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Marechal "Boom" de contratações

Vendas de consórcios estão em alta em Marechal Rondon

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

Menos viagens, menos visitas a restaurantes, novos modelos de trabalho (incluindo home office) e mais compras on-line. As mudanças de comportamento impostas pelos últimos 15 meses de pandemia foram inúmeras e fizeram muita gente repensar as prioridades. Ainda assim, apesar do ano ter sido marcado por todo tipo de incertezas e desafios, o consumo das famílias tem dado sinais de retomada.

Um dos setores que lidera esta recuperação, alcançando recorde nas vendas, é o de consórcios. Em 2021, o sistema alcançou a marca histórica de oito milhões de consorciados ativos em todo o país com um crescimento de 31% nas vendas de cotas entre todos os segmentos, segundo indica a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).

Esse aumento na aquisição de cotas de consórcios estaria relacionado à reavaliação de prioridades por parte dos consumidores e a um novo hábito de controle orçamentário, em que compras e despesas são planejadas em família. Como períodos de pandemia e grandes momentos históricos tendem a colocar em perspectiva as necessidades reais de consumo, boa parte dos consumidores passa a poupar ou investir seus recursos para a formação ou ampliação de patrimônios, em detrimento das compras realizadas por impulso.

Neste contexto, o segmento de consórcios seduz quem tem receio de financiamentos, porque nesta modalidade de crédito, basicamente, o cliente assegura seu poder de compra à vista, mas em longo prazo.

Por meio de grupos organizados, os consorciados formam uma poupança conjunta para aquisição dos bens objetivados e, mesmo sendo um investimento em longo prazo, há possibilidade de ser contemplado antes da hora.

 

Reorganização financeira

Depois de alguns “baques” sofridos por causa da pandemia, muitas pessoas reorganizam seus orçamentos. É o caso de rondonenses, que têm se mostrado entusiastas dos consórcios e fizeram com que empresas do ramo e cooperativas de crédito registrassem aumentos expressivos nas contratações.

No Sicoob Confiança, por exemplo, segundo o gestor de produtos e serviços Hércules Silva, houve crescimento de 256,54% na comercialização desse produto de janeiro a julho deste ano, comparado ao mesmo período de 2020, via Unicoob Consórcios. “Foi uma alavancada muito grande”, enaltece.

Ele credita o crescimento à necessidade crescente de programar compras de bens de valores, demanda que expandiu o setor em Marechal Cândido Rondon. “Diversas empresas abriram nesse ramo e cada vez mais as instituições financeiras se especializam. Há mercado para todos”, assegura.

Gestor de produtos e serviços do Sicoob Confiança, Hércules Silva: “Cooperativismo e consórcios andam juntos. Ambos são grupos de pessoas que se unem e contribuem para trazer prosperidade a todos” (Foto: Divulgação)

 

Grupos saudáveis

A liberação do consórcio, de acordo com Silva, depende de análise de crédito, o que, na avaliação dele, concebe seriedade ao grupo e garante a contemplação. “São compostos por pessoas sem impeditivo financeiro, porque o consórcio é uma operação de crédito e conta com idoneidade. A grande maioria é assalariada, com renda de salário fixa e se programa para adquirir um bem. Existem também muitos empresários que adquirem a carta de crédito para investimento”, expõe.

Apesar de abranger uma grande variação de bens, o gestor de serviço menciona que o mais procurado segue sendo o consórcio imobiliário. “As pessoas buscam aumentar o patrimônio ou até adquirir seu primeiro imóvel. Temos também uma carteira muito grande de consórcio de automóveis e de serviços como viagens, cirurgias plásticas, equipamentos rurais, da piscicultura, tratores e colheitadeiras. Enfim, existe uma infinidade, mas os imóveis ainda são o grande chamariz, seguido pelos de automóveis e de serviços”, relata.

Para Silva, o consórcio é uma alternativa mais segura, que evita “suicídios financeiros”. “As pessoas estão mais racionais, não deixam de usufruir bens de primeira, mas se planejam para isso da forma correta”, analisa.

O gestor do Sicoob Confiança afirma que cooperativismo e consórcio andam de mãos dadas. “São grupos de pessoas que se unem e contribuem para trazer prosperidade a todos”, enaltece.

 

Fuga dos juros

Na fuga de altos juros, ele diz que a maior vantagem do consórcio é a compra programada, sem juros exorbitantes. Segundo aponta, há financiamentos em que as taxas chegam a dobrar o valor do bem. “No consórcio você sabe quanto vai ser a taxa de administração, analisa e divide pelos meses que paga. Ela é praticamente irrisória se comparada com a taxa de juros. Sem falar do prazo, que geralmente é menor”, detalha, pontuando que, como consequência às taxas atrativas, o poder de compra aumenta.

 

Sem mágica

A desvantagem do consórcio, conforme Silva, é a comercialização, pois demanda de uma seleção de consorciados com potencial. “Muitas empresas vendem a meia parcela e isso chama atenção, mas uma hora a conta vai chegar. Não existe fórmula mágica, consórcio deve ser feito com pessoas de confiança e de fácil acesso, não com aventureiros”, ressalta.

 

Acompanhando porcentagem nacional

Há 21 anos no mercado, a Braatz Consórcios, de Marechal Rondon, percebeu o crescimento por novos créditos na mesma proporção que o índice nacional. “Sentimos um aumento na casa de 25% em nossa loja e acredito que a pandemia teve uma influência positiva. No primeiro momento houve surpresa, mas a necessidade de buscar crédito contribuiu muito e os brasileiros têm conseguido se programar financeiramente e planejar compras ou trocas”, mensura o sócio-proprietário do estabelecimento, Carlos Braatz.

O carro-chefe na empresa especializada segue sendo o consórcio para veículos, mas Braatz nota também uma grande procura no segmento imobiliário, principalmente por investidores. “O perfil do público consumidor dos consórcios é de jovens com o primeiro emprego, novos casais, pessoas estabilizadas e empreendedores”, detalha.

Carlos Braatz, da Braatz Consórcios: “O consórcio é a segunda melhor maneira de adquirir um bem; a primeira é à vista. Sentimos um aumento na procura de cerca de 25% em nossa loja” (Foto: Divulgação)

 

Só perde para o “à vista”

Com taxas atrativas, “o consórcio é a segunda melhor maneira de adquirir um bem; a primeira é na modalidade à vista”, enfatiza o rondonense. “Se o planejamento for para a compra do bem em 36 ou 48 meses, esse será o tempo que você precisa para adquirir o bem se estiver guardando o dinheiro por si. Já no consórcio há possibilidade de ser contemplado por sorteio, lance fixo e lance livre”, compara.

 

Realocação de gastos

O gerente de Desenvolvimento de Negócios da Sicredi Aliança, Marcio Luiz Roweder, também é da opinião de que a pandemia motivou um novo modo de viver e gerou motivações para aquisições de cotas de consórcio. “As pessoas perceberam que estavam gastando demais, devido à ansiedade, e, em momento de reflexão, concluíram que deveriam se organizar melhor para dispor as sobras em objetivos claros e seguros. Entre os indicativos está a realocação de gastos com vistas a dar um destino ao dinheiro economizado, ou seja, algo tangível como a aquisição de um bem”, menciona, lembrando que o consórcio serve como substituto da poupança.

Nesse momento de mudanças, investimentos ou aquisições de grande porte estiveram fora de cogitação e compras à vista não foram prioridade, especialmente em transações que demandam grandes quantias, indica Roweder. “Houve a necessidade de manter uma reserva para qualquer emergência”, salienta.

Gerente de desenvolvimento de negócios da Sicredi Aliança, Marcio Roweder: “O crescimento deste ano na cooperativa foi de 34%. Especificamente nas agências de Marechal Rondon houve um aumento de 13,7%” (Foto: Divulgação)

 

Acima do planejado

Segundo ele, o aumento nesta modalidade ficou acima do planejado na Sicredi Aliança. “O crescimento deste ano na cooperativa foi de 34%. Especificamente nas agências de Marechal Rondon houve um aumento de 13,7%”, mensura.

A taxa de administração fixa para o período supre o pagamento de juros, reforça o gerente, ao mesmo tempo em que torna os sonhos de consumo realidade. “A desvantagem é que pode demorar para conseguir o bem planejado. Tem que aguardar ser sorteado ou ofertar um lance. Tanto pode demorar como acontecer logo. Não há como prever”, observa.

Para as pessoas com necessidades imediatas Roweder indica a tomada de crédito.

 

Perfil dos consorciados

Ele ressalta que a compra à vista tende a ser mais barata, contudo, muitas pessoas têm dificuldades em guardar dinheiro. “O consórcio é um produto para este público. Pessoas que querem adquirir um bem, um serviço ou mesmo sacar o dinheiro após o término do plano. O pagamento é de forma compulsória, ou seja, mensalmente a pessoa tem o compromisso de pagar a parcela”, explica.

Essa vantagem é demonstrada pela ascensão de jovens que têm procurado as cartas de crédito. “Uma pesquisa da Abac sobre potencial financeiro e investimentos, em especial nos consórcios, indica ascensão de jovens, nas faixas etárias dos 18 aos 34 anos. Os resultados mostram que os imóveis estão em primeiro lugar na hora da escolha”, comenta.

Considerando o interesse de compras especificamente por imóveis, veículos e motocicletas, os percentuais variaram. “Enquanto 93% dos entrevistados de 18 a 24 anos se referiram mais ao imóvel, 91% mencionaram o carro e 43% sinalizaram a moto. Na faixa dos 25 aos 34 anos, 89% registraram a casa própria, seguida pelo automóvel novo ou usado com 85% e pela moto com 29%”, enumera.

Dos seis indicadores, Roweder diz que cinco apresentaram crescimento nos acumulados de comercializações. “São veículos pesados, com 84,1%; imóveis, com 68,9%; eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, com 56,3%; veículos leves, com 27,7%; e motocicletas, com 20,4%. Apenas um indicador apontou redução: serviços, com -16%, o que pouco interferiu no crescimento geral”, finaliza.

Existe uma infinidade de consórcios, mas aqueles voltados à aquisição de imóveis ainda são o grande chamariz no mercado (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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