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Municípios Bancos de macrófitas

Alta concentração de nutrientes na água muda paisagem no Lago de Itaipu

Vegetação que surge na superfície do rio é efeito da abundância de nitrogênio e fósforo. Bióloga afirma que fenômeno é natural, não indica poluição ou prejuízos ao meio ambiente

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(Foto: Divulgação)

Vez ou outra moradores da região lindeira se deparam com uma paisagem diferente quando observam as águas calmas do Lago de Itaipu. Trata-se de uma vegetação que cobre a superfície do rio em alguns trechos.

O “visual” é uma reação natural do meio ambiente a mudanças da água do lago e as plantinhas avistadas são chamadas de macrófitas aquáticas, podendo ocorrer em locais isolados ou, como mais chama atenção, ocupando grandes trechos.

“Estas plantas são adaptadas para viver na água e são comuns nos ambientes aquáticos sem correnteza, como represas, lagos e reservatórios. Existem três tipos comuns no reservatório de Itaipu: as flutuantes; as emergentes, que têm as raízes no fundo e as folhas saem acima da linha d’água; e as submersas, que ficam completamente dentro da d’água”, detalha ao O Presente a bióloga da Divisão de Reservatório de Itaipu, Jussara Elias de Souza.

Ela explica que as áreas com aglomeração dessas plantas são chamadas de bancos de macrófitas. “Esses espaços são ecologicamente importantes para o ambiente, porque proporcionam áreas que podem ser usadas como esconderijo e locais para alimentação e reprodução de peixes e outros organismos aquáticos”, menciona.

Um indicativo de poluição?

Quando há um aumento na concentração de nutrientes na água, principalmente de nitrogênio e fósforo, as macrófitas se reproduzem mais e formam grandes bancos, aponta Jussara. “O aumento das plantas indica alterações na qualidade da água, resultantes das atividades que ocorrem na bacia hidrográfica, o que é chamado de florescimento de macrófitas. Este é um indicativo de que houve um aumento na concentração de nutrientes, que têm como principal fonte a fertilização da agricultura ou os lançamentos de efluentes domésticos, industriais ou provenientes da pecuária nas águas. Esses lançamentos podem ocorrer muito distantes do local de florescimento das plantas, portanto o acúmulo das plantas não indica, necessariamente, que aquela região está poluída”, expõe.

A reportagem do O Presente recebeu um registro da concentração, além do normal, de macrófitas aquáticas feito na semana passada em Entre Rios do Oeste. Jussara diz que, aparentemente, o que predomina no registro é a macrófita flutuante chamada de alface d’água, de coloração verde claro. “Normalmente, nestes bancos de alface d’água ocorre também o aguapé (gênero Eichhornia) e a orelha de rato (do gênero Salvinia), espécies nativas”, ressalta.

Registro da concentração de macrófitas aquáticas feito na semana passada no Lago de Itaipu em Entre Rios do Oeste (Foto: Divulgação)

Sem prejuízos

Apesar de curioso, o surgimento de bancos de macrófitas não oferece prejuízos àqueles que exploram as águas do lago. “A água para consumo humano, por exemplo, necessitará de um tratamento adequado para que o produto esteja dentro dos padrões de potabilidade preconizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), porém não é impeditivo para a captação. As plantas flutuantes não atrapalham o lazer e a navegação, mas grandes bancos de plantas aquáticas enraizadas podem dificultar a passagem de embarcações”, salienta.

Bióloga da Divisão de Reservatório de Itaipu, Jussara Elias de Souza: “O monitoramento de macrófitas aquáticas é parte do programa de monitoramento da qualidade da água, em que há um acompanhamento delas ao longo do tempo e uma avaliação do progresso das plantas invasoras” (Foto: Divulgação)

Monitoramento

Jussara conta que há ocorrência de macrófitas não nativas e com potencial invasor no reservatório de Itaipu. “A Itaipu monitora a qualidade da água do reservatório desde a formação do reservatório e o resultado deste monitoramento auxilia na identificação de áreas prioritárias para a atuação do programa de Gestão de Bacias, por exemplo. O monitoramento de macrófitas aquáticas é parte do programa de monitoramento da qualidade da água, em que há um acompanhamento delas ao longo do tempo e uma avaliação do progresso das plantas invasoras”, diz.

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