Fale com a gente

Paraná

Nova greve seria um desgaste muito grande para os professores, diz Anschau

Publicado

em

 

Divulgação
Chefe do Núcleo Regional de Educação, Léo Inácio Anschau: O governo trabalha com a hipótese da paralisação, sim, mas gostaria que ela não acontecesse. Na nossa região, em torno de 38 mil estudantes seriam prejudicados com a greve

 

As negociações entre o Governo do Estado e o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato) não avançaram e, ao que tudo indica, a greve de professores da rede estadual deve começar na quarta-feira (15), conforme orientado pelo congresso nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Na pauta nacional da greve a luta é contra a reforma da Previdência, do Ensino Médio e trabalhista e pelo pagamento do piso nacional. Já no Estado a categoria reclama de uma série de medidas tomadas pelo governo paranaense, como a redução da hora-atividade, o sistema de distribuição de aulas (com prejuízo a servidores que se afastaram da atividade por motivo de doença ou para cursos de aperfeiçoamento) e também o atraso para o pagamento do reajuste salarial prometido e posteriormente alterado, além de mais funcionários nas escolas e manutenção dos direitos da classe.

Para o chefe do Núcleo Regional de Educação de Toledo, Léo Inácio Anschau, como a pauta envolve reivindicações estaduais e nacionais dificulta o encaminhamento para que se chegue a um entendimento. O Governo do Estado não tem como interferir e mudar o rumo de situações nacionais. Por este motivo, acho muito difícil haver um entendimento entre as partes, declarou à reportagem de O Presente.

 

NA JUSTIÇA

De acordo com Anschau, muitas das reivindicações estaduais são questões ajuizadas. A APP-Sindicato entrou com ação judicial solicitando a garantia dos direitos através da Justiça em relação à hora-atividade e também aos afastamentos via atestados. Então, é algo que não está totalmente na esfera do Estado. São ações que correm na Justiça. Essas questões ficaram bastante complexas de serem resolvidas na mesa de negociação, menciona.

 

PREJUDICIAL

Na opinião do chefe do Núcleo Regional, uma greve agora, seguida de outra que ocorreu com grande impacto em 2015, seria muito prejudicial à educação do Paraná. Naquele ano, a categoria paralisou as atividades em fevereiro, com duração de 29 dias, e em abril, durante outros 44 dias. Sempre existem reivindicações da categoria de profissionais da educação para com o governo. Torcemos para que desta vez os estudantes fiquem de fora das negociações. Queremos que eles continuem tendo aula normal, e esse também é o entendimento dos pais e da grande maioria dos profissionais que trabalham na educação, ressalta, emendando: A categoria pode fazer, sim, a sua reivindicação, de forma democrática e com diálogo, mas que façam isso sem interromper as aulas. Acho que esta é a construção cidadã que todos queremos.

Conforme Anschau, o ano letivo de 2017 iniciou em 15 de fevereiro, um pouco mais tarde que o normal, devido a paralisações anteriores. Neste ano temos um calendário letivo muito legal, muito tranquilo para as escolas, com o término das atividades previsto para 21 de dezembro. Torcemos muito pelo entendimento para que não haja mudanças e todo o processo se complique. Apostamos no diálogo, pois ele é o caminho para que o desgaste não venha a acontecer novamente, pontua.

 

NÚMEROS

Se a greve dos professores da rede estadual se concretizar, cerca de um milhão de estudantes ficarão sem aula no Paraná. Na região atendida pelo Núcleo de Educação de Toledo, que engloba 16 municípios, a paralisação envolveria 100 escolas e colégios, incluindo oito escolas especiais; somente em Marechal Cândido Rondon seriam 13 educandários, incluindo a Apae. Em torno de 38 mil estudantes seriam prejudicados com a greve na região atendida pelo Núcleo, expõe Anschau.

De acordo com o Estado, as últimas paralisações deixaram prejuízos próximos a R$ 100 milhões, em contratações de temporários para reposição, merenda estragada e transporte escolar fora do período letivo tradicional.

 

DESCONTO EM FOLHA

Caso a paralisação aconteça, o governo já anunciou que pretende descontar nos salários os dias parados. É uma questão possível de ocorrer, sim. Quando se tem uma greve que é considerada abusiva, o governo pode fazer os descontos daqueles que efetivamente estiverem no movimento, declara o chefe do Núcleo Regional, acrescentando que se isso de fato se concretizar vai tornar o processo mais tumultuado e polêmico. Vivemos uma crise nacional que afetou a receita de todos: da população, dos Estados e dos municípios. Em vista disso, deveríamos ter a compreensão de que neste momento o melhor caminho seria o diálogo e não partir para o extremo, que é a paralisação. E o governo está mantendo um diálogo aberto, inclusive nesta semana recebeu representantes da APP-Sindicato, enfatiza.

 

SALÁRIO EM DIA

Anschau enaltece que o Estado não atrasou o salário dos profissionais da educação em nenhum momento. Tem algumas vantagens que ele está recuperando, mas o Paraná é um dos poucos Estados brasileiros que está mantendo o salário em dia. Às vezes, alguns ajustes são necessários para prevenir exatamente o pior, e neste início de ano, quando o governo tomou algumas medidas administrativas, na questão da gestão, foi exatamente para não trazer prejuízos maiores aos profissionais, aos estudantes e à educação do Paraná, finaliza.

Copyright © 2017 O Presente