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Secretária de Saúde esclarece mortes de pacientes após atendimentos no 24 Horas e Hospital Municipal

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Marechal Cândido Rondon vive dias sombrios na área da saúde púbica. Em menos de três dias, dois pacientes morreram após serem atendidos no Hospital Municipal Dr. Cruzatti e na Unidade de Saúde 24 Horas e posteriormente transferidos para hospitais da região.

O primeiro caso aconteceu na última quinta-feira (22), quando veio a óbito a rondonense Josiane Felipe, de 25 anos. No último dia 12, a jovem deu entrada no Hospital Municipal Dr. Cruzatti em trabalho de parto. Durante o procedimento houve complicações e, devido à gravidade da situação, ela precisou ser transferida no mesmo dia de helicóptero a um hospital de Palmas. No entanto, apesar dos esforços médicos, ela faleceu na noite de quinta-feira.

A reportagem do Jornal O Presente conversou com um familiar de Josiane, o qual relatou que teria sido aplicada uma injeção errada durante o parto normal. Segundo afirmou a fonte, deveria ter sido aplicado um remédio para contrair o útero e não dar hemorragia. “A enfermeira fez a aplicação, mas só depois viu que era um relaxante muscular, porque os frascos eram iguais. Na hora deu parada cardíaca e aconteceu tudo isso”, lamentou. “Agora vamos batalhar pelos nossos direitos, pois ficaram duas crianças (sem mãe)”, acrescentou.

 

Segundo caso

Já na manhã do último domingo (25) mais uma notícia sobre morte de paciente começou a percorrer os veículos de comunicação e as redes sociais. Desta vez, um menino de três meses, com suspeita de meningite, faleceu no Hospital Bom Jesus de Toledo. Ele foi atendido duas vezes na Unidade de Saúde 24 Horas Rondon, mas, diante da suspeita da doença, foi transferido para o hospital de referência da região.

De forma extraoficial, começou a ser cogitada uma possível demora no atendimento por parte do pediatra que estava de plantão no 24 Horas. No entanto, tal informação foi desmentida pela secretária de Saúde, Marciane Specht. “O questionamento sobre a possível demora no atendimento da criança está descartado. Temos registrado em nosso sistema todos os procedimentos. O doutor fez o atendimento inicial, iniciou a medicação e chamou pediatra, que veio até a unidade começou todas as tratativas, prescrevendo medicação, coletando material para exames e contatando o Samu e a unidade de referência da região, que é o Hospital Bom Jesus. Então não houve demora no atendimento, e o nosso sistema comprova isso, pois através do Protocolo de Manchester fica registrado desde a triagem até os atendimentos”, declarou à reportagem de O Presente, ontem (26).

Diante da repercussão da notícia da morte da criança, surgiram comentários raivosos e críticas por parte da população, que se diz indignada com a situação da saúde no munícipio. Entre as principais críticas está o fato de os pais terem levado o bebê duas vezes até o 24 Horas e somente na segunda vez terem sidos encaminhados para Toledo. “A criança adentrou na Unidade de Saúde 24 horas no sábado (24) pela manhã, com queixa de dor no ouvido, vômitos e com 36.6ºC de temperatura, ou seja, sem febre. Então o plantonista atendeu a criança, a medicou e, posteriormente, a mesma foi liberada”, expõe a secretária de Saúde, que ressalta que o menino não detinha de documentos pessoais, ou seja, o registro de nascimento. Então, segundo ela, como é de praxe, a equipe da Unidade de Saúde acionou o Conselho Tutelar, que acompanhou a consulta.

Conforme Marciane, a criança retornou ao 24 Horas à noite com as mesmas queixas, porém com uma febre de 39.4ºC. Segundo relatou a secretária, entre o atendimento pelo Protocolo de Manchester até o início do atendimento com medicações, passou no máximo 15 minutos. “Ela (criança) entrou às 0h43 e às 0h55 já estava sendo atendida”, frisa, reiterando que não houve demora no atendimento da criança, como foi divulgado extraoficialmente por alguns órgãos de imprensa.

 

Exames

“A princípio, o resultado dos exames apontou bactérias gram-negativas, o que é indício de meningite meningocócica, mas nós temos por rotina sempre encaminhar amostra deste material para o Lacen (Laboratório central do Estado do Paraná), que no prazo máximo em 30 dias faz a devolutiva ao município para que possamos fechar a investigação epidemiológica”, explica a secretária de Saúde. “Essa investigação inicia no Setor de Epidemiologia do município e depois é encaminhada ao Setor de Epidemiologia da 20ª Regional de Saúde, onde é feita a análise e a conclusão do caso”, acrescenta.

 

Sindicância vai apurar os fatos

Em relação ao caso da jovem Josiane Felipe, que faleceu na última quinta-feira (22), Marciane declara que já foi instalada uma comissão de sindicância, que passa a apurar todos os fatos envolvidos ao atendimento da paciente em questão. “Essa comissão, juntamente com o jurídico da prefeitura, vai analisar os fatos e após concluído esse processo de sindicância será passado para um processo disciplinar, que é a segunda etapa dentro da administração pública. O caso está sob investigação e nós, enquanto município, estaremos tomando as condutas necessárias para que o caso seja esclarecido”, afirma a secretária.

 

Hospital está equipado

Outra questão que foi levantada após a morte da jovem é que o Hospital Municipal não teria equipamentos para entubar a paciente. Marciane, por sua vez, afirma que isso não aconteceu e que o hospital está totalmente equipado, inclusive antes mesmo do início da realização dos partos e das cesáreas a unidade já tinha disponíveis esses equipamentos e materiais necessários. “Situações de urgência e emergência sempre acontecem, em qualquer ambiente de saúde. Tanto na Unidade de Saúde 24 Horas, quanto no Hospital Municipal, nós temos os equipamentos necessários para estas situações”, salienta a secretária.

A matéria completa poderá ser conferida na edição impressa do O Presente desta terça-feira (27).

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