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Com preço e dólar em alta, produtores de Marechal Rondon e região se preparam para o plantio da soja

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

Depois de uma safrinha de milho cheia de percalços, as lavouras da região Oeste do Paraná estão preparadas para um novo cultivo. Com o maquinário regulado e os insumos e sementes a postos, produtores rurais estão prontos para o próximo compromisso da agricultura: a safra de verão 2021/2022. A poucos dias da liberação para o plantio, na próxima segunda-feira (13), os agricultores estão em contagem regressiva, ainda mais após a chuva registradas nesta semana.

Em Marechal Cândido Rondon, os preparativos para o plantio da oleaginosa estão praticamente finalizados. “Os agricultores estão organizados para o pontapé inicial. As dessecações das áreas foram realizadas com o objetivo de controlar as ervas daninhas para o momento do plantio. Agora, estão no aguardo das chuvas para que a semeadura comece com uma umidade adequada”, comenta o engenheiro agrônomo da Agrícola Horizonte, Cristiano da Cunha.

Engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha: “Os agricultores estão organizados para iniciar o plantio. As dessecações das áreas foram realizadas com o objetivo de controlar as ervas daninhas. Agora, estão no aguardo das chuvas para que a semeadura comece com uma umidade adequada” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Boas expectativas

Segundo ele, as expectativas para a safra 2021/2022 são muito boas. “Mas temos que nos proteger de intempéries que acontecem nesse período”, pontua, lembrando da possibilidade de uma nova La Niña e de sua influência até 2022. “Devemos registrar chuvas abaixo da média. De qualquer forma, vamos torcer para termos uma grande safra e para que a produtividade satisfaça”, ressalta.

 

Crescimento

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, assim como Cunha, aponta para uma boa safra de verão, prevendo crescimento de 9% em relação à do ano passado, considerando grãos de soja, milho e feijão. Somente na safra de soja, o rendimento deve ser 6% superior à safra 2020/2021, com acréscimo de 1% nas áreas a serem plantadas.

 

Previsão de chuva

Para a alegria dos agricultores, choveu nesta semana e há previsão de pancadas de chuva para os próximos dias. “A semeadura só é possível após uma boa chuva, porque não é viável depositar a semente no solo seco sem saber quando a chuva vem”, enfatiza o rondonense.

 

Insumos comprados com dólar baixo

Com o dólar em alta, insumos agrícolas têm encarecido. Porém, Cunha destaca que o plantio da soja, prestes a começar, não deve ser atingido pelos preços “agressivos”.

“Os insumos tiveram uma variação muito grande, mas cerca de 80% dos agricultores, a maioria, já os tinha adquirido há sete ou oito meses. Ou seja, comprados abaixo do que é operado nesse momento no mercado”, salienta.

Mesmo com os altos preços ainda não gerando impactos, o profissional enfatiza ao O Presente que a atenção se volta à possibilidade de desabastecimento dessa matéria-prima. “A grande preocupação é a falta de insumos no mercado, em vista das dificuldades da importação. Quase 100% do fertilizante é importado, bem como os princípios ativos dos defensivos, o que também contribui a uma alta nos preços”, expõe, pontuando que o é alerta em dois sentidos: “O preço subiu bastante e a disponibilidade de insumos para os tratos culturais das próximas lavouras, seja para soja ou milho safrinha, é uma incógnita”.

 

Rentabilidade atrativa

O Brasil produziu cerca de 126 milhões de toneladas de soja no ano passado, garantindo o posto de maior produtor do grão no mundo inteiro e sendo responsável por 50% do comércio mundial de soja. O Paraná, por sua vez, é o terceiro Estado com maior participação nesse montante.

Popular e com rentabilidade garantida, considerando que os preços se mantêm atrativos, a soja segue majoritária nas lavouras de Marechal Rondon para a safra de verão. “Ela detém a maior área plantada na região, mas alguns produtores começaram a encarar o plantio de milho com outros olhos”, expõe o engenheiro agrônomo.

Segundo ele, 2021 deve ter um pequeno aumento na área do milho de verão. “Isso se deve aos preços excelentes e também à relação existente entre grande demanda versus a baixa oferta de milho no período. É um aumento, mas não tão significativo e sem ameaçar a soberania da soja na primeira safra”, pondera.

 

ANTECIPAÇÃO DA SOJICULTURA É VISTA COM BONS OLHOS

Além de impor restrições para os produtores de soja no que diz respeito ao controle da ferrugem asiática, as portarias 388 e 399 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adiantaram o calendário da soja.

Para o Sul do país, a antecipação da sojicultura é vista com bons olhos, avalia o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “Dá uma apaziguada geral no que toca à época de semeadura, já que tínhamos divergências de calendário especialmente entre os Estados do Sul, com fronteira seca, o que era muito ruim”, considera.

No Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina as datas estabelecidas para a safra 2021/2022 de soja ficou de 13 de setembro a 31 de janeiro. Já nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo passou para 16 de setembro a 03 fevereiro. Agora, não há mais o período pré-estipulado de 110 dias para a safra, sendo que o tempo será definido anualmente a partir de sugestões do setor.

Semeadura da soja pode ser feita entre 13 de setembro e 31 de janeiro no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Foto: Arquivo/OP)

 

SOJA VALORIZOU 254% NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

Vendidas como commodities, tanto soja quanto milho têm seu preço balizado pelo mercado internacional e pelo dólar. Com o real desvalorizado, a lucratividade do agricultor com a venda dos grãos é quase garantida.

Nos últimos dez anos, a cultura que domina as lavouras no verão acumulou altas de 15% no dólar, passando de US$ 26 na comercialização em 2011 para US$ 38 em 2021, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O levantamento registra, simultaneamente, a alta ainda maior nos preços de 60 quilos de soja no real: de R$ 46,48 em 2011, a saca subiu para R$ 164,82 neste ano, um aumento de 254%.

 

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