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Policial

Dez mulheres são violentadas a cada quatro dias na região

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A violência doméstica ainda é um grande problema enfrentado em toda a região. No último fim de semana, três casos foram registrados somente no município de Assis Chateaubriand, um deles envolvendo estupro. Os números são alarmantes.

De acordo com dados do 19º Batalhão de Polícia Militar de Toledo, que envolve 21 municípios, nos primeiros seis meses do ano foram registrados 408 casos, média de 2,26 por dia. Somente em Marechal Cândido Rondon, foram 66 casos de janeiro a junho de 2013.

Uma das razões para esse número ser alto é que, após registrar ocorrência, os casos são arquivados porque as mulheres vítimas dos abusos não denunciam os acusados. Para se ter uma ideia, segundo dados da Polícia Civil de Marechal Rondon, dos 66 casos registrados no município nos seis meses iniciais de 2013, apenas 24 viraram inquérito policial.

Os outros 42 casos foram para a gaveta. O medo das mulheres em denunciar causa a impunidade, que faz o crime se tornar recorrente. “A maioria dos casos não dá nada porque a mulher não representa contra o acusado”, explica o policial Eduardo Zoldir Barazetti, do 19º Batalhão. Dos três casos registrados domingo em Assis, apenas dois seguiram para inquérito.

De acordo com o delegado da Polícia Civil de Terra Roxa, Richard Alain Lolli, a violência doméstica ainda é bastante comum em todo o país, especialmente em municípios menores. “Acabar com isso é um de nossos desafios”, diz.

Em Assis

É comum a mulher sofrer seguidas ameaças e agressões para somente depois de muito tempo denunciar o companheiro, marido ou namorado. Foi o que aconteceu com Maria*, que chamou a Polícia Militar de Assis por volta das 22 horas de domingo (21) para registrar queixa contra o marido.

De acordo com ela, ele a empurrou e ameaçou matar ela e seu filho de seis meses de idade se ela o deixasse. A mulher, que mora no Conjunto Primavera, disse aos policiais que não foi a primeira vez que ela foi agredida pelo esposo. Ao perceber a chegada da viatura, o acusado fugiu.

Joana* foi ameaçada de morte com uma faca no sábado (20) e agredida fisicamente no domingo pelo marido. Só por volta das 13 horas de domingo é que resolveu ligar para a Polícia Militar de Assis Chateaubriand. Na chegada, os policiais o encontraram dormindo. Os dois foram encaminhados à 48ª Delegacia de Polícia Civil, já que a vítima quis exercer seu direito de manifestação para que se tomem as medidas necessárias e legais perante o Judiciário.

O outro caso de violência teria envolvido estupro, que deve ser confirmado somente após laudo do Instituto Médico Legal (IML). De acordo com depoimento Claudia*, ela estava do lado de fora de um clube de eventos em Toledo na noite de sábado, quando dois homens a chamaram para conversar.

Nesse momento, segundo boletim de ocorrência, ao chegar perto do veículo, um dos indivíduos a agarrou e a jogou para dentro do carro. Vítima e acusados teriam partido para Assis Chateaubriand. No caminho, ela teria sido agredida com tapas e socos. Quando chegaram na casa de um deles, o homem teria pego ela pelos cabelos e a arrastado pela residência.

A mulher contou aos policiais que desmaiou e acordou somente pela manhã, quando percebeu que um dos homens estaria fazendo relação sexual sem o consentimento da vítima. Ainda segundo relato da mulher, ela pediu para ir ao banheiro e conseguiu fugir. Na rua, pegou carona com uma mulher que passava de carro até a 3ª Companhia de Polícia Militar.

Claudia foi encaminhada a um hospital para realização de exames. Próximo à residência do suposto autor, a equipe o abordou. Ele foi reconhecido pela vítima, mas disse que havia conhecido Claudia por meio de rede social e que ela teria ido a Assis Chateaubriand para eles se conhecerem pessoalmente. Na casa do acusado estavam uma bolsa de costa com roupas de Claudia e R$ 203 em dinheiro.

De acordo com a Polícia Civil de Assis, dois dos três casos registrados no fim de semana viraram inquérito policial, que devem ser conduzidos pelo delegado Marcelo Magalhães Pereira. Os acusados foram presos em flagrante, mas podem responder em liberdade após pagamento de fiança ou mandado do juiz.

*Para resguardar a identidade das vítimas, os nomes usados nesta matéria são fictícios.

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