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Marechal Saúde rondonense

Projeto Nutriz incentiva aleitamento materno e doação de leite humano

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Agentes comunitárias de saúde Andiara Peixoto e Angelica Bayer, da Unidade Estratégia Saúde da Família do Bairro Botafogo, em uma das entregas de leite (foto feita antes da pandemia, por isso estavam sem máscaras) (Foto: Divulgação)

“Queríamos algo novo, inovador”. É assim que a enfermeira Alexandra dos Santos Marcelino Mendonça descreve o início do Projeto Nutriz, tirado do papel em julho de 2019, idealizado por ela e também pelas agentes comunitárias de saúde Andiara Peixoto e Angelica Bayer, da Unidade Estratégia Saúde da Família (ESF) do Bairro Botafogo, em Marechal Cândido Rondon.

Segundo Alexandra, o objetivo do projeto não é somente a doação de leite humano; busca, também, incentivar as nutrizes a amamentar seus bebês exclusivamente no peito até os seis meses de idade, desmistificando a ideia de que se doarem leite faltará para o seu bebê.

A profissional de saúde lembra que o estímulo da amamentação (sugar o peito), uma alimentação saudável e uma boa ingestão de líquidos são fatores que aumentam a produção, consequentemente essa mulher terá uma produção maior ou até excedente e poderá realizar a doação. “Este projeto, além de propor qualidade de vida aos recém-nascidos da nossa cidade e região, também tem o diferencial de empoderar os profissionais dentro da atenção básica, os quais são dotados de muita capacidade e, muitas vezes, são inaproveitados. O grande potencial das agentes comunitárias de saúde dentro da equipe é induscutível. Elas têm aptidão para a coordenação de projetos”, destaca.

Conforme Alexandra, o Projeto Nutriz é precursor na utilização de ordenhadeiras elétricas, metodologia que minimiza o contato do leite com a nutriz, obtendo, assim, maior qualidade e reduzindo riscos de contaminação.

 

DEMAIS BENEFÍCIOS

Entre os outros benefícios proporcionados pelo programa, durante este mais de um ano e meio de atividades, a enfermeira enaltece o aumento de leite no Banco de Leite Humano, aumento de vínculo entre a ESF e as nutrizes, acompanhamento integral das nutrizes e lactantes, minimização do risco de morte do recém-nascido de alto risco, conscientização das nutrizes quanto à importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses, ato que aumenta o vínculo entre mãe e filho, e conformação de que o ato de amamentar e doar o leite excedente faz com que aumente a produção.

Atualmente, o projeto tem a participação de mais profissionais, como nutricionista (Tanicler) e fonoaudióloga (Livia), entre outros.

 

RESULTADOS

Em torno de 50 mulheres já participaram do projeto. Hoje há 14 mamães ativas. No ano de 2019 foram produzidos, através desta iniciativa, cerca de 102 litros de leite. Em 2020 foram aproximadamente 317 litros.

Essa produção é encaminhada para Toledo, onde o leite é processado para ser utilizado em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal.

 

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

As mamães que integram o projeto participam de um grupo de WhatsApp, onde trocam experiências, tiram dúvidas e compartilham suas conquistas diárias quanto ao aleitamento materno. O que mais se vê são fotos de lindas crianças em momento de pura harmonia, alegria e tranquilidade.

 

PARCEIROS

Alexandra avalia que o projeto se viabilizou, pois teve a doação de ordenhas elétricas para que o leite possa ser extraído. Entre os doadores estiveram funcionários da Unidade de Saúde do Botafogo, secretária de Saúde Marciane Specht, empresas privadas, Rotary (através do Programa de Aleitamento Materno Rondon – Proamar) e outros parceiros. “Estas parcerias foram muito importantes”, ressalta.

 

REFORÇO

De acordo com a enfermeira, recentemente o projeto recebeu um importante reforço. O Rotary Club Marechal Rondon e o Rotaract Club de Marechal Rondon, com o apoio da Tadeu Materiais de Construção, realizaram o repasse de mais dez bombas extratoras de leite. Estas, por sua vez, são elétricas, o que, segundo a profissional, facilita muito o processo.

Na opinião de Alexandra, a iniciativa é um grande incentivo para o projeto. “Esse reforço é extremamente importante. Doar leite não é fácil. A bomba elétrica facilita muito para a nutriz na hora de ordenhar. Geralmente a mulher tem a criança para cuidar, casa, outros filhos e doação de leite é puro amor. Com este mundo globalizado, elas necessitam de algo prático e rápido. Estes equipamentos elétricos são muito importantes para isso”, enfatiza.

Representantes do Rotary Club Marechal Rondon por ocasião da entrega das ordenhadeiras elétricas para a Secretaria de Saúde (Foto: Divulgação)

 

EXPANSÃO

A secretária de Saúde, Marciane Specht, que acompanha todo este trabalho, avalia que a iniciativa é louvável, especialmente por parte das mães que doam o leite. “É um gesto de muito amor e carinho pelo próximo. São mulheres que fazem a diferença. Parabenizamos a todas as mamães e também as profissionais que iniciaram e que integram este projeto. Tendo em vista sua relevância, no mês de fevereiro ele deve ser implantado na Estratégia Saúde da Família do centro. Vamos incentivar para que mais mamães participem”, salienta a secretária.

 

DEPOIMENTOS DE MAMÃES QUE PARTICIPAM DO PROJETO

Deize Caroline, que participa do Projeto Nutriz desde que ele iniciou. “Doei leite materno por nove meses e com certeza isso aconteceu por esse projeto lindo, que tem todo o empenho e a dedicação de profissionais que toda semana iam na minha casa buscar a coleta e deixar vidros novos, e também no grupo de apoio do WhatsApp. Tenho muito orgulho de ter participado durante esses nove meses e saber que ajudei muitos bebês que precisam desse leite. Leite materno é vida”.

 

Valdineia Mendonça, 41 anos, mãe da Isadora, de nove anos, e do Felipe, de cinco meses: “Estou no Projeto Nutriz há cinco meses. Poder doar meu leite é um sentimento de grande satisfação para mim, pois minha primeira filha mamou só até o quinto mês. Hoje, a doação de leite e a troca de experiências no grupo me fazem querer amamentar o Felipe o tempo que eu puder. Aprendi que leite materno não é estoque e, sim, produção. Quanto mais estimular a amamentação, mais meu corpo vai produzir o leite e assim posso continuar ajudando outras crianças que precisam”.

 

Samara Mattes, mãe de Ana Luiza Mattes de Oliveira: “Sempre achei muito importante a doação de leite materno, pois eu sei que muitos bebês e mães de UTI vivem uma rotina cansativa, mas necessária. Então, esse leite ajuda muito. Sempre tive esse sonho, essa vontade em ajudar, e depois que a minha segunda filha nasceu eu consegui amamentar com ajuda de uma rede de apoio e assim realizar meu sonho. Minha filha tem um ano e quatro meses, mama exclusivamente no peito e eu ainda consigo fazer doação de leite. Faço a doação há mais ou menos um ano, o que exige rotina, força de vontade e paciência. Mas é muito gratificante”.

 

Mamãe Estela Aparecida da Silva amamentando o filho: “Representar o Projeto Nutriz está sendo maravilhoso. Ele trouxe para mim mais amadurecimento. O pouco que doamos é muito para muitas crianças. É gratificante saber que o meu filho está sendo privilegiado por poder estar em casa e eu podendo alimentá-lo. Estou me sentindo especial em ajudar outras mães com seus filhos que estão em hospitais internados em UTI”.

 

Com assessoria

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