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Marechal Extremo Oeste

Rondonense vence 65º Prêmio Jabuti na categoria “Escritor estreante”

Obra também venceu o VI Prêmio Cepe Nacional de Literatura

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(Foto: Leonardo Wen)

O paranaense Paulo Fehlauer, nascido em Marechal Cândido Rondon, é o vencedor da categoria Escritor (a) Estreante (Eixo Inovação) do 65º Prêmio Jabuti, com o romance Extremo Oeste, lançado pela Cepe Editora. O anúncio foi feito na noite de terça-feira (5), em cerimônia realizada no Theatro Municipal de São Paulo.

Extremo Oeste também venceu o VI Prêmio Cepe Nacional de Literatura.

“A primeira obra carrega todo um aprendizado sobre o trabalho da escrita, então envolve muita entrega do autor, além de muita expectativa. Foi assim com Extremo Oeste, um livro em que explorei temas muito próximos à minha experiência e às memórias da região em que cresci. Além do reconhecimento, o prêmio é um grande estímulo para a continuidade do meu trabalho com a literatura”, destacou Paulo Fehlauer.

Novidade apresentada na edição 2023 do Jabuti, a categoria Escritor (a) Estreante se configura como uma oportunidade oferecida pela Câmara Brasileira do Livro, organizadora do concurso, para dar visibilidade a um(a) escritor(a) em seu primeiro livro. É uma janela para o iniciante alcançar um público amplo e uma forma de estimular outras pessoas a escreverem seus textos e livros, de acordo com a CBL. Paulo Fehlauer concorreu com outros quatro autores: Cristianne Lameirinha (A tessitura da perda, Editora Quelônio), Júlia Portes (O céu no meio da cara, NAU Editora), Valentim Biazotti (Síngulas Brasilis Fantásticas, Editora Penalux) e Leonardo Piana (Sismógrafo, Edições Macondo). Este ano, o Jabuti registrou 4.245 obras inscritas em 21 categorias, com quatro eixos.

“Eu estava com grande esperança e muito seguro de que o livro do Paulo poderia vencer, pela originalidade e qualidade da obra. Ele dedicou dez anos na construção do romance. Recomendo muito a leitura de Extremo Oeste. A Cepe está duplamente de parabéns. Primeiro, por lançar novos autores como ele, quando criou um prêmio literário de âmbito nacional; segundo porque vencer qualquer das categorias do Jabuti é uma referência para todo autor e editora deste país. Na cerimônia, estavam na plateia do majestoso Theatro Municipal de São Paulo representantes das maiores casas editoriais brasileiras. Este é mais um reconhecimento do trabalho que a Cepe, uma editora do Estado, vem desenvolvendo desde 2008, investindo na profissionalização de suas equipes. Estou muito feliz em compartilhar com todos mais essa conquista”, afirma o jornalista Ricardo Melo, diretor de Produção e Edição da Cepe.

A OBRA

De acordo com Paulo Fehlauer, escritor, artista visual e pesquisador, o livro traz elementos autobiográficos.

“Não só pelos cenários, eventos e até imagens, que são os da minha vivência desde a infância, mas também pelas reflexões que ele propõe”, declara. “Se dá para sintetizar o romance de alguma forma, eu diria que ele explora esse limiar em que a experiência individual e a coletiva se encontram e se misturam, em que o histórico se torna pessoal e vice-versa”, revela.

O livro foi escrito de 2014 a 2017, período em que Paulo cursou a especialização Formação de Escritores, no Instituto Vera Cruz. “Digo que ele foi ‘gestado’ ali porque, mais do que formação técnica, o curso proporcionou um ambiente de criação, leitura e discussão muito frutífero, e que trabalhou principalmente a minha segurança diante do texto. Depois veio uma longa fase de maturação e lapidação, com a leitura atenta de amigos e colegas, que resultou no livro publicado”.

Em Extremo Oeste, Marcello é um amigo de infância desaparecido, a quem o narrador se dirige, ao longo de 224 páginas, na tentativa de encontrá-lo. Nesse percurso, fotografias em preto e branco, memórias e cartas revelam aflições e lugares não identificados que funcionam como rastros. Durante vários capítulos, o narrador se questiona sobre se existe uma história a ser contada.

“É que talvez não haja uma história, se posso ser franco. Talvez não haja um começo possível e o fim se dê em um gesto de desistência. Ou de abandono. Talvez esta seja a única forma de falar de algo que não existe. Mas é claro que alguma coisa sempre existe”. O título foi publicado pela Cepe Editora em 2022.

O AUTOR

Paulo Fehlauer nasceu em Marechal Cândido Rondon, oeste do Paraná, em 1982, e reside em São Paulo (SP). Graduado em jornalismo e doutorando em Teoria e História Literária na Unicamp, ele é fotógrafo, produtor audiovisual e artista visual. Em 2008, fundou o Coletivo Garapa, com o qual desenvolve uma trajetória artística que inclui trabalhos exibidos em instituições como Masp, MAM-SP, MIS-SP e Instituto Moreira Salles.

(Foto: Leonardo Wen)

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