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Paraná Ambulatório especial

Metade das crianças e adolescentes internados com Covid no Hospital Pequeno Príncipe apresentou alterações cardiovasculares

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(Foto: Ari Dias/AEN) Foto ilustrativa

Metade das crianças e dos adolescentes internados com Covid-19 no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, apresentou alterações cardiovasculares. Isso motivou a criação de um ambulatório de acompanhamento cardiológico. A infecção pelo coronavírus é extremamente desafiadora para a medicina. Além da fase aguda, que leva os pacientes a necessitarem de internação, os médicos já sabem que uma porcentagem significativa desses pacientes desenvolve sequelas que afetam órgãos como o coração, os rins, os pulmões, o fígado e o cérebro. Nesses casos, fazer a identificação precoce do comprometimento de qualquer um desses órgãos faz a diferença na vida do paciente.

Segundo a médica eletrofisiologista e cardiologista pediátrica responsável pelo projeto, Lânia Fátima Romanzin Xavier, ainda na fase aguda os pacientes são submetidos a exames de sangue, eletrocardiograma, holter e ecocardiograma. Conforme o resultado desses exames, é possível descobrir o acometimento do coração pelo vírus e, consequentemente, otimizar a terapia ainda na fase aguda. Na sequência, o paciente é encaminhado para o seguimento ambulatorial. De acordo com a médica, é importante que seja realizada essa investigação ampliada na fase aguda da infecção pelo coronavírus, com o intuito de documentar o envolvimento de órgãos-alvos, direcionando o seguimento necessário pós-covid-19.

“No ambulatório de cardiologia, nós avaliamos vários pontos”, explica Lânia. O primeiro é que os pacientes podem desenvolver uma alteração cardíaca chamada de miocardiopatia dilatada, que é decorrente de um processo inflamatório que acomete o músculo do coração na fase aguda da COVID-19. Neste caso, o coração pode evoluir para insuficiência cardíaca. O tratamento direcionado e o seguimento clínico especializado são fundamentais no prognóstico desses pacientes. O segundo ponto é descobrir o grau de envolvimento cardíaco para orientar a necessidade de intervenções terapêuticas precoces. Isso porque alguns pacientes são completamente assintomáticos do ponto de vista cardíaco, mas, a médio e longo prazo, a inflamação que afetou o músculo do coração na fase aguda pode ocasionar uma cicatriz e ser o foco de uma arritmia cardíaca no período tardio. Já há relatos na literatura de situações como essa em adultos.

Esta avaliação cardiológica também determina se o paciente está apto a voltar às suas atividades físicas de forma normal, pois a criança tem uma atividade física tão intensa que muitas vezes se compara a de um atleta. “Estamos em uma constante curva de aprendizado na COVID-19, e que a luz da sabedoria nos oriente para fazermos o melhor por nossos pacientes”, enfatiza a médica.

Segundo boletim do Hospital Pequeno Príncipe desta quinta (19), desde 4 de março de 2020, foram investigados 6.420 pacientes com suspeita de Covid e 1.318 positivaram. Entre os casos investigados, 2.140 crianças e adolescentes precisaram ser internados e os demais ficaram em isolamento domiciliar. No momento, seis pacientes estão internados e 12 morreram.

 

Com Bem Paraná/assessoria

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