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Coronavírus: prevenir é mais fácil e simples que remediar; infectologista da região dá orientações

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Lavar as mãos várias vezes ao dia com água e sabonete e usar álcool em gel é uma das maneiras mais eficazes de evitar doenças respiratórias propagadas por vírus (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

A propagação do coronavírus tem causado apreensão e medo em muitas pessoas. Isto porque o cenário envolve incertezas, já que o Covid-19 surgiu há cerca de três meses e as informações sobre a doença ainda são recentes.

Neste mês foram divulgados dois estudos importantes sobre a experiência na China, primeiro país a registrar pessoas infectadas, que demonstram que o coronavírus é predominantemente uma doença benigna, leve, que causa um resfriado ou síndrome gripal em cerca de 80% das pessoas.

Os casos que foram classificados como mais graves, em que as pessoas precisaram ser hospitalizadas e geralmente houve evolução para pneumonia, atingiram mais os idosos – acima de 60 anos -, principalmente homens, fumantes e que já tinham doenças pulmonares ou cardíacas.

Já os casos muito graves e que levaram pacientes às UTIs e com necessidade de intubação somaram cerca de 5%. Destes, a mortalidade tem sido considerada alta no grupo de idosos acima de 80 anos.

Em entrevista ao Jornal O Presente, a médica infectologista e professora no curso de Medicina do campus de Cascavel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Juliana Gerhardt Moroni, diz que a busca por atendimento em pronto-socorro tem aumentado, assim como a suspensão de aulas e cancelamento de eventos. No entanto, ela relata que a medida muitas vezes não tem necessidade. “Cada cidade deve avaliar quantos casos confirmados já teve e a partir do número grande de casos, geralmente mais de 100 a 150, é que se indica essas ações mais importantes, como fechar escolas, suspender eventos, orientar as pessoas a ficarem em casa. Cidades nas quais há poucos casos as pessoas devem ficar mais tranquilas”, declara.

Médica infectologista e professora no curso de Medicina da Unioeste, Juliana Gerhardt Moroni: “O hábito de sempre lavar as mãos e usar o álcool em gel é algo que todos deveriam aplicar, independente de pandemia. A higienização das mãos previne uma grande gama de doenças. Esse hábito precisa fazer parte da nossa vida” (Foto: Divulgação)

 

ALARDE

Questionada se de fato existe motivo para alarde em relação ao coronavírus, a médica responde que “sim” e “não”. “Sim porque haverá muitos casos. É muito difícil negar isso. E não porque, apesar do grande número de casos, as complicações e as mortes são bem mais raras. Na minha opinião o maior problema será o absenteísmo. Como as pessoas diagnosticadas com coronavírus, mesmo estando bem, precisarão ficar em casa com atestado de 14 dias, pois é a recomendação, vai ter muita gente sendo afastada de suas atividades. Isso vai gerar um impacto econômico grande. O que precisa ter é preparação, pois todos devem estar preparados para o que pode vir. Se não vier, estamos no lucro. Se vier, já estaremos preparados sobre como agir. A previsão que se observa nos outros países é uma onda de três meses. Provavelmente ainda teremos muitos casos no Brasil”, destaca.

 

PREVENÇÃO

Diante desta situação, Juliana afirma que a melhor maneira de evitar a proliferação do vírus envolve uma boa higiene. “Lavar muito as mãos, usar álcool em gel, manter os ambientes ventilados, não ter janelas fechadas, evitar aglomerações. Se puder, evite ir em festas, viagens, para locais altamente turísticos e que concentram muitas pessoas”, enumera. “Outra dica é manter uma boa alimentação e quem tem doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial, doenças do coração e do pulmão, precisa fazer o tratamento corretamente e tomar os medicamentos para que estas doenças não descompensem”, reforça.

Além disso, é recomendado neste momento evitar muitos beijos, cumprimentar as pessoas com beijo no rosto, abraço ou com as mãos devido ao contato mais próximo.

 

ÁLCOOL EM GEL OU VINAGRE?

Há poucos dias começou a circular em redes sociais um vídeo em que um homem defende o uso de vinagre em vez de álcool em gel, que não teria eficiência contra o coronavírus.

A médica infectologista frisa que é algo totalmente falso. “Não há dúvidas de que o álcool funciona. Quando se pensa no vírus para doenças respiratórias, ele é 100% eficaz. A orientação é colocar uma quantidade adequada na palma das mãos e fazer fricção, espalhando bem o álcool em todas as superfícies da mão, por cerca de 30 segundos e esperar secar. O álcool é utilizado dentro do hospital para fazer limpeza. Se você está em casa com alguém resfriado, o recomendado é limpar os móveis com álcool”, salienta.

Quando surgiram os casos de H1N1 – doença a princípio mais grave que o Covid-19 por abranger mais grupos de risco -, à época o uso do álcool em gel disparou. Quando os casos começaram a diminuir, no entanto, o produto caiu em desuso pela população em geral.
Juliana alerta que o álcool em gel deveria estar sempre em falta nas farmácias, pois deveria ser hábito usá-lo. “Muitas pessoas só lembram do álcool em gel quando estamos frente a uma pandemia ou aumento do número de alguma infecção. Porém, o hábito de sempre lavar as mãos e usar o álcool em gel é algo que todos deveriam aplicar, independente de pandemia. A higienização das mãos previne uma grande gama de doenças. Esse hábito precisa fazer parte da nossa vida independente de pandemia ou não”, reforça.

 

USO DE MÁSCARA

A máscara deve ser utilizada somente por quem apresenta sintomas para evitar contaminar outras pessoas ou o ambiente. “Para quem não tem sintomas, a máscara como forma de prevenção é muito pequena. Está faltando máscaras, elas estão com preços muito elevados, e não é isso que vai fazer o paciente não adoecer. Além disso, a máscara tem durabilidade curta se usada de modo contínuo. A máscara simples, a cirúrgica, dura de duas a três horas”, comenta Juliana.

 

VIAGENS

Quem já tem viagens programadas para o exterior, a médica expõe que o melhor é cancelar ou adiar. “Não sabemos o que vai acontecer. A cada dia está mudando. Você pode ir para um país que, de repente, decide fechar as fronteiras e entra em quarentena, ou pode adoecer no exterior e precisar de atendimento médico, mas o atendimento está superlotado. Fora isso várias atrações e passeios estarão fechados. A recomendação segura é não viajar”, enfatiza.

Já as pessoas que estão retornando de áreas de maior risco, como América do Norte, Europa e Ásia, mas estão sem nenhum sintoma do coronavírus, devem permanecer em isolamento domiciliar por sete dias, informa a profissional. “Se com sete dias não houver evolução de nenhum sintoma, a situação está tranquila. Se com sete dias evoluir com sintomas, avalie se é o caso de procurar um pronto-socorro. Se a pessoa volta de viagem e dentro de 14 dias desenvolve sintomas, deve se informar sobre o protocolo do município em relação ao que fazer”, orienta.

De acordo com a médica, hoje mudou o critério de casos suspeitos. “Qualquer pessoa que chega ao Brasil pode ser um caso suspeito de coronavírus. É preciso manter a calma. O exame não precisa ser feito imediatamente. Os pacientes com sintomas leves que não serão hospitalizados devem ir para casa. O caso será notificado para a Vigilância municipal, a qual deve providenciar a coleta de material para exame na casa da pessoa. A coleta dentro do hospital pode aumentar o risco de contaminação”, aponta.

 

VACINE-SE CONTRA A GRIPE!

Outra orientação é a vacinação contra gripe (Influenza), cuja campanha foi antecipada para este mês. “É muito importante que todos se vacinem. A vacinação é recomendada a todos os brasileiros com mais de seis meses de idade, porque estando imunizado contra o Influenza já é um vírus a menos que se corre o risco de pegar no inverno”, diz Juliana.

Por outro lado, ela enaltece que contra coronavírus não existe nenhuma vacina ou medicação específica. “Se alguém divulgar que foi inventada alguma vacina ou medicação até que o Ministério da Saúde assuma isso, é fake news. Para desenvolver vacina, infelizmente, leva tempo, pois são necessários muitos testes. Neste momento estão sendo realizados estudos, mas até o presente momento não há vacina e nem remédio para o coronavírus”, alerta.

 

SE APRESENTAR SINTOMAS, O QUE FAZER?

Quem estiver com qualquer sintoma respiratório semelhante a um leve resfriado ou uma gripe, como febre, dor de garganta, tosse, coriza, se não for idoso e não tiver doenças crônicas deve ficar em casa de repouso, ingerir muito líquido e remédio para dor e febre. “Evite ir ao pronto-socorro. O exame só é recomendado para os estados mais graves ou para idosos, porque o sistema de saúde e os laboratórios estão ficando lotados e não estão dando conta de fazer um atendimento mais adequado para quem precisa. Cada município tem a sua Vigilância Epidemiológica e deve definir o seu protocolo para comunicação de casos suspeitos”, comenta. “Quem está em casa doente deve ficar em um quarto descansando, não compartilhar copos, talheres, escova de dente, nada de uso pessoal. Quem estiver com sintomas é bom ficar afastado de idosos até melhorar”, acrescenta a professora da Unioeste.

 

ALERTA PARA FAKE NEWS

Em meio à pandemia de coronavírus, estão surgindo muitas fake news, inclusive da confirmação de casos. Contudo, isso não deve ser compartilhado se a notícia não for originada de órgãos competentes. “Todos os dias o Ministério da Saúde está fornecendo informações atualizadas, assim como a maioria dos Estados. As pessoas não devem compartilhar vídeos, áudios ou textos que não se pode comprovar a veracidade. Infelizmente a maior parte do medo e do pânico que está sendo semeado com a população é graças à grande quantidade de fake news que circulam. As pessoas precisam manter a calma e ter o bom-senso de só compartilhar informações de fontes confiáveis”, ressalta a médica infectologista.

Diante de tantas informações inverídicas, Juliana salienta que não existe nenhuma comprovação científica o uso de medicamento, homeopatia, ozonoterapia, doses altas de vitaminas, própolis, dentre outros, como forma de prevenção ao coronavírus. “Corre-se o risco de tomar esse tipo de atitude e esquecer a parte mais importante, que é a higiene”, finaliza.

 

O Presente

 

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