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Ocorrências de maus-tratos a animais crescem 23% no Paraná no 1º semestre de 2019

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Foto: Arquivo/RPC

O número de casos de maus-tratos a animais no Paraná cresceu 23% no primeiro semestre de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018. Os dados foram fornecidos pela Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) ao G1.

Entre janeiro e junho deste ano foram registradas 914 ocorrências de maus-tratos no estado. No mesmo período de 2018, foram 740 casos, conforme a secretaria.

Em todo o ano de 2016, foram 1.470 ocorrências. Também houve aumento nos anos de 2017 e 2018, quando foram registrados 1.577 e 1.616 casos, respectivamente. Veja no gráfico abaixo:

Para o delegado Matheus Loiola, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), o aumento de ocorrências não significa necessariamente uma crescente no número de animais maltratados.

“A leitura que a gente faz no aumento na quantidade de boletins de ocorrências de maus-tratos é que não houve aumento efetivo. O que houve é uma conscientização da população em denunciar”, explicou.

As denúncias de maus-tratos a animais podem ser feitas pelo telefone 181 e também por meio do site do Disque Denúncia. Nos dois canais, o contato com a polícia pode ser feito de maneira anônima.

Trabalho da polícia

De acordo com o delegado Matheus Loiola, todos os dias a DPMA tem feito flagrantes de maus-tratos. Ele explica que a rotina dos policiais começa com as denúncias.

Após confirmar uma situação de maus-tratos, o policial dá voz de prisão para o investigado. Ele é conduzido para a delegacia e é ouvido. Os animais resgatados são enviados para lares temporários e não são restituídos para os antigos proprietários.

“Seria mais ou menos como se a gente devolvesse a droga para o traficante, o carro roubado para o dono do desmanche”, disse o delegado.

Apesar da prisão, Matheus Loiola conta que os infratores ficam poucas horas na delegacia, pois assinam um termo de compromisso para não repetir a prática.

O delegado diz que a lei atual é branda, mas há projetos tramitando no Congresso Nacional que visam endurecer a punição para o crime. Enquanto isso não acontece, a polícia tem oficiado os municípios a multarem os infratores.

“Se a pessoa teve 50 passagens pela polícia e praticou maus-tratos, se ela assinar o termo de compromisso a gente é obrigado a liberar. Tentando endurecer um pouco a conduta do criminoso, a gente acaba mexendo no órgão mais sensível do ser humano, que é o bolso”, disse.

Secretaria diz que Polícia Civil tem feito operações de combate aos maus-tratos — Foto: Sesp-PR/Divulgação

Secretaria diz que Polícia Civil tem feito operações de combate aos maus-tratos (Foto: Sesp-PR/Divulgação)

A menina dos cachorros

Nem todos os pedidos de resgate são comunicados diretamente para autoridades, como a Polícia Civil. Em muitas cidades, o trabalho de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e até mesmo de cuidadores independentes acabam se tornando referência.

É o caso da enfermeira veterinária Ianara Hadassa, de 26 anos. Moradora de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, Ianara começou a ajudar animais quando tinha nove anos. O trabalho a deixou conhecida no bairro onde mora como a “menina dos cachorros”.

“Todo dia da semana eu tava com um cachorro diferente aqui em casa. Quando eu encontrava filhote na rua abandonado, dependendo da situação dele, eu saia casa por casa perguntando se alguém queria adotar. E eu conseguia”, conta.

Desde 2010, data que ela conta ter feito o primeiro resgate oficial, foram cerca de 760 animais cuidados por Ianara, como cães, gatos e até mesmo uma ovelha. Atualmente, ela está com seis animais em casa.

Após o resgate, os bichos são examinados e cuidados. Na sequência, são encaminhados para adoção.

Ianara conta que o trabalho é cansativo, tanto fisicamente, quanto psicologicamente. Mesmo assim, não pensa em abandonar a missão.

“Eu amo o que eu faço, eu amo bicho. Pode me cansar, mas saber que estou fazendo a diferença, fico grata comigo mesma. Vou continuar fazendo isso, por mais que as pessoas falem que estou perdendo a minha vida”, disse.

Ianara Hadassa com uma de suas cachorras resgatadas — Foto: Wesley Bischoff/G1 PR

Ianara Hadassa com uma de suas cachorras resgatadas (Foto: Wesley Bischoff/G1 PR)

Adoção

Entre os cachorros resgatados por Ianara Hadassa está Chewie. Ele foi encontrado com o pelo todo embolado e doente. Após ser tratado, foi encaminhado para adoção por meio das redes sociais.

A foto do Chewie foi vista pela psiquiatra Juliana dos Santos Souza e pelo autônomo Rubens Kiyoshibaba. “Vimos aquela cara de cachorro sem dono, literalmente, e a gente se apaixonou”, lembrou Rubens.

Dois anos após o resgate, Chewie está saudável e em casa. O casal conta que, quando foi adotado, o cachorro era um pouco arisco. Mas aos poucos foi se apegando aos donos e se tornou dócil.

A experiência foi tão positiva, que Juliana e Rubens decidiram recentemente adotar mais uma companheira: a Jujubinha.

Eles contam que preferem adotar a comprar, já que acreditam que os animais também precisam ter a oportunidade de ter um lar.

“Eles fazem parte da família. Tratamos como se fossem duas crianças em casa. São muito companheiros e trazem muita alegria para a gente. O dia fica muito mais leve e agradável”, conta Juliana.

Juliana e Rubens adotaram Chewie e Jujubinha — Foto: Wesley Bischoff/G1 PR

Juliana e Rubens adotaram Chewie e Jujubinha (Foto: Wesley Bischoff/G1 PR)

Com G1 PR

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