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Marechal Readaptação

Retomada das aulas presenciais impõe desafios aos colégios rondonenses

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(Foto: Daniel Felício/OP)

Após um ano e meio de ensino remoto, os colégios estaduais do Paraná retomaram as atividades 100% presenciais no dia 27 de setembro. O avanço da vacinação e a melhora dos indicadores da Covid-19 impulsionaram este retorno. Mas além de seguir à risca todas as medidas de biossegurança, as instituições estão tendo de enfrentar outros desafios. A readaptação dos alunos à sala de aula, a forma de lidar com as classes heterogêneas – formadas tanto por aqueles que tiveram suporte para aprender quanto com os que passaram longe dos cadernos durante a pandemia – e os casos de evasão escolar neste meio tempo são alguns deles.

Em Marechal Cândido Rondon são 4.131 estudantes matriculados nos 12 colégios estaduais. Em todos eles a palavra-chave pós-retorno é: acolher, tendo em vista que a perda de convivência escolar mexeu com o emocional de crianças e adolescentes.

Conforme a diretora auxiliar do Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, Karine Neitzke, a força-tarefa atual é combater a evasão de alunos. “Alguns não participavam mais das aulas on-line e nem voltaram às atividades presenciais. Em vista disso, a escola está agindo com todos os trâmites legais, como a inserção de órgãos de proteção e o encaminhamento para o Conselho Tutelar”, comenta.

Karine menciona há pais que se mostram resistentes ao retorno presencial dos filhos. “Alguns alegam que os filhos não estão vacinados, tendo em vista que na família há pais e parentes que apresentam comorbidades”, expõe.

Atualmente, a oferta da modalidade on-line (remota) está mantida apenas para estudantes que estiverem em isolamento ou quarentena para Covid-19, bem como para aqueles com atestado de comorbidade, alunas gestantes ou a critério/laudo médico.

 

Boa aceitação e resistência

Se por um lado há jovens com receio de voltar à rotina presencial, de outro há os que estiveram em contagem regressiva, ansiosos pela retomada da convivência escolar. No Colégio Estadual Eron Domingues, a diretora auxiliar, Lisane Rheinheimer, diz que a aceitação do retorno está sendo muito boa. “Já tínhamos uma grande parcela motivada pelos pais mesmo antes do Estado decretar a normativa do retorno presencial. Dos nossos 1,2 mil alunos, apenas 15 estão assistindo aulas remotas”, informa.

O dilema agora, segundo ela, é lidar com o grau da dificuldade de concentração, que aumentou durante os estudos on-line. “Temos que fazer o aluno estudar propriamente. Sentar, reler a matéria, fazer anotações. Notamos que eles voltaram com certa resistência ao estudo”, pontua.


Diretora auxiliar do Colégio Eron Domingues, Lisane Rheinheimer: “O dilema agora é lidar com o grau da dificuldade de concentração. Temos que fazer o aluno estudar propriamente. Sentar, reler a matéria, fazer anotações. Notamos que eles voltaram com certa resistência ao estudo” (Foto: Divulgação)

 

Desafios

No Colégio Estadual Frentino Sackser, o diretor Eloi Pickler conta que, além das lacunas que o ensino on-line deixou, outro desafio para a continuidade das atividades curriculares é a volta da convivência e a rotina escolar. “Os alunos ficaram um ano e meio assistindo aula on-line, muitas vezes sem ligar a câmera. Agora, encontramos dificuldade no sentido deles pedirem licença para ir ao banheiro, para beber água ou perguntam se podem consultar o celular na hora de fazer alguma prova. Retomar a rotina escolar está sendo um grande desafio”, frisa.

Por outro lado, ele destaca os pontos positivos. “A escola volta a ter vida com o contato das pessoas e a socialização dos alunos”, enaltece Pickler, salientando que alguns ainda não conheciam a estrutura do colégio. “Tem estudante que chegou à escola no início de 2020 e logo na sequência começou a pandemia. Agora, ele retorna e tem que ser apresentado ao ambiente”.


Diretor do Colégio Frentino Sackser, Eloi Pickler: “Encontramos dificuldade no sentido deles pedirem licença para ir ao banheiro, para beber água ou perguntam se podem consultar o celular na hora de fazer alguma prova. Retomar a rotina escolar está sendo um grande desafio” (Foto: Daniel Felício/OP)

 

Reta final

Para o fim do ano letivo o principal trabalho é a recuperação de notas e planejamento de repasses. “É um desafio para toda a equipe pedagógica. É necessário analisar o ponto do currículo escolar que o aluno está. Alguns conseguiram aproveitar bastante os estudos on-line, outros estagnaram”, aponta o diretor do Frentino Sackser.

A diretora auxiliar do Eron Domingues diz que nesta reta final ainda há tempo dos alunos buscar o que acabaram perdendo durante o ano letivo, já que este período foi de formas e intensidades diferentes para cada estudante. Para isso, Lisane comenta que o Estado lançou o programa “Se liga, é tempo de aprender mais”. “É uma oportunidade a qual buscaremos resgatar os alunos que tiveram dificuldade no aprendizado ou que se afastaram da escola. Não queremos deixar nenhum aluno para trás”, ressalta.

 

Dificuldade maior

Matemática, Física e Química. Se, muitas vezes, aprender os conteúdos destas matérias em tempos normais de rotina escolar já era um pouco complicado, assimilá-los nas aulas remotas, então, foi ainda mais difícil.

Os dirigentes dos colégios estaduais rondonenses apontam as matérias de exatas como as de menor rendimento por parte dos alunos durante a pandemia. “São matérias mais complexas de se explicar on-line. Tem que ter todo um acompanhamento e atenção redobrada e isso foi difícil no on-line, mesmo com os professores adaptando o conteúdo em telas, com a aquisição da lousa digital, que facilita a explicação”, explica a diretora auxiliar do Eron Domingues.

Já no Ceretta a dificuldade com as matérias de exatas atingiu outra vertente de dificuldade: a falta de professores. A turma do 6º ano ficou mais de 90 dias sem professor de Matemática, segundo a diretora auxiliar.
O Núcleo Regional de Educação de Toledo está ciente e já foram tomadas medidas, conforme a Orientação Conjunta 009/2021, que diz respeito ao Plano de Reposição de Aulas.

Nestes casos, a orientação é repor os conteúdos, caso haja a contratação de um professor substituto da matéria. Se não houver, algumas alternativas que podem ser cumpridas por parte da equipe pedagógica é a repetição de nota de alguns dos trimestres ou a turma ser atendida pela equipe pedagógica, que realiza ou registra demais atividades para que os alunos não fiquem com aula vaga.

 

Medidas protetivas

Com o retorno das aulas presenciais, os colégios devem seguir protocolos de segurança determinados por lei, como distanciamento de um metro entre as mesas na sala de aula (caso não seja possível abrigar todos os alunos com o distanciamento mínimo, como em turmas grandes, a Secretaria de Estado da Educação permite revezamento com aulas remotas); em salas de aula é obrigatório o uso de máscara em tempo integral; objetos e utensílios pessoais não podem ser compartilhados e deve haver limpeza e desinfecção pontual de ambientes e superfícies.

 

Expectativa para o Novo Ensino Médio

Para 2022, a expectativa é grande para o Novo Ensino Médio. Nos colégios Ceretta e Eron Domingues este assunto ainda é recente. “Temos poucas informações acerca de todo o processo, por mais que tenhamos áudios ou vídeos tutorais de como será esta implementação”, menciona a diretora auxiliar do Ceretta.

Os professores já estão passando por capacitações. “A partir do ano que vem, com as aulas presenciais desde o início do ano letivo, vamos preencher as lacunas dos últimos dois anos. Não foi fácil se reinventar e é importante que todos abracem as oportunidades oferecidas pelo Estado”, destaca Lisane.

Na opinião do diretor do Frentino, apesar das incógnitas referentes ao Novo Ensino Médio, a instituição não vai sofrer tanto por ser cívico-militar. “Já temos uma grade curricular com seis aulas, organização de transporte escolar em relação a isso e um horário maior de permanência do aluno. Então, neste primeiro ano, sofreremos um impacto menor em relação aos outros colégios. O desafio maior será a parte pedagógica, de estruturação de conteúdo e disciplinas”, prevê Pickler.

 


No Colégio Eron Domingues, dos 1,2 mil alunos matriculados, apenas 15 estão assistindo aulas remotas (Foto: Divulgação)

 

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