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Fátima Baroni Tonezer

Quando os monstros saíram debaixo da cama…

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E fizeram morada em nossa cabeça. Como assim? Muitos de nós, enquanto crianças, tínhamos medo dos monstros embaixo da cama, e isto estava ligado às situações que vivíamos ou como entendíamos nosso ambiente. Crescemos e o medo do julgamento e crítica externa “alugaram um triplex” em nossa cabeça.

Hoje não olhamos mais embaixo da cama. A crítica, o julgamento, o medo da opinião dos outros e do fracasso estão morando nesse triplex há tanto tempo que já se tornaram donos por “usucapião”. E isso aconteceu porque, durante nosso crescimento físico, fomos acreditando e colecionando informações e crenças.

CULPADA!

Esse é o veredicto que nos damos nessa jornada! Mas por que isso acontece? Vamos entender a culpa. Primeiro, é preciso esclarecer que a culpa é um sentimento que compõe nossa paleta de emoções e sentimentos. Ela, em si, não é ruim. A culpa carrega consigo o peso da responsabilidade de um senso aguçado de discernimento entre o certo e o errado. É um juízo de valor, que define a maneira como vivemos e interagimos nas nossas relações – conosco mesmo e com os outros.

Podemos comparar com uma bússola, que orienta o caminho. Quando a bússola está quebrada, isto é, aponta para uma direção só, temos problemas, uma vez que paralisamos. Nesse momento, a culpa que sentimos nos atrapalha seguir em frente, tornando-se um obstáculo para o nosso desenvolvimento pessoal.

A LINHA TÊNUE!

Existe uma linha tênue que separa a culpa que paralisa da que assume responsabilidade. Muitas de nós não conseguimos progredir, construir uma autoestima saudável, porque a culpa nos ancorou num porto, nos impedindo de seguir livre. O impacto da culpa aparece na autoestima, nos relacionamentos… nos impedindo de encontrar estratégias saudáveis para lidar com ela de forma salutar.

Há formas de lidar e superar a culpa quando esta aparece como uma inimiga silenciosa, que não dá permissão para progredir. Superar essa culpa exige atitude de maturidade e responsabilidade. E no autoconhecimento e na mudança de pequenas atitudes e hábitos, ela pode tornar-se nossa aliada.

CONHECENDO A CULPA!

Conhecimento é sempre essencial. Quando não olho para dentro e conheço e reconheço quem sou, emoções, sentimentos, atitudes e sonhos, desejos e medos, não há evolução. Ao mergulhar no autoconhecimento, que nunca é fácil ou simples, vamos descobrindo nosso repertório emocional, que foi se construindo através de respostas que encontramos para situações e dilemas que vivemos. Nesse mergulho vamos entender e trabalhar concepções que temos sobre o que é ser uma filha ou filho bom, um bom marido ou uma boa esposa, um bom pai ou uma boa mãe, uma profissional de sucesso, um ser evoluído em todas as áreas da nossa vida.

O que esse padrão não leva em consideração, lembrando que foi estabelecido externamente, as dificuldades individuais, as questões e necessidades de cada pessoa. Sem essa clareza do eu, as relações estabelecidas falam mais do outro, das dificuldades dele do que das minhas. Ao entender isso, é possível se libertar. As relações não são perfeitas porque os seres humanos não são perfeitos.

Ao aceitar essa imperfeição, as vulnerabilidades de cada um, podemos nos livrar da culpa paralisante e tomar responsabilidade pelas nossas necessidades e sonhos. Nos dar permissão para seguir em frente, dar o próximo passo. É sobre isso que vamos conversar na próxima semana. Como dar o próximo passo, libertando-se da culpa, alcançando aquilo que faz sentido para mim. Fica comigo.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

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