Política Artigo/opinião
A miséria do toma-lá-dá-cá – por Oriovisto Guimarães
Política, hoje, no Parlamento brasileiro, é feita com base no mais explícito toma-lá-dá-cá que já existiu em toda a história da República.
Apenas nos últimos dias, foram distribuídos R$ 3 bilhões em forma de emendas que beneficiaram diretamente 250 deputados e 35 senadores, além de muitos cargos e de uma possível reforma ministerial muito em breve.
Tudo para que os candidatos à presidência do Senado e da Câmara, apoiados por Bolsonaro, vençam as eleições.
Na política atual já não existem mais ideal, programas partidários, pensamento estratégico de longo prazo preocupado com o futuro do Brasil, de nossos filhos e netos.
Hoje o PT apoia o candidato de Bolsonaro para presidente do Senado.
O MDB comete traição explícita contra Simone Tebet, candidata do próprio partido, em troca de cargos na Mesa Diretora.
Imagine por um momento que a maioria dos homens e mulheres esquecessem o amor desinteressado e se relacionassem apenas por interesse!
Teríamos, sem dúvida, um mundo horroroso. Um mundo sem poesia, sem caridade, sem ideais, sem preocupação com o bem comum. Um mundo onde seria muito triste viver.
Pois posso lhes dizer que hoje é muito triste ser senador da República. O espetáculo é dantesco.
Se olharmos um pouco para a frente, o que teremos será um Parlamento sem independência, servo do Poder Executivo.
A própria democracia brasileira estará irremediavelmente comprometida.
Em outubro próximo, com a aposentadoria do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, Bolsonaro terá maioria no STF (6×5), então, em vez de três Poderes independentes, teremos um Poder Executivo hipertrofiado.
Nosso destino como nação estará, quase que totalmente, nas mãos de um único homem. O sistema de pesos e contrapesos, que sustenta o regime democrático, estará comprometido.
Se o Brasil for conduzido por esse homem da mesma forma como ele tem nos conduzido para enfrentar a pandemia do coronavírus, então será melhor, para a felicidade geral da nação, que a sociedade civil organizada, pacificamente, se manifeste, e que seu clamor seja ouvido por aqueles que só pensam em seus próprios interesses e ocupam nossos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Oriovisto Guimarães é senador pelo Podemos-PR