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Dom João Carlos Seneme

Convertei-vos e credo no Evangelho

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Nos domingos da quaresma acompanhamos as tentações de Jesus no deserto e sua transfiguração no monte. Hoje somos introduzidos no tema da misericórdia-conversão, um caminho de renovação, principalmente neste tempo de preparação à Páscoa.

O Evangelho deste domingo (20) (Lc 13, 1-9) contém duas mensagens: a primeira fala da conversão e a segunda acentua a misericórdia de Deus. Os ouvintes de Jesus recebem a notícia de um massacre promovido pela polícia do governador Pilatos: assassinaram homens que ofereciam sacrifícios a Deus pedindo proteção e ajuda. Em seguida, contam a morte de 12 homens quando a torre de Siloé caiu sobre eles. Eles querem saber o que Jesus pensa sobre. Na mentalidade do povo de Israel os desastres e morte eram punições em consequência do pecado. Jesus não condena este modo de pensar, porém pergunta se os pecados desses homens mortos foram piores do que o pecado dos outros. O ser humano não é dono de sua vida; de um momento a outro ele pode perdê-la. Por isso a necessidade constante de conversão, voltar-se para Deus e confiar em sua infinita misericórdia.

Na segunda parte do Evangelho, através da história da figueira, Jesus revela a misericórdia de Deus, que sempre espera a tomada de consciência do pecado e o pedido de perdão. A árvore, apesar de não produzir frutos, não é cortada sumariamente. Deus espera mais um ano, confiando que os frutos virão.

O Evangelho encoraja os ouvintes de Jesus, porém é necessário empenho e responsabilidade com a vida e a fé. A conversão é sempre necessária.

Jesus prega: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, ou seja, “convertei-vos acreditando e acreditando convertei-vos”. Como profeta, Jesus conhece o coração humano e sabe que somos pecadores e cometemos o mal. Por isso, pede que os seus ouvintes aceitem a boa nova do Evangelho e acolham a misericórdia de Deus que vem ao seu encontro oferecendo o perdão.

Jesus é o homem que vem até a vinha de Israel para cuidar dela e salvá-la. É o próprio Deus que se empenha pessoalmente no cuidado da vinha. Ele faz de tudo para que a vinha produza frutos. Ele espera, dá novas oportunidades, porém haverá o momento do juízo final. Que todos estejamos preparados para o momento de prestar contas a Deus do que fizemos com nossa vida, nossa fé e nosso mundo. A vinha-Israel e a vinha-Igreja, muitas vezes, são contaminadas pela esterilidade, são conservadas mesmo quando não dão os frutos esperados por Deus. Quem garante a segurança é Jesus, o Messias e o vinhateiro, que está no meio de nós. Ele é o esposo e sabe esperar com a paciência que é própria de Cristo.

Mas não podemos esquecer que haverá o julgamento final. Jesus continua a interceder por nós, pedindo a Deus que Ele tenha paciência, misericórdia, que Ele espere até que o mal seja eliminado. Ele se empenha pessoalmente para que a árvore produza frutos. “Na ação e na palavra de Jesus nos é oferecida a última oportunidade de conversão, de decisão, pois o julgamento está próximo” (Irmã Aíla Pinheiro de Andrade, nj).

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

 

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