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Fofos e mal humorados: ninho de sabiás muda a rotina do campus de Cascavel

Família de pássaros escolheu a passarela do campus como nova casa. Assim, quem passa por lá está sujeitos a ganhar umas bicadas

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(Foto: Divulgação)

O campus de Cascavel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) está com novos moradores que, apesar de serem extremamente fofos, também são bem mal-humorados e não gostam de receber visitas em sua modesta residência. Um casal da espécie Minus saturninos, popularmente conhecido como Sabiá do Campo, tem chamado a atenção da comunidade acadêmica da Unioeste que tem sido vítima do instinto materno selvagem da espécie desde o nascimento de seus três filhotes.

A família de pássaros tem se misturado a Universidade, e apesar de serem pouco simpáticos, escolheram a passarela do campus como nova casa. Assim, todos que passam por lá estão sujeitos a ganhar umas bicadas. “Ele está protegendo os filhotes, pois estamos invadindo o espaço deles. Recebemos muitas reclamações e fomos até a Força Verde para recebermos orientação, mas não podemos mexer por uma questão de crime ambiental. Então nós estamos tentando colocar avisos para as pessoas saberem onde eles estão e também para protegê-los. Isso é temporário, não podemos interferir na natureza. O pássaro não machuca ninguém, então pedimos para que todos tenham paciência com eles”, ressaltou o Diretor de Campus, Aníbal Mantovani Diniz.

O professor de Ciências Biológicas da Unioeste e especialista em pássaros, Doutor José Flávio Cândido Júnior, explica que apesar dessa espécie ter a palavra “campo” no nome, essa escolha de ambiente para o ninho é muito mais comum do que parece. “Essa espécie gosta de fazer ninhos em lugares urbanos, principalmente se o ambiente for fértil para eles. Uma curiosidade sobre eles é que quando o ambiente não é ‘rico’ em nutrientes, eles escolhem alimentar o filhote maior, que geralmente é do ovo que chocou primeiro e depois eles alimentam os outros filhotes na mesma ordem de tamanho. Eles fazem essa seleção porque se escolherem alimentar os três igualmente podem acabar perdendo os três filhotes”, conta.

O professor também explica o motivo da hostilidade dos novos moradores com as pessoas que passam muito perto de sua casa. “Eles atacam para proteger os filhotes. Para eles, qualquer um de nós é um possível predador, e existe uma lei de proteção a natureza onde nós não podemos interferir na reprodução de uma espécie. Além disso, esses animais não oferecem risco a saúde humana. Então o conselho que eu dou é que não passem tão perto do ninho e tenham paciência, possivelmente em menos de uma semana os filhotes vão para fora do ninho. Ainda serão alimentados pelos pais, mas não mais no ninho”, explicou o professor.

Algumas das pessoas que frequentam o campus, encontraram essa nova família mais de uma vez. Como é o caso do estudante do curso de Letras, Gustavo André França, que atualmente diz já ter se acostumado com a recepção dos vizinhos de asas. “No primeiro ataque eu me assustei, mas hoje em dia eu até me acostumei. Sei que eles só estão agindo por proteção e espero que eles fiquem bem até o final desse processo todo. Felizmente eu uso óculos então os olhos eu consigo proteger, vou sobreviver até eles irem embora”, brinca.

“Felizmente eu nunca fui bicada, mas acho que tem bastante gente que já está sabendo que os passarinhos estão lá e são nervosos. Creio que alguns levam bicadas pois ficam provocando do lado do ninho tentando ver os filhotes. Eu não tenho medo deles, creio que não vai demorar muito para irem embora e os bebês já vão voar. Na minha opinião deixaria eles por lá”, disse a estudante de Fisioterapia, Mariana Aita.

Nem a simpática aluna do curso de Biologia, Sara Luisa Rós, foi suficiente para se safar do instinto protetor dos novos pais de plantão, mas ela comenta que apesar de ter medo, acha que o ninho deve permanecer no mesmo lugar. “Eu tenho medo, mas não quero que eles sejam machucados ou tirados do local que escolheram. Acho certo que o campus mantenha os pássaros aqui e ajude a protege-los, é só passar abaixada e atenta que tudo se resolve”, considera.

O Sabiá do Campo é conhecido por ter um vasto repertório no que se refere ao canto, inclusive tendo o talento de imitar o canto de outras espécies de pássaros. Apesar dos sustos, precisamos lidar com as decisões da natureza e preservar a espécie, colocando em prática a teoria da boa vizinhança.

Com Unioeste

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