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Paraná Safra 2017/18

Soja começa a sair do campo

Com desenvolvimento de safra complicado, plantas sofrendo com excesso de chuvas, pragas e doenças, produtores começam a dessecação das lavouras e alguns já avançam na colheita para evitar mais atraso no plantio da safrinha de milho

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Mirely Weirich/OP

As máquinas começaram a ganhar ritmo no Oeste do Paraná. Apesar do susto no plantio no seco em boa parte das lavouras da região de Marechal Cândido Rondon em setembro passado, quando a chuva não deu as caras e atrasou a entrada dos grãos na lavoura, acompanhado por outra surpresa durante o desenvolvimento das plantas com o aparecimento de doenças e os altos volumes de chuvas, há quem reafirme que “não há ninguém com mais esperança que o agricultor”.

A frase é de Jaime Koch, que começou a ver os resultados de um ano muito diferente de 2017 para os sojicultores. Na sexta-feira (02), uma pequena parte da lavoura no distrito de Curvado começou a ser colhida para verificar a situação dos grãos. “Não sabemos o que vai fazer pesar o grão porque faltou sol, então o grão tem pouco óleo, que é o que faz o grão de soja ganhar peso. Talvez a colheita dê volume, mas não dê peso”, diz.

Com 70 alqueires já dessecados e outros 70 ainda no fim da maturação, o Jornal O Presente já havia acompanhado o plantio da família Koch em 2017, quando os produtores da microrregião passavam por uma seca que já se alongava por 30 dias – atrasando o plantio. Na época, os irmãos da família que cultivam as terras em sociedade afirmaram que estavam apostando que a chuva viria em quantidade suficiente para que as sementes se desenvolvessem da maneira correta. E foi justamente isso que aconteceu. “O problema foi depois, que tivemos uma quantidade de chuva muito alta. De 25 de dezembro em diante, tivemos muita dificuldade de entrar na lavoura para fazer os tratos culturais e ainda houve muita antracnose. Agora, no fim do desenvolvimento da safra, algumas lavouras começaram a ter ferrugem asiática. Esse ano foi difícil, mas temos que agradecer a Deus porque ainda choveu, pois se fôssemos por algumas previsões que apontavam um ano de La Niña estaríamos com seca. E aconteceu justamente ao contrário, tivemos chuva”, reafirma Jaime.

Trabalhando intensamente nas lavouras com a família, o agricultor expõe que, apesar de estimar uma produtividade de 140 sacas de soja por alqueire, a produção não chega aos pés do que foi colhido na última safra. “São 30 a menos. Ano passado tiramos 178 de média e mesmo sem terminar de colher sei que está longe disso”, estima.

Agricultor de Curvado, interior de Marechal Rondon, Jaime Koch: “Não sabemos o que vai fazer pesar o grão porque faltou sol, então o grão tem pouco óleo, que é o que faz o grão de soja ganhar peso. Talvez a colheita dê volume, mas não dê peso” (Foto: Mirely Weirich/OP)

 

Soja no Paraná

Conforme a última atualização do Deral feita no dia 22 de janeiro, o Estado deve produzir neste ano-safra 19.257.670 toneladas de soja, com rendimento de 3.523 quilos por hectare em 5.466.940 hectares de área plantada. Cerca de 14% da soja já está comercializada.

E relatório semanal emitido em 29 de janeiro, relativo à área que ainda deve ser colhida, o órgão considera que 14% das lavouras estão em condições média e 86% em condições boas, sendo que 2% ainda se encontram em desenvolvimento vegetativo, 17% em floração, 69% em frutificação e 12% em maturação.

 

 

Semana decisiva

O técnico do Departamento de Economia Rural pontua que a partir desta semana e na próxima as máquinas estarão a todo o vapor nas lavouras. Os produtores começam a dessecar a soja para acelerar a colheita e possibilitar a semeadura do milho no tempo adequado. “Dia 20 é o prazo máximo. A próxima semana terá muita máquina no campo, colhendo e plantando também. O clima também precisa colaborar, sem chover por esses dias. É um momento de muita expectativa”, exalta Nogueira.

A safrinha de milho, ressalta, já deixou de ser uma simples “safrinha”, especialmente no Paraná, onde tem grande importância. No ano passado, a produção da 2ª safra de milho no Estado passou dos 13 milhões de toneladas colhidos, porém, existe uma expectativa de diminuição de área plantada nesse ano. “Deve reduzir em 11% e espera-se uma produção de 12.290 milhões de toneladas em função desse atraso no plantio da soja. Apesar disso, é difícil ainda falar em números. Essa semana, sem dúvidas, é decisiva”, lembra.

Quanto ao preço pago ao produtor de milho, Nogueira pontua que se encontra desta forma em função de uma situação atual, resumindo como “estabilizado”. “Colheram bem a safra dos Estados Unidos, tivemos uma boa safra aqui e ainda tem estoque, de soja sobretudo. Existia ainda uma expectativa de que a safra Argentina poderia ter mais problemas do que está tendo, então o mercado climático começa a ser mais conservador e os preços se apresentam desta forma”, justifica. “O fato de o preço não cair ou subir é porque também existe uma demanda robusta, principalmente internacional. Se acontecer um pequeno revés os preços reagem na hora, então é um momento de expectativa”, conclui Nogueira.

Técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) de Toledo, João Luiz Raimundo Nogueira: “Apesar do clima ter sido ruim em praticamente todo o ciclo da cultura, a estimativa de produção ainda é muito boa” (Foto: Mirely Weirich/OP)

 

Confira essa matéria na integra em nossa edição impressa desta terça-feira (06)

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