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Unioeste vai adotar sistema de cotas raciais no vestibular em 2023; 20% das vagas serão para pretos e pardos
Antes da decisão, a instituição reservava 50% das vagas para estudantes de escola pública
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) vai adotar a partir do próximo vestibular o sistema de cotas raciais, vagas que serão reservadas para pessoas que se auto declaram pretas e pardas. Conforme a instituição, 20% das vagas totais de cada curso serão destinadas a modalidade.
Antes da decisão, a instituição reservava 50% das vagas para estudantes de escola pública. As vagas para quem se autodeclara preto ou pardo estão dentro desta reserva, portanto os estudantes também precisam ter feito todo o ensino médio no sistema público de ensino.
O acadêmico de pedagogia da Unioeste Matheus Eduardo Pinheiro não entrou no ensino superior pelo sistema de cotas, mas acredita que elas podem ajudar a mudar a realidade da universidade e aumentar a presença de pessoas negras nesse espaço.
“Observo que tem pouquíssimos na universidade, em geral acaba sendo uma minoria. […] Acontece de ter um preto num cargo mais elevado e a sociedade acha que é suficiente para achar que estamos inclusos, mas isso não é verdade”, afirmou o estudante.
Concorrênca
Para concorrer às vagas de cotas raciais, os candidatos vão precisar assinalar na inscrição que se reconhecem como pretos ou pardos.
Depois, uma banca vai analisar as informações e documentos e individualmente definir se o estudante se enquadra nos critérios.
Unicentro não têm sistema de cota
Além da Unioeste, somente a Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) ainda não adota o sistema entre as universidades estaduais no Paraná. A instituição, entretanto, se comprometeu em aderir ao modelo.
O processo foi acompanhado pela Defensoria Pública do Paraná.
“Esse nosso debate junto a essas universidades foi intensificado no início desse ano especialmente porque houve aqui no direito brasileiro de uma convenção. Convenção interamericana contra o racismo, ela tem nível de emenda constitucional. Dentro dela existem inúmeras medidas e políticas de complementação e compensação histórica, dentre elas as políticas de afirmativas de cotas, voltadas para a educação”, afirmou o defensor público e coordenador do Núcleo de Cidadania, Antonio Vitor Barbosa de Almeida.
Para ele, o sistema de cotas raciais ajuda a diminuir a desigualdade e não pode ser visto como “privilégio”, mas sim como “compensação histórica”.
“Isso não é um privilégio, um fator para facilitar apenas a população negra. É uma compensação histórica que tem que ser feita e isso tem que ser acompanhado com debate público qualificada para a gente entender que a população negra é colocada a margem, de lado, principalmente quando verifica tanto dados de ingresso no ensino superior como também de empregabilidade”, explicou o defensor.
Com G1