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Dom João Carlos Seneme

A cruz de Jesus é sinal de amor e salvação

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Estamos bem perto da celebração da Páscoa. Entramos na Semana Santa. Neste domingo (05) acontece o Domingo de Ramos, quando Jesus entra solenemente em Jerusalém como um rei simples e humilde. O triunfo de Jesus é o ato de amor na cruz para salvação de todos. Na Páscoa Jesus revela o sentido de sua vida, paixão, morte e ressurreição. Ele toma o pão e o vinho e antecipa o que será realizado sempre que se celebra a Eucaristia; Ele está no meio de nós para nos alimentar, sustentar principalmente neste difícil momento que passamos.

Este ano teremos que celebrar a Páscoa de Jesus de modo diferente: não poderemos estar juntos em comunidade acompanhando os passos de Jesus, sofrendo com Ele e ressuscitando com Ele. Ele nos acompanhará em nossas casas e ali nos falará ao coração e garantirá que “estarei convosco todos os dias”!

Neste domingo vamos acompanhar a narração da paixão e morte de Jesus. Para o evangelista ela se revela com um momento de trevas e juízo, Jesus está sozinho e abandonado: nem mesmo Deus responde ao seu grito. Ele é reprovado pelos homens, é traído pelos amigos e abandonado por Deus. Ele parece escutar o grito de milhões de homens que pedem, como ele: “Por que nos abandonou”?

Improvisadamente, quando a vida se apaga e tudo parece acabado, a voz de um centurião pagão proclama: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus”! É um grito que muda tudo, porque o ato de fé de um pagão testemunha que naquele homem condenado, naquele homem sozinho e abandonado, naquelas trevas… habita Deus. Este é o caminho de Deus, muitas vezes difícil de entender e compreender, as trevas, as dificuldades testemunham a presença e fidelidade de Deus, a sua extrema solidariedade com o ser humano. É o que rezamos no Creio: “morreu e foi sepultado, desceu ao inferno e o terceiro dia ressuscitou”.

A cruz, caminho escolhido por Jesus para manifestar o seu amor ao Pai, não é essencialmente um limite, um fim, é amor, solidariedade com as vítimas, confiança no poder de Deus, que se manifesta na impotência de quem se deixa crucificar por amor. Deus não castiga nem condena, Ele salva a humanidade tornando-se seu irmão na fragilidade e no pecado. O evangelho coloca no centro da vida o amor crucificado. A cruz de Jesus nos ensina a ver um outro lado de tudo o que vivemos. A cruz mostra que a vitória está na oblação e que a salvação da humanidade não se encontra no pedestal da onipotência e sabedoria humana, mas na “pedra que os construtores rejeitaram”.

O fundador da minha congregação religiosa, Estigmatinos, São Gaspar Bertoni dizia: “tempos difíceis são os mais oportunos”. Estamos vivendo tempos difíceis principalmente porque temos que viver o isolamento social para o nosso bem e de nossos irmãos. Vamos aproveitar este momento para aprender um jeito novo de rezar com os instrumentos que temos ao nosso alcance. Não vamos nos perder em lamentações por aquilo que não temos ou fomos privados, vamos valorizar o que temos e sentir que nossa comunidade e nossa igreja nos acompanham através das celebrações virtuais e nas orações por todos. Boa Semana Santa a todos.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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