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Atriz de “Espelho da Vida” assume transtorno com fala importante: “Tinha muita vergonha”

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A atriz Luciana Vendramini não esconde de ninguém o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) que desenvolveu há 20 anos (Foto: Divulgação/TV Globo)

A atriz Luciana Vendramini não esconde de ninguém o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) que desenvolveu há 20 anos. Muito pelo contrário: a artista acredita que falar abertamente sobre o assunto é uma das principais armas para desestigmatizar a doença.

Entretanto, a facilidade para dialogar sobre o TOC nem sempre foi fácil para a Solange de “Espelho da Vida”, da TV Globo.

 

Tabu da doença

Em entrevista a Fátima Bernardes, no programa “Encontro”, da Rede Globo, Luciana contou que, atualmente, finaliza o processo de produção de um livro sobre TOC.

Nele, a atriz narra sua própria experiência com a doença e busca levantar discussões acerca do tema.

“Acho muito importante, no meio desse turbilhão de coisas que está acontecendo no mundo, a gente falar de saúde mental. Não tem mais porque ter tabu com isso. Todo mundo na família tem uma pessoa com depressão, com TOC, bipolar, ansiedade”, disse a artista.

Em sua visão, o tabu sobre temas ligados à saúde mental ainda persiste pelo medo de julgamentos alheios a quem lida com a doença.

“A gente tem medo porque vai ser julgada. ‘Isso é frescura, você é bonita, você não precisa ter isso, vai ter um livro, vai fazer terapia, terapia é coisa de gente louca’. Então a gente ouve esses clichês totalmente errados.”

E, às vezes, Juliana lembrou, o julgamento e o medo podem vir de dentro da própria pessoa com TOC. Foi o que aconteceu com ela: “Tentei esconder muito tempo, tinha muita vergonha.”

Por esse motivo, a atriz acredita que falar sem preconceitos sobre a doença pode ser uma das grandes ferramentas de apoio à pessoa com TOC. “Quando a gente perder esse medo, tabu, a comunicação vai ficar melhor e se tratar mais rápido.”

 

TOC: o que é

De acordo com o psiquiatra e psicanalista Mario Louzã, o TOC tem como características sintomas obsessivos, como pensamentos repetitivos e comportamentos compulsivos (“rituais”) feitos repetidas vezes.

“A pessoa tem noção de que as obsessões e/ou as compulsões não fazem sentido, mas ela não consegue impedir os pensamentos ou rituais. Em geral, os portadores de TOC sofrem muito por não conseguir controlá-los”, explica Louzã.

Para Luciana, o TOC pode ser comparado à sensação de eterna dúvida. “Você nunca tem certeza se desligou o gás, se fechou a porta. É uma não-lógica, mas uma lógica incrível para quem está sofrendo [o TOC]”, explicou a atriz.

 

Causas do TOC

De acordo com Louzã, este problema afeta cerca de 2% da população e também pode atingir crianças. As causas do transtorno ainda são desconhecidas, mas fatores genéticos e hereditários, bem como traumas e até ambientes estressantes podem ajudar a desencadeá-lo.

“Do ponto de vista neuroquímico, sabe-se que há alterações em alguns circuitos cerebrais mediados pelo neurotransmissor serotonina”, comenta o psicólogo.

As crises de TOC de Luciana, por exemplo, começaram sem aviso-prévio, durante um passeio de bicicleta pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

“Parei. Senti um medo incontrolável e até cheguei a achar que pudesse ser um ataque de pânico, mas não. Naquele momento, estava refém de um pensamento que dizia ‘eu só vou sair daqui depois que passarem três pessoas vestindo camiseta amarela’. Eu comecei a chorar”, relembrou a atriz, ao programa “Lady Night” (Multishow) sobre sua primeira crise.

 

Sintomas do TOC

Repetir números de placas de automóveis que vê na rua, fazer cálculos com os números ou tentar formar palavras com as letras são exemplos de obsessões.

Também é possível que pessoas com TOC apresentem pensamentos pessimistas, como o de que são capazes de fazer mal a alguém.

“A pessoa pode também ter pensamentos de que está contaminada, de que suas mãos estão sujas e, por isso, precisa lavá-las repetidamente. Porém, por mais que elas façam isso, não se convencem de que estão limpas. A compulsão é tão grande que a pessoa chega a machucar as mãos”, diz o especialista.

Vale lembrar que o TOC é diferente de manias, que não causam prejuízos no cotidiano. Quem lida com o TOC chega a ter sua vida paralisada por conta da doença e podem até parar de estudar, trabalhar ou não desempenhar outras atividades do cotidiano por conta do quadro de saúde.

 

Como tratar o TOC

Caso não seja tratado adequadamente, o problema tende a se tornar crônico.

Os cuidados para o transtorno passam, especialmente, por uma técnica comportamental conhecida como “exposição e prevenção de resposta”, que, em linhas gerais, consiste em expor o paciente a situações ou objetos que causam desconforto e ensiná-lo a não responder com o comportamento do TOC.

Aliado à terapia, são receitados medicamentos antidepressivos inibidores de receptação da serotonina.

Porém, o sucesso da terapia depende da gravidade da doença. Em geral, o tratamento precisa ser contínuo para evitar que os sintomas voltem.

 

Com MSN Estilo de Vida 

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