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Marechal De Marechal Rondon a Porto Alegre

Rondonenses fazem cicloviagem de 1,5 mil quilômetros

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Com destinos no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ciclistas rondonenses marcaram presença no Parque Vila Velha (Foto: Divulgação)

Cruzar três Estados brasileiros, com destino final a cerca de 960 quilômetros, geralmente é uma viagem feita de carro, ônibus ou até avião. Não para os rondonenses Sérgio Mokfa e Adriano Kotz, que fizeram o trajeto de bicicleta.

Eles saíram de Marechal Cândido Rondon no dia 30 de março, por volta das 04h30, e deram início à aventura, que durou 11 dias, todos em cima da bike. Por fim, mais do que 960 quilômetros, eles atingiram a quilometragem de 1,6 mil.

 

Planejamento

Para uma viagem como essa, o planejamento precisa ser intenso, assim como a preparação, que começou ainda no ano passado. Antes de tudo, a escolha do destino.

“Estávamos em uma pedalada, quando disse para o Adriano que estava pensando em ir até Porto Alegre. Ele riu e disse que também estava pensando em ir para a Capital gaúcha”, conta Mokfa.

Escolhido o destino, planejaram um itinerário com 1,5 mil quilômetros para superar o pedal de mil quilômetros recém-concluído por eles. “O roteiro foi definido de acordo com os lugares que queríamos visitar”, menciona Kotz.

Na rota, eles incluíram o Parque Vila Velha, a Serra do Rio do Rastro, os cânions da divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul e as cidades turísticas Gramado e Canela, além de visitar familiares. “Alguns parentes me localizaram via redes sociais, então decidi visitá-los. Para tanto, pernoitamos nas cidades deles, sendo São José dos Pinhas (PR), Caxias do Sul (RS) e Porto Alegre (RS)”, comenta Mokfa.

As cidades e locais de pernoite estavam decididos, porém o roteiro foi alterado conforme a necessidade. Os rondonenses voltaram de ônibus, em uma viagem de 15 horas em que puderam gravar na mente os dias de aventura. “Conseguimos concretizar no dia planejado, mas pelo horário que finalizamos tivemos que esperar um dia para pegar o ônibus para retornar a Marechal Rondon”, lembra Kotz.

Munidos de força de vontade e bicicletas, Adriano Kotz e Sérgio Mokfa foram de Marechal Rondon a Porto Alegre, Capital do Rio Grande do Sul

 

Que dia complicado!

Kotz e Mokfa, 41 e 46 anos, respectivamente, quando saíram de Marechal Rondon tinham como destino o município paranaense de Nova Laranjeiras, a 204 quilômetros para a primeira parada. O primeiro perrengue “dos bravos” surgiu no terceiro dia da viagem. Os rondonenses estavam quase chegando em Ponta Grossa para pernoitar depois de um dia chuvoso, com água, areia e sujeira pesando sobre eles, quando a corrente da bike de Mokfa trancou no câmbio dianteiro. Eles fizeram um conserto momentâneo e no dia seguinte, sábado (02 de abril), a magrela “baixou” na bicicletaria. A peça foi endireitada e colocada de volta, mas os ciclistas já foram avisados que ela estava gasta e torta: “Daria para prosseguir o pedal, mas teria que ser substituída em breve”, disseram os mecânicos.

O “tudo certo” da peça não durou nem dez quilômetros e os problemas recomeçaram. “Não subia as coroas, algumas vezes não descia e em outras descia duas de uma vez. Algumas vezes eu usava somente duas coroas, a terceira não subia. Tive que ficar assim por dois dias depois do breve conserto de sábado pela manhã, porque no domingo o comércio não abre. Troquei a peça somente na segunda-feira (04 de abril), em Balneário Camboriú”, expõe Mokfa.

Para Kotz, esse terceiro dia, além do problema mecânica, foi um dos mais difíceis devido à chuva que os acompanhou. “No dia da Serra do Rio do Rastro, que é bem íngreme e com a estrada de chão, aumentou a dificuldade. Também tivemos outras subidas pesadas, que, com o peso da bolsa que levamos, foram complicadas”, considera. As temperaturas variaram entre 10ºC e 22ºC durante o pedal e, fora o terceiro dia que foi de muita chuva, os rondonenses enfrentaram apenas garoas e pancadas esporádicas”, acrescenta Mokfa.

 

Selante não deu conta

Depois disso, o fantasma dos problemas mecânicos só os assustou mais uma vez. “Faltavam uns 45 quilômetros para chegar ao pernoite em Caxias do Sul quanto tive um furo no pneu. Tenho selante e tirei pelo menos uns cinco arames que tinham sido vedados, mas o prego dessa vez parecia bem enferrujado e ocasionou uma abertura que o selante não conseguiu vedar”, comenta o ciclista de 46 anos. Eles resolveram o problema, mas acabaram chegando ao destino do dia mais tarde do que o previsto.

 

Pedal cansativo e paisagem excepcional

Kotz conta que o percurso entre Nova Petrópolis e Gramado, no Rio Grande do Sul, foi complicado para pedalar, porque a rodovia não tinha acostamento e o trânsito era constante.

Na segunda metade da viagem, especificamente no oitavo dia, foi um momento especialmente cansativo para Mokfa. Eles passaram pelos municípios catarinenses de Lauro Muller, Bom Jardim da Serra e São José dos Ausentes em um trecho de 101 quilômetros, 2,3 mil metros de elevação acumulada e apenas dez quilômetros de asfalto – o restante em estradas de terra. “Optamos por esse trajeto para encurtar um pouco o caminho daquele dia. Tivemos alguns momentos bons e outros com bastante pedras e muitas subidas, mas a paisagem era excepcional. Um dos dias mais bonitos para fotos e filmagens”, enaltecem.

Na descida da Serra do Rio do Rastro, os ciclistas rondonenses chegaram a ultrapassar os caminhões. Na subida, a coisa mudava (Foto: Divulgação)

 

Guias desconhecidos

Nessa “encurtada de trajeto” eles se depararam com dois caminhos: um que entrava para um parque de energia eólica, mas que estava com o portão fechado, e outro que passava por uma fazenda privada. De olho no Google Maps, tiveram que escolher a segunda opção. “Estávamos no começo da estrada que atravessava a fazenda quando surgiu um senhor em uma caminhonete, fiz sinal para ele parar e conversamos sobre a rota. Ele disse que aquele caminho era longo e o fazendeiro era conhecido por não deixar ninguém passar por lá. Se isso acontecesse, perderíamos muito tempo para voltar, comprometendo todo aquele dia. Esse senhor tinha uma pousada dentro do parque eólico e, por isso, tinha acesso para passar pela outra estrada. Ele foi à casa dele, pegou o cartão de acesso ao portão e pudemos seguir viagem”, relata Mofka.

Apesar da entrada facilitada pelo catarinense desconhecido, eles se depararam com uma outra estrada bastante peculiar nesse trajeto. “O Google Maps indicava uma rua que parecia de pouco tráfego, estreita e com muitas pedras soltas. Ao lado dessa estrada tinha uma casa e falamos com o morador, pedindo se tinha saída ou não. Ele disse que aquela era uma estrada muito antiga, rota de escravos de muitos anos atrás, e recomendou que não seguíssemos por lá. Voltamos, então, a estrada principal”, contam os ciclistas.

 

A mais difícil

Ao todo, os ciclistas percorreram 1.683 quilômetros de bicicleta em uma elevação total de 20.309 metros, sendo que o plano era cumprir a quilometragem em dez dias, o que foi aumentado em um dia pelos problemas mecânicos enfrentados. “Por ter sido a cicloviagem mais longa, por termos subido a Serra do Rio do Rastro e pedalado quase 90 quilômetros de estrada de chão em um dia, esse foi o pedal mais difícil até o momento que realizei”, considera Kotz. Mokfa, por sua vez, classifica a cicloviagem no nível de moderado a difícil. “Vai variando a dificuldade a cada pedal e à maneira que cada um lida com vários dias pedalando”, pontua.

 

E a próxima?

Os ciclistas de Marechal Rondon ainda não têm outras cicloviagens em vista, mas adiantam que os próximos pedais possivelmente não serão tão longos quanto esse.

É preciso ter certo preparo físico para cicloviagens tão extensas, mas os rondonenses ressaltam que com dedicação e força de vontade qualquer um pode se aventurar. “Não tem opção melhor do que viajar de bike. Com ela você não somente vai nos locais, mas também faz parte deles, sente na pele suas subidas e descidas, seja com o vento contra ou a favor, passando frio ou calor, contemplando o mar ou a serra. Ir de bike faz com que você seja parte do ambiente”, enaltecem.

Estádios dos gigantes do Sul foram pelos ciclistas (Fotos: Divulgação)

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