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Dom João Carlos Seneme

Jesus oferece a fonte da água viva

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De modo especial, hoje, domingo da samaritana (domingo, dia 19), o evangelho chama a atenção para o símbolo da água. O encontro de Jesus com a samaritana à beira do poço nos questiona profundamente: quais são as fontes que alimentam nossa vida espiritual? Onde encontramos a fonte de água viva que jorra eternamente? A samaritana encontrou em Jesus resposta para o sentido fundamental de sua vida.

Neste domingo, o evangelho nos oferece uma das cenas e diálogo mais tocante do evangelho. O encontro com a samaritana revela a profundidade do amor de Deus por toda a humanidade, de modo particular pelos pecadores. Jesus passa por uma região, Samaria, considerada lugar de hereges e pecadores, segundo a visão dos judeus. É uma longa história de ódio e rancor devido a questões religiosas. Os samaritanos são considerados impuros porque se uniram a povos estrangeiros. Jesus é um judeu, por isso a samaritana se escandaliza quando ele lhe dirige a palavra: ela é mulher, samaritana e pecadora. De uma simples conversa inocente, a samaritana encontra o Salvador que transforma a sua vida. Ela experimenta a total acolhida, sem discriminação, ódio ou rancor, mas a oferta de uma vida nova. Jesus pede para dar; pergunta para responder; sente sede para se oferecer como água viva.

Com esta dinâmica de contrastes, Jesus propõe uma religião nova e um culto novo: culto ao Pai em espírito e verdade. O Espírito dará a conhecer qual é o culto que tem sentido: conhecer o Deus verdadeiro e adorá-lo como Pai. Os judeus e os samaritanos criaram um deus a sua maneira que justifica seus ódios e rancores. Jesus propõe Deus-Pai que acolhe, ama, não condena e propõe uma vida nova. Vamos prestar atenção no pormenor do “cântaro” abandonado pela samaritana, depois de se encontrar com Jesus (…). O “cântaro” significa e representa tudo aquilo que nos dá acesso a essas propostas limitadas, falíveis, incompletas de felicidade. O abandono do “cântaro” significa romper com todos os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única proposta de vida plena. Agora ela é uma nova mulher portadora de algo mais valioso que dá sentido novo a sua vida.

A mulher samaritana, ferida pela vida, é transformada através do encontro com o Ressuscitado. De dona de casa ela se torna discípula missionária do Messias. Agora ela pode voltar para o seu povo sem ser rejeitada por ele. Isto revela que a fé cura todas as nossas feridas e nos dá de volta a dignidade perdida. Além disso, com o seu testemunho de fé ela contagia outros: “Nesta aldeia muitos creram nele pelo que contara afirmando que lhe tinha dito tudo o que fizera”.

“Esta experiência de Deus não é fruto de nossos trabalhos e esforços. Devemos dar espaço ao Espírito na vida e no coração, em nossas celebrações e na comunidade cristã. A Igreja de nossas dias deve escutar atentamente também hoje as palavras de Jesus à samaritana: Se conhecesses o dom de Deus! Quando nos abrimos à ação do Espírito Santo, descobrimos essa água viva prometida por Jesus, que se converte dentro de nós em manancial que jorra para a vida eterna” (Pe. José Antônio Pagola).

 

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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