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Marechal

Pronto para entrar em operação

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O sonho de muitos anos de um município, e especialmente de uma classe produtora, está prestes a ser realizado e uma novela que se estende há quase dez anos perto de chegar ao fim. Embora a burocracia tenha causado o adiamento já em seis meses, a expectativa é que em julho a Frimesa comece a abater suínos em Marechal Cândido Rondon, a partir do arrendamento do frigorífico da Radar Indústria e Comércio de Frigorificados Ltda., em negócio firmado ano passado.

Apenas um entrave está impedindo que a cooperativa abra as portas da nova unidade rondonense, localizada às margens da BR-163, nas proximidades da comunidade de Novo Horizonte. “Havíamos nos preparado para começar a abater em janeiro. Desde então estamos trabalhando com paliativos para ir levando essa situação, mas já estamos em junho”, expõe o diretor presidente da Frimesa, Valter Vanzella, em entrevista ao Jornal O Presente.

De acordo com ele, o frigorífico já está todo pronto para começar a operar, tanto que foi realizada a última vistoria por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que houvesse o fornecimento do número do Serviço de Inspeção Federal (SIF), cuja documentação está em Brasília e com o trâmite possivelmente próximo de ser concluído.

“As pessoas que trabalharão no frigorífico já foram contratadas e passaram por treinamento em Medianeira (onde fica a sede da Frimesa). Está tudo pronto”, frisa Vanzella, detalhando que, além do número do SIF, o que impede o início do funcionamento da unidade de Marechal Rondon é a falta da designação de um médico veterinário do Ministério responsável em fazer a inspeção no frigorífico. “O que tomamos conhecimento é que a Superintendência do Mapa no Paraná está com dificuldade em número de veterinários para, no nosso caso, ser transferido para a indústria em Marechal Cândido Rondon. Foram feitos contatos com o ministro (Blairo Maggi) e eu, pessoalmente, estive com ele há poucos dias em Castro (PR) e com o superintendente no Ministério no Paraná (Alexandre Orios Bastos) com o intuito de buscar alternativa para resolver este problema. A informação mais recente é que veterinários de Goiás estariam sendo transferidos para o Paraná com o objetivo de suprir estas faltas”, detalha o dirigente.

O gestor enfatiza que a Frimesa tem hoje necessidade de colocar o frigorífico em funcionamento até porque a situação atual faz a cooperativa ter prejuízos financeiros. “Estamos abatendo suínos, mediante prestação de serviços, em Irati e vendendo grande parcela de suínos vivos, até tendo problemas em termos de resultado financeiro, porque o mercado é muito flutuante, diferente se estivéssemos industrializando”, aponta, emendando: “Acreditamos que dentro de poucos dias vamos começar a operar. O importante é que tudo está pronto e instalado. Inclusive muitas máquinas foram adicionadas por parte da Frimesa e estão todas no local. Resumo: a última vistoria da inspeção federal foi realizada e foi aprovada”, comenta Vanzella, que vai além: “Diria que a expectativa é muito positiva e esperamos que no mais tardar início de julho a Frimesa poderá começar a abater”, estima.

Conforme o dirigente, saindo o número do SIF e a designação de um veterinário por parte do Mapa, imediatamente a cooperativa poderá dar início ao abate de suínos em solo rondonense.

Diretor presidente da Frimesa, Valter Vanzella: “Esperamos que no mais tardar começo de julho a Frimesa poderá começar a abater”

Abate

Vanzella informa que inicialmente a unidade de Marechal Rondon vai abater em torno de 800 suínos/dia, mas o objetivo é logo ampliar para 1,4 mil suínos/dia. “Para isso precisamos fazer uma pocilga de sequestro, que é algo considerado simples. Esperamos fazer no menor tempo possível essa adequação legal, porque é mais burocrática do que física, para que possamos atingir a capacidade máxima de abate. Suínos têm sobrando na região”, enaltece.

 

Força política em ação

Nesta semana, o prefeito de Marechal Rondon, Marcio Rauber, juntamente com o deputado estadual Elio Rusch e o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara, se reúnem com o superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná, Alexandre Orios Bastos, para tratar sobre a situação do novo frigorífico da Frimesa no município.

“Vamos tratar deste assunto e usar a força política que nós temos para intervir junto ao Ministério da Agricultura para que a gente consiga, por meio destas ações, a indicação de um médico veterinário para o frigorífico visando permitir que se inicie imediatamente o abatimento destes animais no município”, informou o prefeito ao O Presente. “Não só a Frimesa e como as cinco cooperativas, mas o município está perdendo renda e temos a obrigação de interferir nisso para que se consiga resolver este impasse o mais rápido possível”, opina.

Conforme Rauber, tudo que cabia ao Poder Público municipal para que a unidade fabril comece a funcionar já foi realizado neste ano a partir do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado ano passado entre a Radar, Ministério Público e prefeitura, ainda sob a gestão do ex-prefeito Moacir Froehlich.

Prefeito de Marechal Rondon, Marcio Rauber: “Não só a Frimesa e como as cinco cooperativas, mas o município está perdendo renda e temos a obrigação de interferir nisso”

Entenda a novela envolvendo o frigorífico de suínos

Em 2008, a Radar iniciou a construção do frigorífico de suínos em Marechal Cândido Rondon em negociações que começaram ainda antes na gestão do ex-prefeito Edson Wasem. Na oportunidade, algumas lideranças políticas questionaram o termo de incentivo firmado entre a prefeitura e a empresa.

Isto porque o frigorífico recebeu incentivo por meio de uma lei municipal, na qual havia o acordo de repasse de R$ 5 milhões à época e mais alguns serviços que a prefeitura deveria efetuar, como a pavimentação na área interna e a construção de um trevo de acesso. Em contrapartida, a empresa deveria se comprometer em gerar um número determinado de empregos.

Alguns pontos neste acordo foram questionados e o caso foi parar na Justiça em um processo sobre suposta fraude em licitação e improbidade administrativa. Até hoje o Poder Judiciário não deu uma sentença sobre o caso.

Em 2010, dois anos depois de começar a construção e diante de dificuldades financeiras, a Radar anunciou a paralisação das obras. Tempo mais tarde a empresa voltou a investir na unidade de Marechal Rondon até a conclusão da parte física e a compra e instalação de equipamentos.

Ano passado, por fim, em uma rápida negociação houve o acordo de arrendamento do frigorífico para a Frimesa, cujo negócio foi anunciado em junho. A expectativa inicial é que em janeiro a cooperativa pudesse dar início às atividades.

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