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Dom João Carlos Seneme

Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão

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Neste domingo (19) continuamos num ambiente de missão. Na semana passada, Jesus enviou os apóstolos às aldeias vizinhas com o objetivo de anunciar o Reino de Deus. Desta vez, acompanhamos o retorno deles e o momento em que relatam a Jesus tudo o que fizeram e ensinaram. Jesus percebe o cansaço deles e os convida para ir a um lugar reservado para descansar.

A intenção de Jesus é ajudar os apóstolos a compreender a missão que lhes está reservada, principalmente depois da morte e ressurreição de Jesus. O evangelista quer acentuar que a missão dos apóstolos está em estreita ligação com a missão de Jesus: o lugar é o mesmo (Galileia), o conteúdo também (o Reino de Deus). Será uma vida a serviço de todos!

Durante o trajeto acontece uma mudança nos planos porque uma grande multidão o seguia e eles deixam de lado tudo para atender à necessidade destas pessoas. Chama a atenção o carinho manifestado por Jesus tanto em relação aos apóstolos quando percebe que precisam descansar quanto à multidão que o procura e precisam de atenção: “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.

Jesus é apresentado como o bom pastor já anunciado pelos profetas, que se preocupa com suas ovelhas. Diante da necessidade das pessoas que o procuram, Jesus manifesta a bondade e a misericórdia de Deus partilhando o pão que permanece para sempre. Hoje o alimento é o ensinamento, a partilha da palavra, em outro momento será o pão que sacia a fome. São sinais que devem orientar nossa conduta de pastores, de comunidade que se alimenta continuamente do pão da palavra e do pão da eucaristia e que nos coloca em condições de ser enviados em missão para atender as necessidades de quem sofre e precisa de atenção e misericórdia.

O pastor indicava alguém que acompanha o povo na direção de Deus. Pastorear é aproximar-se das pessoas e conduzi-las a Deus; o pastor é um facilitador deste encontro. É uma tarefa que fomenta a comunhão entre Deus e seu povo e das pessoas entre si. É o que faz Jesus quando percebe que a multidão que o seguia precisava de orientação e ele mostra o caminho de Deus sendo guia e acompanhante. A missão dos apóstolos será a mesma. A nossa missão de batizados também é a mesma.

Todo batizado é mediador entre Deus e a humanidade. Ajudar as pessoas a encontrar este caminho é tarefa de todos e todas, por isso mesmo nosso trabalho é chamado de pastoral, o pastor que cuida, protege e mostra o caminho. Esta tarefa pastoral, para que realmente produza os frutos que Deus espera, deve ser motivada pela misericórdia e compaixão. Sem estes valores corremos o risco de apresentar nossa própria vontade e interesses e deixar Deus de lado. Para ser verdadeiros pastores temos que tentar entender a vida dos outros, colocar-se em seu lugar, demonstrar que estamos unidos em um só coração e que o bem de nossos irmãos é essencial para nós.

“O Evangelho nos recorda o convite de Jesus: ‘Vinde para um lugar deserto a fim de descansar um pouco’. Talvez a Igreja de hoje precise repetir o mesmo convite ao homem contemporâneo, às vezes tão angustiado, disperso, entediado ou estressado, e ensiná-lo a encontrar descanso interior no encontro com esse Deus, amigo da vida, revelado em Jesus Cristo” (Padre José Pagola).

 

* O autor é bispo da Diocese de Toledo

 

revistacristorei@diocesetoledo.org

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