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Dom João Carlos Seneme

A vocação do povo de Deus

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O texto do evangelho deste domingo (14) corresponde à última parte das instruções dadas por Jesus aos 12 quando são enviados a anunciar a boa nova da salvação. Por isso conhecido como discurso sobre a missão e suas consequências. A palavra-chave que toma conta de todo o texto é: “Não tenhais medo”. Os discípulos enviados em missão devem proclamar abertamente a mensagem de Jesus. É preciso superar o medo e a hostilidade e confiar somente em Deus: “Eu estarei convosco todos os dias”.

Através de seus discípulos Jesus estará presente para sempre na Igreja. O objetivo é anunciar a palavra de salvação e libertação principalmente aos mais sofredores: doentes, marginalizados, oprimidos e os que perderam a esperança. O serviço ao reino é serviço aos homens e mulheres de todos os tempos.

O evangelista Mateus acentua o estado de prostração da multidão com uma metáfora muito conhecida no Antigo Testamento: eram como ovelhas sem pastor. Esta imagem representa um povo abatido e exausto pela opressão dos poderosos; um povo abandonado à sua própria sorte, que não encontra quem cuide dele.

É para esta humanidade ferida e sem esperança que são enviados os 12 apóstolos que representam todo o povo de Deus. “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios” são exemplos da obra libertadora confiada ao povo messiânico, revestido da mesma autoridade e responsabilidade do Messias. Certamente haverá rejeição, perseguição e os apóstolos deverão permanecer fortes e confiantes porque Deus estará sempre com eles.

Os 12 apóstolos representam as 12 tribos de Israel, a totalidade da Igreja que nasce aos pés do crucificado: a morte redentora de Cristo que revela nossa justificação e salvação e revelação do amor de Deus.

A Igreja gira ao redor do ministério dos 12 apóstolos que têm a missão de tornar visível o amor de Cristo. No grupo dos apóstolos não é decisiva a qualidade humana de cada um, nem mesmo suas condições sociais, políticas e culturais, nem a militância religiosa e ideológica. No meio deles há publicanos, pescadores, cobradores de impostos. O que é fundamental é a missão confiada por Cristo e o conteúdo do anúncio: “pelo caminho proclamai que o reinado de Deus está próximo. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios”. Há uma dimensão vertical (o reino de Deus) e outra horizontal: o imperativo do amor a quem sofre. Pessoalmente o discípulo deve se distinguir pela pobreza, desapego: “de graça recebestes, de graça deveis dar”.

Nossa pertença a Cristo e a sua Igreja deve ser manifestada em plena luz do dia e proclamada sobre os telhados. O testemunho é confissão pública que o discípulo faz de Cristo e corresponde ao reconhecimento que Cristo fará de cada discípulo diante do Pai: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo14, 6). Portanto, o discípulo será identificado pela coragem em enfrentar os desafios do testemunho da missão. Tendo o Pai em seu favor, não há por que se desesperar.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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