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Produtores evitam transgênicos à beira do Parque Nacional

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Vandré Dubiela/O Paraná
Plantação de milho convencional ao lado do Parque Nacional do Iguaçu, em Céu Azul: consciência ambiental entre produtores

Agricultores com propriedades margeadas ou há poucos metros do Parque Nacional do Iguaçu ainda têm dúvidas quanto ao limite a ser respeitado para o cultivo de lavouras com milho transgênico. Apesar de eles apontarem a ausência de um ato regulatório específico sobre essa delimitação, optaram em agir com bom-senso e explorar o plantio da semente geneticamente modificada de milho, respeitando uma distância de 1,2 mil metros do Parque Nacional do Iguaçu.

“Trata-se de uma questão de consciência ambiental”, comenta o presidente da Associação dos Produtores Rurais do Entorno do Parque Nacional do Iguaçu (Aproli), Rogério Pasquetti, de Céu Azul. A Aproli, inclusive, conta com uma cadeira no Conselho do Parque Nacional do Iguaçu.

De acordo com relatos de alguns produtores consultados pela reportagem, que preferem não se identificar, há informações de que não há zona de amortecimento para o plantio do milho transgênico. O governo federal teria derrubado essa medida, portanto, não há restrição para o cultivo de milho modificado nas propriedades localizadas à beira do Parque Nacional do Iguaçu. Apesar dessa situação, a consciência ambiental dos agricultores tem prevalecido.

A expectativa dos agricultores envolve o anúncio do decreto regularizando o Plano de Manejo do PNI. Para especialistas, se os trâmites seguirem de maneira normal, ele deve ficar pronto em dois anos. Uma comissão precisou ser montada para colaborar com a reformulação do novo Plano de Manejo.

No meio de toda a celeuma, surge o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apresentando como defesa uma lei que, segundo o órgão, rege a zona de amortecimento para o milho.

Na época em que os produtores debateram a zona de amortecimento para a soja, não houve o despertar para que fosse tratada a questão envolvendo o milho geneticamente modificado. Para a soja, a Aproli sugeriu 500 metros e o limite teve o endosso das autoridades da área ambiental, há cerca de três anos.

A situação gera questionamentos e comparativos com os Estados Unidos. Lá, não há esse tipo de restrição há mais de 50 anos.  “Na época em que as discussões foram centradas na soja, poderíamos ter aproveitado e inserido as culturas do milho e do algodão”.

A queda da zona de amortecimento é uma resolução baixada pelo Ministério do Meio Ambiente. A primeira ação de debate sobre o tema ocorreu em abril de 2011, quando produtores do entorno do Parque Nacional do Iguaçu entraram em um acordo com o conselho de usuários para obter do ICMBio a liberação do plantio do milho transgênico.

Alguns meses depois, a definição permanecia ainda como rascunho. Para a Aproli, ficou mais do que comprovado que a prática da exploração de transgênicos não provoca danos ao meio ambiente.

O vice-presidente da Aproli, Anacleto Perondi, cita que no começo, deveriam ser respeitados os 1,2 mil metros de distância do parque, entretanto, uma nova normativa teria baixado a zona de amortecimento para zero. “Apesar da norma, na cabeça das pessoas ainda predomina os 1,2 mil metros”. Segundo Perondi, há muita “informação desencontrada”  sobre o assunto. A Aproli congrega 27 municípios lindeiros ao Parque Nacional do Iguaçu.

Em uma das últimas reuniões realizadas em Céu Azul, o diretor do PNI, Jorge Pegoraro, disse ser imprescindível a discussão de questões voltadas à preservação do meio ambiente dentro do aspecto da sustentabilidade.

“Esse é um trabalho contínuo que gera o fortalecimento de relações, pois apenas com o envolvimento da sociedade será possível alcançar uma das mais importantes conquistas, que é a preservação da diversidade ecológica e sensibilização ambiental”. A equipe de reportagem busca há cerca de uma semana – sem sucesso -, contato com o chefe-substituto do Parque Nacional do Iguaçu e da área de manejo, Apolônio Rodrigues. Não há retorno das ligações efetuadas.

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