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Fátima Baroni Tonezer

Detox emocional: cuidar de si

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É muito fácil entender o conceito de doença e contaminação, porque isto se manifesta de forma visível no corpo físico. Estar em contato com pessoas, frequentar qualquer ambiente – trabalho, igreja, mercado, andar na rua, nos expõe continuamente a patógenos. Exemplo: o vírus da gripe, da Covid, ser picado pelo mosquito da dengue, entre outros. E as reações e sintomas são fáceis de identificar, eu sinto e os outros veem. E buscar ajuda e remédios é natural e aceito.

QUAL A DIFICULDADE DE ENXERGAR A CONTAMINAÇÃO EMOCIONAL?

O primeiro ponto é que quando se trata de emoções, não existe clareza. Não é visível como a contaminação por vírus, bactérias etc. E por não ser visível, a descontaminação é mais difícil, por não ser muito bem compreendida. Isto porque não aprendemos a reconhecer nossas emoções. Então, para fazer a limpeza, o detox, precisamos conhecer o que nos incomoda, que nos contaminou. Sem saber a causa, não conseguimos eliminar o sintoma. E de onde vem a contaminação?

Esta “contaminação”, entre aspas, por não ser visível e detectável em exames, aparecem em nossos pensamentos e sentimentos, que afetam nossos comportamentos e atitudes. Abalam nossa autoestima, são os pensamentos e sentimentos disfuncionais que surgem como as mágoas ao longo da vida. Esses pensamentos e sentimentos minam nossa autoestima e crença pessoal de merecimento e valor.

Essas mágoas podem nascer de situações e eventos traumáticos, abusos que sofremos. Assim como pode surgir das interpretações que fazemos sobre a situação vivenciada, da narrativa que damos às falas e ações dos outros. E essas situações conflituosas vão nos pegando de tal jeito que criamos um padrão de respostas disfuncionais para lidar com a vida. São esses acúmulos silenciosos que, vivendo no piloto automático, perpetuam sofrimento.

NÃO É O QUE ACONTECE. É O QUE EU SINTO E ENTENDO QUE ACONTECEU!

A proposta aqui não é falar de abusos, agressões, traições, eventos explícitos. Eles são importantes de serem vistos e resolvidos. Vamos falar daqueles eventos não estão visíveis, geralmente ignorados, que geram mal-estar, que afligem e doem, mas não deixam marcas visíveis. Um exemplo: gestos, falas, opiniões que o outro emite e que se fixa na nossa mente, criando crenças disfuncionais que levam a começar e não terminar,  a procrastinar, não acreditar que é capaz ou que merece. E devido aos eventos da sua infância, você aprendeu que não pode sentir raiva, a deixar para depois porque não é importante, tem que ser bonzinho e não pode dizer NÃO, porque senão, não será amado. Quem cuida de si é visto egoísta e narcisista.

QUANDO VOCÊ SE TORNA SEU PIOR INIMIGO!

Vamos olhar para nossos pequenos e grandes sabotadores? Imagino que na sua infância você se sentiu abandonada porque um dos seus cuidadores não tinha tempo para olhar e atender suas necessidades. Esse sentimento de abandono gerou em você uma carência que vai desembocar em um comportamento de não saber colocar limites e dizer não. Você tenta agradar as pessoas por medo da rejeição. Com isso, você aceita estar em relações abusivas na vida afetiva, profissional, religiosa, social. Por medo da repetição do abandono, você aceita qualquer coisa, por mais humilhante e degradante que seja.

E esse movimento cria uma revolta interna por sentir-se desvalorizada. E essa mágoa aumenta o sentimento de dúvida sobre sua capacidade e merecimento. A pessoa não percebe que suas ações reforçam a mágoa e passa a se culpar profundamente e sentir ressentimento e raiva de si mesma.

COMO PARAR DE ALIMENTAR ESSE CICLO DE AUTOSABOTAGEM?

O autoconhecimento é essencial para perceber e lidar com esse ciclo de sabotagem, entender como esse ciclo se formou e destrói nossa vida. Quando você convive com uma ou várias pessoas que não te escutam, quando não dão importância ao que você fala ou sente ou pensa. Como isso funciona? O que você pensa, altera o que você sente. O que você sente, altera como você se comporta. Ninguém me escuta logo o que eu falo não tem importância. Eu não sou importante, nem desejável. Levando você a sentir desvalorizada, não importante, descartável.

Vamos continuar conversando sobre emoções, autocuidado e sabotadores? Nos vemos na próxima segunda-feira.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

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