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Rádio Difusora: 50 anos com os ouvintes de Marechal Rondon e região

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A história da imprensa rondonense teve início ainda antes da emancipação de Marechal Cândido Rondon com o serviço de comunicação via alto-falantes, a Alto-Falantes Guarany, que funcionava em três períodos por dia, nos momentos que se tinha energia elétrica, na época fornecida por uma usina de Novo Sarandi, interior de Toledo.

Apenas seis anos após a pequena comunidade de General Rondon se tornar município, surgia o próximo meio de comunicação da cidade, a Rádio Difusora, fundada em 1966. No último sábado (19) a emissora completou 50 anos.

Na época, quem teve a coragem de empreender no ramo foi Arlindo Alberto Lamb, primeiro prefeito eleito de Marechal Rondon e que trouxe de Três Passos (RS) Antônio Maximiliano Ceretta, que atuou como primeiro diretor geral da rádio. Ceretta residia no mesmo edifício da emissora e teve como vizinho Dirceu da Cruz Vianna, que era um dos comunicadores da Alto-Falantes Guarany e que completou 50 anos como radialista, aniversariando junto da Rádio Difusora.

Em 1966, os estúdios estavam prontos e se aguardava apenas a prefixação. Foi nesse período, em que eu trabalhava no extinto Banco Bamerindus, que a noite ia para os estúdios e brincava de fazer rádio, sem estar no ar, lembra Dirceu.

No dia 19 de novembro de 1966, a Rádio Difusora estava oficialmente inaugurada, tendo Dirceu como funcionário contratado para redação e locução. Ele integrou a primeira equipe de funcionários. Aí começou minha história no rádio, em um período em que fazíamos de tudo, desde a apresentação à redação comercial, destaca.

O radialista detalha que chegava na emissora ainda de madrugada para então ligar o motor que produzia a energia para o transmissor e a torre. Mas o grande problema é que não tínhamos nada de conhecimento, a não ser aquilo que aqueles anos forneciam. Usávamos jornais que chegavam com quase uma semana de atraso. A captação de notícias também era feita a partir de rádios como a Guaíba, Gaúcha, Globo e Bandeirantes, acrescenta.

Havia ainda programas de auditório com programação infantil, no antigo cinema de Marechal Rondon, e no salão principal do município da época um programa sertanejo em que os artistas locais se apresentavam e competiam, concorrendo a prêmios que contemplavam bicicletas, máquinas de lavar roupa, fogão, entre outros.

Já a transmissão de jogos de futebol exigiram muito mais dos comunicadores do que apenas a locução. Eram cerca de cinco campos de futebol no município, além dos salões da Igreja Católica e Evangélica e do campo e salão de Quatro Pontes, que tinham a transmissão via rádio. Era tudo com linha física. Essa linha era um arame liso, mas que precisava de um posteamento e de alguém que instalasse tudo. E nós fazíamos isso. Colocávamos os postes e depois a linha de acordo com a necessidade. Quando íamos para o campo usávamos essa linha para transmitir o som para a emissora e não tinha retorno. O retorno era um rádio que carregávamos e ouvíamos lá, rememora Dirceu.

 

Mayara Schaffner/OP

Dirceu da Cruz Vianna, que completa 50 anos como radialista, aniversariando junto da Rádio Difusora


Coberturas marcantes

O radialista lembra de muitas coberturas importantes para toda região, realizadas pela Rádio Difusora, entre elas o momento da queda da ponte de Sete Quedas, em Guaíra, a represa do Rio Paraná para formação do Lago do Itaipu e diversas coberturas esportivas. Uma das mais marcantes com certeza foi a vinda do então presidente do Brasil, Ernesto Geisel, em 1976. Toda cidade se mobilizou, reformas foram feitas, melhorias no aeroporto, um alto padrão em segurança para a época foi montado e trabalhamos muito, recorda, que ainda acrescenta: Fizemos também muitos amigos da imprensa de fora, até de outros países que vieram para cá acompanhar a vinda do presidente. Eles se instalaram onde hoje é a Câmara de Vereadores e enviavam as informações via Teléx, diz Dirceu.

 

Mais História

Quem também acompanhou de perto a evolução da emissora foi João Marcos Gomes, que começou como operador de som e esteve na rádio nas três sedes por onde ela passou em Marechal Rondon. Fui de operador a diretor da emissora, passando por praticamente todas as funções, comenta.

João Marcos atenta para a evolução do rádio, principalmente na área técnica. Tínhamos as famosas cartucheiras, gravadores de rolo quando comecei a trabalhar. O comercial, por exemplo, vinha em acetato, algo parecido com disco de vinil. Do mesmo modo, para rodar uma música, que hoje é só com um clique, o operador vinha com uma pilha de cartucheira, vários gravadores, mais uma pilha de disco. Tinha que pegar o disco, encontrar a faixa, o lado. Um trabalho que chamo de artesanal, detalha.

Trabalhando com rádio há 35 anos e completando 30 de casa Difusora, ele relata não se ver sem o trabalho como radialista. Fiz várias outras coisas, tenho outras atividades profissionais, mas o rádio faz parte de mim. É gostoso e agradável, inclusive digo que faz bem para a saúde, finaliza.

Mayara Schaffner/OP
Trabalhando com o rádio há 35 anos e completando 30 de casa Difusora, João Marcos Gomes Gomes relata não se ver sem o trabalho como radialista

 

 

Mudanças na condução da rádio

Há 23 anos quem está à frente da direção da emissora é Alcides Waldow. Ele comanda a equipe de 41 colaboradores da FM, que funciona 24 horas por dia, e da AM, que tem programação das 05 horas à meia-noite. O empresário adquiriu a rádio em 1993 do então proprietário Élio Winter. Vim visitá-lo e ele me disse que queria vender a Difusora. Como sempre fui negociador, pedi quanto ele queria. Winter pegou um papel onde colocou os valores e a forma de pagamento que desejava. Pedi para que ele assinasse e me dissesse quando ele desocupava o local, fato que ele me respondeu: hoje mesmo, detalha, emendando: Assim, pelas 16 horas comprei a rádio e às 22 horas assumi a direção, no mesmo dia, sem ter experiência alguma no ramo, declara.

O empresário destaca que sua facilidade em se comunicar com as pessoas ajudou muito e com o dia a dia na rádio adquiriu a experiência que necessitava. Me orgulha ver que tenho vários colaboradores que estão comigo há mais de 20 anos, enaltece.

Com o passar do tempo, a estrutura da emissora foi sendo melhorada e equipamentos adquiridos. Depois do 10º ano, Waldow conta que o trabalho se tornou mais fácil, houve aumento da potência, compraram transmissores novos, além de investimentos em estúdios de mais qualidade e em ambientes para receber as pessoas. Hoje conseguimos manter nossa estrutura, tradição e responsabilidade, que enquanto eu ou minha família estiverem à frente da Difusora serão mantidos com certeza. Agradeço a Deus, que tem cuidado de nós, da família Difusora, dos nossos ouvintes. Sou muito grato a eles, pois sem eles não existiríamos. Por fim, é gratificante saber que muito do que falamos na rádio está na casa das pessoas, nos almoços, no chimarrão do fim do dia. Assim fazemos parte da história das pessoas, de Marechal Rondon e de toda região, expõe o empresário.

Mayara Schaffner/OP

Sócio-proprietário da Rádio Difusora, Alcides Waldow: há 23 anos como diretor da emissora, ele comanda a equipe de 41 colaboradores da FM e AM

Migração de AM para FM

Buscando atender aos mais exigentes padrões estabelecidos pelo seu universo de ouvintes em toda região, a rádio alcança hoje o Oeste do Paraná, Sul do Mato Grosso do Sul e Paraguai. Os ouvintes acompanharão mais mudanças no mundo do rádio, incluindo a Difusora, com a migração da AM para FM. Segundo Waldow, a migração está ocorrendo por regiões e a documentação está pronta, aguardando apenas o calendário para o município de Marechal Rondon.

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