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Dom João Carlos Seneme

A força redentora de Cristo purifica nossos corações

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O tema das leituras deste domingo (29) é a lei contida no Antigo Testamento. Ela é necessária à convivência, sem a qual não existe vida social, porém conhecemos também seus desvios e o mal que pode fazer à consciência se for considerada somente sob o aspecto legal, sem interpretações, tornando a convivência sem vida e esperança. O povo de Israel nasceu ao redor dos mandamentos recebidos do Senhor. Jesus não os eliminou, mas os confirmou e os levou à plenitude.

Jesus não quer abolir as normas e os costumes que a religião judaica foi estabelecendo ao longo dos anos. Na discussão com os fariseus e os escribas, chama a atenção à religião do coração: “Amarás o Senhor, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 5). Coração, alma e forças são expressões de um amor total, que penetra toda a pessoa. Sua intenção é chamar a atenção para que a religião não seja restrita ao cumprimento de normas, mas que ela converta os corações e seja instrumento de inclusão e fraternidade.

Jesus traz uma novidade profunda para dar mais sentido às práticas religiosas do seu tempo. Jesus desloca todo o sentido da lei do exterior para o interior, dos lábios para o coração, de “fora” do homem para “dentro” dele. “Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem (Mc 7,21-23). Na linguagem bíblica o coração é o lugar da decisão.

As tradições humanas não contêm totalmente a sabedoria de Deus. Há costumes que podem ser empecilhos para viver a verdadeira fé. A hipocrisia humana pode se aproveitar das leis e preceitos para permanecer no poder e dominar a consciência. O radicalismo em permanecer no passado, que contém em si mesmo um aspecto de nobreza, porque conduz o retorno à raiz, corre o risco de se tornar uma prisão, se for conduzido pela Palavra de Deus que conduz à vida. O desejo de Deus é a humanidade viva. Temos que tomar cuidado para que a tradição não tome o lugar da pessoa. Muitos apegados demasiadamente à lei sem coração não se deixam interrogar pela Palavra, porque estão habituados a condenar os outros.

Por isso o ouvido do discípulo deve estar atento à escuta da Palavra para conhecer a vontade de Deus. Como continuadores da missão de Jesus, que entregou a vida por amor, nossas práticas religiosas devem nos conduzir a Deus e aos irmãos. O verdadeiro discípulo missionário é atento aos ensinamentos de Deus e da Igreja e busca viver a vida como evangelizador, estendendo a mão aos mais necessitados e frágeis.

Hoje é o Dia Nacional dos Catequistas, mulheres e homens, servidores das comunidades, que vivem com alegria o seu batismo e, movidos pela fé, esperança e caridade, se dedicam a evangelizar. O Concílio Vaticano II diz: “É digno de elogio aquele exército com tantos méritos, o exército dos catequistas, homens e mulheres, que, cheios do espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda singular e absolutamente necessária à expansão da fé e da Igreja” (Decreto Ad Gentes, nº 17). Obrigado, queridos catequistas, pelo bem que fazem em nossa diocese. Deus os abençoe!

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

 

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