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Paraná Crise do coronavírus

Covid-19: Paraná teve 1 morte a cada 40 minutos e 1 caso a cada 42 segundos no 1º ano da pandemia

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(Foto: Américo Antônio/Sesa)

Dizer que morre gente toda hora por Covid-19 no Paraná não é força de expressão. No primeiro ano da pandemia, a doença matou, em média, uma pessoa a cada 40 minutos no estado. Em relação aos casos, uma pessoa foi infectada a cada 42 segundos pelo novo coronavírus.

Na sexta-feira (12), o Paraná completou um ano desde os primeiros registros da doença, que foram em Curitiba e Cianorte, no noroeste. No período, foram 746.594 diagnósticos e 13.228 óbitos causados pela Covid-19, conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Com isso, o estado atingiu média diária de 2.039 casos da doença e de 36 mortes. “É totalmente insalubre. 2021 vai ser muito pior”, diz o presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Paraná (Sotipa), Rafael Deucher.

Um dia antes dos primeiros registros no Paraná, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a emergência em saúde pública de interesse internacional. Na avaliação do secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, o estado fez o “dever de casa” desde então.
“Nos últimos meses, as mortes no Paraná aumentaram e, claro, isso chama a atenção. Nós encontramos um vírus completamente diferente, um vírus que se transforma rapidamente. É uma luta muito grande”, afirmou.

Assim como em outros estados e países, a doença inicialmente se espalhou nas cidades com maior densidade demográfica. Foram 232 dias até que a Covid-19 tivesse confirmações nos 399 municípios do Paraná. Laranjal, na região central, foi a última cidade.

Em relação às mortes, na sexta, somente nove cidades não tinham registrado: Amaporã, Boa Esperança do Iguaçu, Coronel Domingos Soares, Nova Aliança do Ivaí, Paulo Frontin, Pinhal de São Bento, Santa Inês, Santo Antônio do Paraíso e São Jorge do Patrocínio.

Confira, abaixo, a evolução da pandemia no estado.

Evolução da pandemia de Covid-19 no PR — Foto: Arte G1 PR/Letícia Cesar

Evolução da pandemia de Covid-19 no PR — Foto: Arte G1 PR/Letícia Cesar

Ocupação de leitos

Quando os primeiros casos de Covid-19 foram registrados, o número de leitos para receber pacientes com a doença passou a fazer parte da lista de preocupação das autoridades. Um ano depois, a ameaça do colapso se concretizou.

Na sexta, o estado completou 22 dias com a taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) acima de 90%O Paraná vive o pior momento da pandemia em todos os indicadores. Mas os maiores recordes estão nos dados de pacientes internados.

“Só vivendo o dia a dia em uma UTI para você ter noção da gravidade dessa doença. Se todo mundo pudesse ficar cinco minutos dentro de uma UTI vendo um jovem de 35 anos tendo que ser ventilado de barriga para baixo para ver se a gente ganha um pouquinho da porcentagem de pulmão e ver que isso não adianta”, relata Ducher.

Ele complementa: “daí a gente tem que ligar pra esposa do paciente, e ela chorar do outro lado da linha falando: ‘a gente tem uma filha de 5 anos’. E a gente ter que falar, sinto muito mas ele não está respondendo”, desabafa.

Evolução de casos ativos

O Paraná tem 196.717 mil pessoas com potencial de transmissão da Covid-19, com base nos dados divulgados pela Sesa, no dia 12 de março deste ano. Este é o maior número desde o início da pandemia.

Há um ano, eram apenas seis casos ativos no estado. Não havia mortes pela doença, nem pessoas consideradas recuperadas.

Perfil dos casos

A pandemia atingiu pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais. De acordo com dados da Sesa, a média de idade dos infectados, no estado, é de 39,59 anos, enquanto a de pessoas que morreram por Covid-19 está em 68,67 anos.

As mulheres formam maioria entre os diagnósticos no Paraná. Apesar disso, os homens morrem mais pela doença, segundo a secretaria. Confira no infográfico abaixo.

Perfil dos casos e mortes por Covid-19, no Paraná — Foto: Wesley Bischoff/G1 PR

Perfil dos casos e mortes por Covid-19, no Paraná — Foto: Wesley Bischoff/G1 PR

Pessoas que possuem algum tipo de comorbidade são as principais vítimas da doença. Segundo a secretaria, 81% das vítimas tinham algum fator de risco associado.

Mais de 75% das vítimas com fator de risco associado eram idosas. Além disso, 47% tinham Doença Cardiovascular Crônica. O número é maior que 100% porque um mesmo paciente pode ter mais de uma comorbidade. Veja abaixo.
Fatores de risco em mortes por Covid-19, no Paraná — Foto: Wesley Bischoff/G1 PR

Fatores de risco em mortes por Covid-19, no Paraná — Foto: Wesley Bischoff/G1 PR

Comunidades indígenas

Os primeiros casos confirmados de coronavírus em indígenas no Paraná foram registrados na aldeia Ocoy três meses após o início da pandemia no estado, em junho de 2020, em São Miguel do Iguaçu. Um trabalhador de frigorífico da região foi o primeiro diagnosticado.

Classificados entre os grupos com fatores de risco e incluídos como prioritários na vacinação, os povos indígenas do estado passaram a conviver com a rotina de cuidados e de medo, diante do aumento de confirmações nas aldeias.

Os números da Sesa apontam que, em 12 de março de 2021, o total de indígenas com casos de Covid-19 chegou a 1.130. Foram 3.185 notificações para a doença, sendo que 1.652 tiveram resultado negativo, e outras 378 estão em investigação.

Casos suspeitos de Covid-19 – Etnias indígenas
1º ano de pandemia no Paraná – 3.185 notificações (1.130 foram confirmadas)
Kaingang (Caigangue) e Kaimbe: 1.819
Não informado: 798
Guaranin M”Bya e Menky: 375
Guarani Nandeva e Botocudo: 123
Guarani Kaiowa: 20
Outras etnias: 50
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)

Sistema prisional

Os riscos da pandemia também chegaram ao sistema prisional. Em um ano, segundo dados da Sesa, foram 7.648 notificações de suspeitas para a doença em penitenciárias e cadeias do estado.

Mais de 2,6 mil presos tiveram casos confirmados do novo coronavírus. Houve mortes pela doença, como no caso do ex-deputado federal Nelson Meurer – condenado pela Lava Jato – que cumpria pena na Penitenciária de Francisco Beltrão, no sudoeste.

Outros 2.564 detentos estão com casos suspeitos sob investigação e aguardam resultado de exames. A reportagem entrou em contato com o Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen), mas não obteve resposta até a publicação.

Covid-19 entre pessoas privadas de liberdade
1º ano de pandemia – 7.648 notificações
Casos confirmados: 36,02 %Em investigação: 34,29 %Descartados: 29,69 %
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)

Testagem no estado

  • O Paraná é um dos estados do país que mais realiza exames – tanto pela rede pública quanto por laboratórios credenciados;
  • Em março e abril de 2020, a Sesa ainda não divulgava a quantidade de testes realizados por dia ou semana no estado. A partir de maio, a média de testes era de 11.200 por semana;
  • No dia 20 do mesmo mês, o estado anunciou capacidade de 5,6 mil testes por dia no Paraná. Isso na prática ocorreu depois de junho de 2020;
  • Entretanto, com o aumento da demanda, desde o dia 4 de janeiro deste ano, a capacidade de testagem no estado foi ampliada para 10,6 mil exames por dia.
  • De acordo com boletim de 12 de março, o Paraná realizou 2.084.476 exames.

 

Com G1

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