abandonou as competições quando estava na faixa marrom, prestes a chegar na faixa preta. A droga está consumindo ele por inteiro”, ressalta.

 

Fé inabalável

Na calçada ao lado de Edivaldo, dois portas-retratos, uma camisa, medalhas e um troféu mostram um pouco do que era o adolescente antes das drogas: um menino talentoso e com um futuro brilhante. Dividindo espaço com as lembranças está a imagem de Nossa Senhora Aparecida e um livro do padre Marcelo Rossi, símbolos da fé e esperança do padrasto. “Apesar de tudo, não podemos nunca perder a fé. Entrei nessa luta para vencer e não quero perder a nossa família”, finaliza.

 

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