Fale com a gente

Policial Segurança pública

Estelionato digital cresce 65% em nove meses no Paraná, aponta Sesp

Foram 9.322 registros do crime de janeiro a setembro deste ano, contra 5.626 no mesmo período do ano passado. Especialista dá dicas de como evitar cair em fraudes virtuais

Publicado

em

(Foto: Divulgação)

A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) registrou um aumento nos casos de crimes de estelionato digital neste ano. De janeiro a setembro, foram 9.322 ocorrências, alta de 65% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando houve 5.626 registros.

Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP).

O delegado José Barreto, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), afirma que as redes sociais são as plataformas em que os golpistas mais circulam para conseguir dados das vítimas.

O Código Penal cita que o estelionato digital se configura quando o criminoso invade o dispositivo da vítima e conecta-o a outros sistemas de informação ou quando coloca a vítima em situação de vulnerabilidade para obter vantagem ilícita.

“A partir do momento em que as pessoas entram no mundo virtual, mais passam a ser vítimas de crimes como este e ficam mais vulneráveis a qualquer invasão por meio dos dispositivos”, menciona o delegado.

O número pode ainda ser maior, uma vez que há pessoas enganadas que não formalizam denúncia na polícia. Ao conversar com essas vítimas, elas relatam, além de prejuízo financeiro, sentimentos como vulnerabilidade, pânico e mal estar.

Barreto aconselha a ter mais atenção a mensagens recebidas de números desconhecidos e a e-mails com links de origem duvidosa. Idosos, afirma o delegado, devem redobrar o cuidado.

“Os idosos precisam tomar muito cuidado quando receber mensagens se passando pelo filho ou irmão pedindo dinheiro e usando um outro número”, explica.

Golpe do aplicativo de relacionamento

Uma mulher de 54 anos, vítima de estelionato digital, conta que conheceu um homem em um aplicativo de relacionamento. Segundo ela, o suposto golpista a convenceu a comprar um carro.

A mulher relatou ter gasto R$ 48 mil no veículo e, agora, está com os boletos atrasados.

“Ele disse que assumiria as parcelas, mas isso não aconteceu. Fui cobrada pelo atraso, já que os bancos estavam me ligando o tempo todo. Ele simplesmente me bloqueou de tudo e sumiu”, disse a vítima, que abriu um boletim de ocorrência na delegacia, e a polícia apura o caso.

Golpe nas redes sociais

Outra vítima foi um jovem de 25 anos que teve a rede social invadida por suspeitos, que transferiram a linha de celular dele para outro aparelho. A vítima relatou ter perdido acesso ao perfil e a todas as contas de segurança.

“Eu recebi mensagens de amigos me alertando de que eu teria perdido acesso a conta. Entrei em pânico porque isso nunca tinha acontecido antes. Fiquei me sentindo vulnerável com a situação porque estava sem controle de nada”, relata.

Segundo a vítima, o golpista postou fotos de eletrodomésticos e de móveis no perfil da rede social e disse estar vendendo os itens. Situações como essa estão cada vez mais frequentes, lembrou o delegado.

Falsa loja

Rosilene Tomazeti, de 36 anos, conta que o carro dela estragou e que precisou de uma peça nova. Na internet, a vítima encontrou uma loja ofertava o item por R$ 6 mil.

“Eles me mostraram a peça que eu estava precisando e fiz o pagamento pelo pix mesmo. Toda conversa foi pelo whatsapp. Me deram o prazo de 2 dias úteis para enviar a peça, o que não aconteceu”, conta a agricultora, que estava guardando dinheiro para fazer a compra e, agora, ficou no prejuízo.

“Eu vendi toda verdura da minha plantação para conseguir juntar dinheiro pra comprar. Fiquei dias de cama bem mal com toda a situação”, desabafa.

A vítima fez boletim de ocorrência contra a suposta empresa, e a polícia investiga o caso. A reportagem tentou contato com a empresa que teria feito a venda, mas recebeu resposta.

Desconfie sempre

Gesele Mendes, professora de Direito Penal da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica que os crimes por meios digitais cresceram muito durante a pandemia e estão cada vez mais comuns.

“A vítima geralmente é inocente e cai naquela conversa com o estelionatário, entrega valores de bom grado”, explica.

A professora lembra que o Código Penal sofreu alteração no ano passado e endureceu as penas para crimes cometidos por meio eletrônico.

“Com a nova legislação, a pena para o crime de invasão de dispositivo informático passou para de um a quatro anos de reclusão e multa. Anteriormente, a punição era detenção de três meses a um ano e multa”, explica.

O que fazer quando for vítima?

O Nuciber traz as seguintes orientações a quem foi vítima de estelionato digital:

Mantenha a calma;

Não apague nenhuma conversa, postagem, mensagem, vídeo, áudio ou qualquer indício do crime;

Não realize nenhum pagamento, nem sob ameaça;

Não mantenha contato com o autor no intuito de querer descobrir quem ele é;

Faça os prints das conversas antes que o autor as apague;

Registre a data e a hora dos fatos e das coletas de provas, se possível nos próprios prints ou anote para consulta futura;

Se tiver alguma conta ou cartão de crédito envolvido: entre em contato com o banco ou operadora, realize o bloqueio temporário ou mude a senha da conta;

Registre ocorrência pelo site da polícia civil ou em uma delegacia ou no Nuciber.

Como denunciar

Segundo a Sesp, é importante que as vítimas registrem a ocorrência não só por proteção pessoal, mas para que os casos possam ser investigados.

A vítima pode fazer um boletim eletrônico por meio do site www.policiacivil.pr.gov.br/NUCIBER ou pelo (41) 3304-6800.

Com G1

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente