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Rondonense quer fazer história na arbitragem de futebol

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Ruan Kanitz agora integra o quadro de árbitros da Federação Catarinense de Futebol (Foto: Arquivo Pessoal)

Roberto Braatz, Leandro Hermes, Ito Rannov, Carlos Braatz, Dirceu Comin, Arestides Pereira, Miguel Pinheiro, André Bremm, Ivo, Adriana e André Franzmann, João Amaro da Costa (Django), Ireneo Kuhl, Pedro Amarildo Buchmann, Vilson de Oliveira, Fabio Vargas, João Nunes, Gilson Pacheco. A lista de árbitros, assistentes e representantes de Marechal Cândido Rondon que tiveram destaque em nível estadual, seja em competições oficiais ou amadoras de futebol, tem tudo para ganhar mais um nome nos próximos anos.

O jovem rondonense Ruan Kanitz, de 21 anos, recebeu há poucos dias, na cidade de Balneário Camboriú, o certificado de formação na Escola Catarinense de Arbitragem Gilberto Nahas, entidade parceira da Federação Catarinense de Futebol (FCF) e do Sindicato de Árbitros de Santa Catarina (Sinafesc).

Atleta de destaque no badminton na adolescência, Ruan iniciou suas atividades na arbitragem em 2018, quando fez seu primeiro curso, na Federação Paranaense de Futebol Sete, e ingressou na Associação de Árbitros Rondonenses (AAR). Ele conta que a profissão surgiu de maneira gradativa em sua vida. “No início peguei algumas escalas, mas não tinha total interesse. Aos poucos o gosto pela arbitragem foi crescendo. Em 2019 comecei a cursar Educação Física na Unioeste e decidi ir para a arbitragem de futsal. A diretoria da AAR então trouxe um curso para Marechal Rondon e comecei pegar jogos no apito e anotações”, relembra.

Em 2020, por conta da pandemia, as competições foram interrompidas, mas a ideia de se tornar árbitro não ficou para trás. “Queria muito fazer curso para o futebol. Entrei em contato com várias federações e vi que abriria em Santa Catarina, no modelo EAD, sendo 70% das aulas a distância e 30% presencial, na cidade de Maravilha. Após seis meses de curso fui aprovado nos testes físicos e teóricos realizados em fevereiro, em Balneário Camboriú”, relata.

O caminho para o novo árbitro estava traçado, ainda mais depois de um convite do diretor do Departamento de Arbitragem da Federação Catarinense, Marco Antonio Martins, intermediado pelo instrutor da Liga Joinvillense de Futebol, Hector Lisbôa. “Me convidaram para fazer parte do quadro de árbitros do Estado, mas teria que fazer todos os testes e provas. No último mês obtive sucesso em toda a parte teórica e física”, comemora Ruan, que já trabalha em partidas amadoras e de categorias de base, especialmente na cidade Joinville.

“Estou trabalhando em jogos amadores, apitando categorias de base, do sub-12 ao sub-20 da Liga de Joinville, e amistosos adulto. A Liga de Joinville, da qual faço parte hoje, me proporciona muitas oportunidades nesses jogos. Ainda estou em uma fase de aprendizado, porém eles me enquadram em uma lista de árbitros promissores, com a possibilidade de trabalhar em jogos organizados pela Federação Catarinense já nos próximos meses”, menciona Ruan, que agora integra a mesma entidade da qual fazem parte nomes importantes da arbitragem brasileira atual, como Heber Roberto Lopes, Rafael Traci e Braulio Machado.

“Optei vir para Santa Catarina por conta do destaque que o Estado tem no cenário nacional”, afirma.

Ruan Kanitz em jogo da categoria sub-18 em 2020 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Aprendizados para a vida

Apesar da pouca idade, Ruan demonstra ter muita consciência de como a arbitragem vai interferir em sua vida, e não apenas dentro das quatro linhas. “Minhas vivências dentro de campo estão sendo muito boas. A arbitragem impõe muita disciplina. Para ser um árbitro de destaque é preciso seguir uma rotina regrada, cuidando com postagens na internet, comportamento e apresentação pessoal aonde quer que vá. Arbitrar é algo muito sério e por isso estou gostando bastante. Dentro de campo são vários desafios, a adrenalina é muito grande, principalmente em jogos adultos, pois sou novo e me encontro em processo de formação contínua. Isso vai me preparando para os desafios futuros na arbitragem. Através dela é possível evoluir muito, não apenas na profissão, mas também como pessoa. Tenho aprendido muito nessa área”, garante.

 

Companheiro integral

Item básico para qualquer árbitro de futebol, o livro de regras tem sido um companheiro constante na rotina de Ruan nos últimos meses. “Ele é meu parceiro e dorme na cabeceira da cama. Me acompanha em todos os lugares. Se não está na mochila, está no carro”, brinca o jovem, ciente de que a vida de árbitro tem seus altos e baixos. “As experiências dentro de campo têm sido boas. Logicamente acontecem equívocos, mas isso árbitros no auge da carreira também passam”, reflete.

Ruan (à esquerda) durante testes físicos para se tornar árbitro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Exemplos ilustres

No meio da arbitragem, é comum um novato contar com o apoio de alguém mais tarimbado no ramo, com experiências e ensinamentos que certamente vão contribuir na formação do futuro profissional. E para Ruan Kanitz, essa pessoa é Leandro Hermes, ex-árbitro Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que mostrou ao jovem o caminho da arbitragem. “O Leandro é como um padrinho. Foi ele quem me convidou a fazer o curso em 2018, dizia que meu perfil era condizente com a profissão. Ele me ajuda até hoje. Conversamos toda semana. Ele é um espelho. Da mesma forma que ele chegou à CBF, almejo isso para minha carreira, mas primeiro tenho que conquistar espaço no cenário de Joinville, em seguida no Estado de Santa Catarina”, reconhece Ruan, reforçando a importância de Leandro Hermes na sua escolha. “Se não fosse por ele talvez nem teria vindo para cá. Ele me deu total suporte e incentivou a acreditar no meu sonho”, afirma.

Roberto Braatz, outro personagem ilustre da arbitragem de Marechal Rondon, também tem sua parcela positiva na sua ainda breve trajetória de Ruan. “O Braatz também me ajudou muito, sendo uma motivação para mim em razão da sua carreira na arbitragem. Trabalhou na Copa do Mundo (África do Sul 2010), que é sonho de todo árbitro que chega no nível Fifa. Ele fez isso acontecer quando esteve lá. Trabalhou muito para chegar onde chegou e é uma referência para mim. Dizer, aqui em Santa Catarina, que sou de Marechal Rondon, cidade de tantos árbitros renomados, me dá muita confiança. Também posso chegar longe”, acredita Ruan.

 

Padrinho

Nomes dos mais importantes na história da arbitragem rondonense, Leandro Hermes, que por cinco anos levou no peito o escudo de árbitro CBF, tendo apitado grandes jogos do futebol brasileiro, não tem dúvidas que Ruan Kanitz tem totais condições de manter Marechal Rondon em evidência. “Falar do Ruan é muito fácil para mim. Conheço ele desde menino e sempre demonstrou algumas capacidades diferenciadas, dentre elas a determinação. Possui foco muito grande e quando tem um objetivo dificilmente deixa escapá-lo, e isso está se transferindo para a arbitragem. Ele está ainda no início de uma longa caminhada. Diria que ele deu cinco passos de 100 necessários, mas o caminho dele é todo correto. Ele é muito inteligente, tem uma sabedoria social bastante aguçada e é isso que a arbitragem pede”, elogia Leandro.

Sócio-fundador da Associação de Árbitros Rondonenses (AAR), Leandro reforça a ideia de que Ruan pode se considerar um privilegiado por ter iniciado a carreira em Marechal Rondon. “Digo que ele teve a sorte que conviver aqui na AAR por algum tempo e teve uma bagagem inicial muito boa, porque aqui ele conviveu com grandes árbitros e seres humanos fantásticos que o ensinaram muito, e isso hoje repercute e mostra que está no caminho certo. Essa primeira base que ele teve aqui foi que o determinou essa diferenciação em seu curso lá em Santa Catarina. Os dirigentes observaram ele ainda na escola de arbitragem e viram que ele tinha algo a mais, por isso o convidaram a trabalhar e dar sequência no seu sonho. Tenho certeza que ele está no caminho certo, tem tudo para ter uma carreira promissora, pois reúne qualidade técnica, física e foco. Ele tem tudo na mão, é só seguir os passos que sua inteligência mandar”, finaliza.

Em 2019, Ruan teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Roberto Braatz, auxiliar Fifa na Copa de 2010 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Gustavo Cunha/O Presente

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