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Municípios Ingresso no PSD

“Estamos tranquilos e felizes, mas foi uma decisão difícil”, declara Ademir Bier após deixar o MDB

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Foto: Maria Cristina Kunzler/OP

O Presente

Foram quase 40 anos de história no MDB do Paraná, mas a dificuldade em um projeto político-eleitoral em 2018 fez com que o deputado estadual Ademir Bier abrisse um novo capítulo em sua trajetória política ao anunciar, nesta semana, a filiação ao PSD do pré-candidato a governador Ratinho Júnior.
Em visita ao Jornal O Presente, Bier explicou por qual motivo escolheu o PSD, revelou por que não se filiou ao PP, como vinha sendo cotado, e salientou que só deixou o MDB após perceber que seus companheiros iriam lhe apoiar independente de filiação. Confira.

O Presente (OP): Após cerca de 40 anos no MDB, o senhor anunciou esta semana filiação ao PSD. Por que decidiu deixar o partido?
Ademir Bier (AB): Foi uma decisão bastante difícil, até porque acreditamos fielmente que o partido é uma instituição e que está acima das pessoas. Todo o partido tem, como qualquer entidade, pessoas boas e outras nem tão boas assim, mas precisa ser fortalecido. Durante todos esses anos no Oeste do Paraná, especialmente nos pequenos e médios municípios, ajudamos a construir o MDB com sua história de anos. Com a pulverização dos partidos, que hoje já são mais de 30 e outros 200 na fila para serem criados, isso os enfraqueceu como instituição. As campanhas começaram a ser diferentes e os partidos cometeram erros seríssimos. Os pequenos partidos vendendo espaço no rádio e televisão, barganhando em nível nacional, estadual e também municipal. Sempre brigávamos e falei muito sobre a reforma política, considerada a mãe de todas as reformas, e que na verdade não foi feita. Um ponto importante é a não coligação na proporcional, mas isso só vale a partir de 2020, o que não nos dá a certeza que daqui dois anos vai realmente ocorrer. Isso foi desgastando. O MDB do Paraná tomou algumas atitudes que fizeram com que diminuísse de tamanho. Da bancada de oito deputados estaduais eleitos, quatro com muita representatividade praticamente foram expulsos. Em muitas regiões do Estado, que não é o caso do Oeste, houve intervenção do diretório estadual, do qual faço parte e fui contra. Isso fez com que o MDB chegasse nesta eleição altamente fragilizado e sem uma chapa de deputados que possa ter uma representatividade na Assembleia Legislativa. Neste contexto, tínhamos duas alternativas: não disputar esta eleição, o que faria com que a nossa representatividade nos pequenos e médios municípios do Oeste do Paraná fosse comprometida, o que pesou muito na nossa posição em trocar de partido. E tive a honra de ser convidado para se filiar em diversas siglas, dentre as quais o Podemos, PSB, PP e outras menores. Isso muito me envaideceu.

OP: Por que da escolha em se filiar ao PSD?
AB: O Ratinho Júnior construiu uma base muito grande no Paraná. Ele tem uma chapa muito forte de pré-candidatos a deputados estaduais e federais. Isso faz com que o partido dê oportunidade em disputar uma eleição em igualdade de condições com os demais. Pesou no pensamento da representatividade. O que pesou também foi a questão do programa de governo do Ratinho. Conversamos muito sobre isso, sobre o Paraná, das coisas que precisam ser feitas no Estado. Não podemos continuar vivendo nesse ouro achando que tudo está uma maravilha. Sabemos que não está e podemos pontuar as dificuldades que o Paraná atravessa e esse posicionamento temos tido na Assembleia Legislativa. Coloquei isso tudo ao deputado Ratinho e ele realmente está preocupado. Ele pretende fazer uma gestão moderna, participativa e transparente. Este foi o principal motivo em ter escolhido o PSD. Também não entraria em conflito com os companheiros da região e o que me levou, ainda, a sair do MDB é que no último mês consultei todos os nossos companheiros em minha base eleitoral e observei algo que me envaideceu muito e que vale a pena ter a vida pública que tenho: meus companheiros e amigos vão comigo para onde eu for. Disseram que vão apoiar o meu projeto.

OP: Houve também conversas com o PP. Por que o senhor não se filiou ao partido, sendo que havia até a expectativa em ocupar o espaço político do hoje deputado estadual José Carlos Schiavinato (PP) em Toledo?
AB: Com toda certeza seria importante. Temos aqui em Marechal Rondon uma parceria muito forte com o PP, que há muitos anos está conosco e pensamos da mesma forma. O mesmo caso em Medianeira, onde o PP me apoia efetivamente. O que pesou é que o PP entraria em um grande chapão com diversos partidos dos quais eu não poderia participar. Esse foi o ponto principal, senão não teria dificuldade em estar no PP.

OP: Nas últimas semanas o senhor percorreu a sua base eleitoral para conversar com seus companheiros. O senhor sentiu que a partir dessa mudança de filiação ganha aliados, perde ou consegue manter os apoios?
AB: Em princípio, neste momento meu pensamento é de não perder amigos de partido, de caminhadas, grupos políticos que formamos em cada município, pois cada cidade tem uma particularidade diferente. Fui consultar esse pessoal. Se tivessem me dito que não seguiriam comigo, eu não teria saído do MDB. Saí porque peguei o aval de todos os meus companheiros da região. A consulta fui fazer onde tenho minha base eleitoral. Cada vez que falávamos no nome do Ratinho como candidato a governador do Estado, a ideia crescia neste sentido. Então veio a calhar. Estamos tranquilos e felizes, mas foi uma decisão difícil.

Leia a entrevista completa na edição impressa do Jornal O Presente que circula nesta sexta-feira (06).

 

 

Foto: Maria Cristina Kunzler/OP

Deputado estadual Ademir Bier, que anunciou nesta semana a troca do MDB pelo PSD: “Tínhamos duas alternativas: não disputar esta eleição, o que faria com que a nossa representatividade nos pequenos e médios municípios do Oeste do Paraná fosse comprometida, o que pesou muito na nossa posição em trocar de partido”

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