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Política

“Brasil continua vivendo um momento muito delicado”, afirma Sperafico

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“A votação de autorização para abertura de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) e afastamento de Michel Temer do cargo de presidente por seis meses foi um momento crucial para o país, mas não podemos esquecer que as dificuldades são bem anteriores a essa situação lamentável”. A afirmação é do deputado federal Dilceu Sperafico (PP). Segundo ele, não se trata de nenhuma novidade, mas vale recordar que a grave crise econômica, social, política e moral enfrentada pelo Brasil teve muitas causas, entre as quais as isenções concedidas, muitas vezes, através de medidas provisórias, que, na visão do pepista, estão entre as grandes responsáveis pelo desequilíbrio das contas públicas.

“Até delações premiadas já comprovaram que muitos desses benefícios foram literalmente comprados por grandes empresas. Outra questão importante é saber por que foi injetado tanto dinheiro público no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para ser aplicado no exterior, favorecendo grandes organizações e outros países, quando o governo deveria financiar pequenas empresas e empreendedores nacionais, que geram empregos e recolhem tributos para o Brasil”, enaltece Sperafico.

Exemplo disso, conforme o parlamentar, aconteceu com a Friboi, que, segundo ele, tem um histórico de irregularidades. “A empresa recebeu, literalmente, um monte de dinheiro público brasileiro, a juros especiais, para comprar frigoríficos na Austrália, na Argentina e nos Estados Unidos, gerando emprego, renda e tributos nesses países. Com o dinheiro do BNDES, tornou-se o maior conglomerado privado do mundo no setor de carnes, enquanto os brasileiros que bancaram essa expansão hoje enfrentam todas as dificuldades conhecidas, até porque a mesma empresa fechou diversas unidades frigoríficas nacionais”, critica o pepista.

 

Diferenças de juros

Para se ter ideia do absurdo cometido pelo BNDES, Sperafico aponta que o banco emprestava dinheiro às empresas da JBS a juros de 6% ao ano, enquanto o governo tinha de pagar a taxa Selic pelos recursos captados no mercado e repassados à instituição. Conforme o deputado, esse subsídio à empresa resultou em prejuízo para o Brasil, pois consumiu recursos que poderiam ser investidos na geração de empregos e no atendimento às famílias de baixa renda. “Prova que esse abuso está sendo corrigido, com a suspensão de tais privilégios contrários aos interesses nacionais, é a ‘chiadeira’ de grandes empresários, que perderam o acesso a esse dinheiro barato para investimentos no exterior e obtenção de lucros fabulosos”, ressalta o parlamentar.

Segundo o deputado, outro exemplo do acerto de novas medidas está na Petrobras. “Depois de apresentar grandes prejuízos nos últimos anos, passou a dar lucro, beneficiando a sociedade brasileira. Foram R$ 350 milhões de lucro no último semestre, acabando com as críticas que eram feitas à empresa estatal”, enaltece.

 

Alívio das contas públicas

Com isso, Sperafico afirma que o governo não necessita mais colocar dinheiro público para cobrir os rombos na empresa e pode utilizar tais recursos em outros investimentos em benefício da população. “São avanços efetivos, mas precisamos todos estar conscientes que o Brasil continua vivendo um momento muito delicado e diariamente devemos corrigir uma ou outra falha ou omissão do Poder Público”, pontua o parlamentar, acrescentando: “Fomos contrários à abertura de processo contra o presidente Temer por entender que era a melhor opção para aquele momento. Não votamos a favor de Temer e sim a favor do Brasil. Se naquele instante autorizássemos a abertura do processo contra Temer, teríamos nova e total paralisação do país, com prejuízos para todos os brasileiros. Além disso, não podíamos esquecer que a delação que incluiu o presidente Temer foi uma operação muito trabalhada ou ‘fabricada’, o que alimentava muitas desconfianças. Prova disso é que a delação do ex-deputado federal Pedro Correia levou dois anos para ser homologada no STF, enquanto a delação do empresário Joesley Batista, da JBS, foi montada e julgada em 30 dias”.

 

Delações diferentes

Segundo o deputado, já a delação do empresário Marcelo Odebrecht foi analisada durante um ano e ele permaneceu preso, mesmo após a homologação. “Enquanto isso, Joesley Batista permaneceu livre e está imune, inclusive de outros processos, com autorização para residir nos Estados Unidos. O que explica essas diferenças? Seriam os objetivos diferentes das operações? Essas contradições resultaram em clima de muita desconfiança e tal situação tornou temerária decisão que não poderia ser revertida depois e corria o risco de penalizar milhões de pessoas inocentes, como os trabalhadores desempregados e famílias de baixa renda. Para completar, não se tinha certeza absoluta da veracidade das acusações contra o presidente Temer”, enfatiza.

 

Críticas e elogios

“Confirmamos que fomos alvos de bastante críticas pela nossa posição na votação, mas, em compensação, recebemos muito mais elogios de lideranças e cidadãos em reconhecimento a nossa coragem para votar corretamente no momento certo. Na vida pública, temos de botar a cara, assumir a nossa postura e justificar a decisão para toda a população”, declara o parlamentar.

 

Poderes

Outro detalhe, segundo ele, é que os poderes da República, como Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público são autônomos, mas têm de ser harmoniosos, respeitando as atribuições constitucionais de cada um. “A disputa pelo poder, movida até por vaidades, gera crise institucional e isso não traz nenhum benefício às partes envolvidas e à sociedade brasileira. Esperamos que tudo isso comece a se ajustar com a renovação de alguns cargos e a conscientização de todos sobre suas responsabilidades e limitações”, prossegue.

 

Oportunidade

Na opinião de Sperafico, ajustamento maior acontecerá no ano que vem, quando haverá eleições para os cargos de presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais. “Será a grande oportunidade para que o eleitorado coloque as pessoas adequadas em seus devidos lugares, unindo e mobilizando os poderes constituídos para a retomada do desenvolvimento do Brasil. De nossa parte, caberá levar adiante as reformas em andamento, incluindo a política, mas sem fundo partidário de R$ 3,6 bilhões dos cofres públicos e com limitações muito claras das fontes permitidas para o financiamento das campanhas, com fiscalização rigorosa e honestidade de todos os candidatos e suas equipes de trabalho”, finaliza.

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