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Sol: de amigo a vilão

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Dezembro, sol, calor. O verão chegou e com ele a temporada de praias, piscina e bastante exposição solar. E é nessa exposição que mora o perigo. Como forma de lembrar a importância dos cuidados com os raios ultravioletas e do uso do protetor solar, a Sociedade Brasileira de Dermatologia criou a campanha Dezembro Laranja. A intenção é alertar as pessoas sobre os cuidados necessários para evitar o câncer de pele.

Considerado o mais frequente no Brasil, sendo 30% dos tumores malignos registrados no país, há uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que em 2016 aproximadamente 181 mil pessoas terão este tipo de câncer. O Instituto ainda mostra que são 176 mil novos casos registrados por ano. Somente entre 2010 e 2014 foram quase 20 mil pessoas que morreram por causa da doença no Brasil.

A preocupação sobre este perigo é compreensível. Levantamento feito pelo Inca mostra ainda que praticamente oito em cada dez brasileiros não usam o protetor solar diariamente de forma adequada. A pesquisa apresenta também que um em cada cinco menores de 16 anos não usa nenhuma forma de proteção nas atividades de lazer ao ar livre, o que corresponde a 20% de crianças e adolescentes. E o câncer de pele geralmente é uma consequência da exposição mais frequente ao sol, como agricultores. Mas também pode acontecer àquelas pessoas que se expõe esporadicamente, como quem trabalha em escritório, mas sai ao sol nos fins de semana, conta a médica dermatologista Fabianne Ricci.

Apesar de ser uma doença mais comum em adultos e idosos, o câncer de pele também pode aparecer em pessoas mais jovens. Em Marechal Rondon e região a maioria das pessoas tem a pele mais clara e trabalha com agricultura. Então são pessoas que desde crianças já se expuseram muito ao sol, e isso é um fator de grande risco para futuramente ter o câncer de pele, informa a profissional. Os locais mais comuns da doença aparecer são cabeça, rosto, orelhas, mãos e braços. Mas isso não quer dizer que não apareça em outros locais, alerta.

Os três principais tipos da doença são carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma, do menos ao mais grave respectivamente. O carcinoma basocelular é o mais comum na população e o menos agressivo, mas ainda assim é uma lesão de pele e deve ser tratada como tal, diz Fabianne.

O mais grave é o melanoma, que pode até levar à morte. Este tipo não necessariamente vai aparecer nas áreas que são expostas ao sol. Ele pode aparecer em locais que estão mais cobertos, como, por exemplo, nos homens é mais comum nas costas e nas mulheres nas pernas. Mas isso são estatísticas, não quer dizer que sempre será assim. É importante estar sempre atento, afirma.

Pessoas que têm muitas espinhas, pintas maiores de um centímetro e histórico pessoal ou familiar da doença devem ficar atentas e procurar um médico especialista. São fatores que a pessoa deve levar em conta, porque apresentam risco, alerta. Além disso, pessoas que tiveram exposição ao sol ao longo dos anos e que já tiveram queimaduras solares devem tomar cuidado. Por isso é tão importante já desde a infância fazer a prevenção, diz Fabianne.

A profissional conta que é comum no consultório atender diariamente lesões pré-malignas, além de atender com frequência também casos de câncer de pele. A grande maioria acontece em adultos, mas já vi casos de pessoas com menos de 30 anos que tiveram a doença. Não é comum, mas acontece, comenta. Por isso, a dermatologista reitera a importância dos cuidados com o sol começarem desde a infância.

Outro detalhe sobre a doença destacado por Fabianne é o fato de não causar dor. Muita gente acha que o câncer costuma doer, por isso quando aparece alguma mancha ou pinta estranha não procura um especialista, porque não dói, conta. Contudo, ela informa que quando começa a surgir algum sintoma é porque a doença já está há algum tempo se manifestando. A profissional avisa que quando a pinta começa a sangrar sozinha ou à toa, ou quando qualquer lesão nova aparece e demora a sarar ou não progride nem diminui, é bom procurar um médico para fazer uma avaliação.

A dermatologista ainda alerta sobre pintas que aparecem, já que este é um dos sintomas. A maior preocupação é com relação ao tipo melanoma, que é potencialmente fatal. Normalmente é uma mancha escura, que cresceu rápido, apresenta várias cores e tem bordas irregulares. É importante ficar atento a esses detalhes, avisa.

Ela enfatiza que geralmente é uma pinta maior de seis milímetros, assimétrica e com bordas irregulares. São sinais de alerta, afirma. Se aparecer algo assim é sempre importante procurar um dermatologista, expõe.

Tratamento

Para quem for diagnosticado com a doença, o tratamento é essencialmente cirúrgico. Porém, é preciso que a pessoa sempre fique atenta e quando aparecer algo que não seja comum procurar um especialista. Quando aparecer algo assim será feita a biópsia para confirmação do diagnóstico e posteriormente a cirurgia. Dependendo do tipo de lesão até mesmo será melhorar retirar inteira, conta a médica.

É preciso ressaltar que pessoas com histórico na família com a doença fiquem mais atentas aos sinais que podem aparecer. Além disso, pessoas que já tiveram o câncer de pele também devem tomar cuidado, porque aumenta as chances da lesão aparecer novamente em outro lugar. Porém, as chances de cura são enormes se a pessoa for diagnosticada precocemente. Quanto mais cedo, melhor, afirma Fabianne.

A médica ressalta que o diagnóstico precoce pode também evitar maiores danos, principalmente quando o câncer de pele é do tipo melanoma. Este é o mais agressivo e pode ser fatal. Além disso, ele também pode provocar metástase, que é quando o tumor sai do local de origem e aparece em alguma outra parte do corpo, diz. Por isso, a profissional reitera a importância de sempre que aparece qualquer lesão suspeita procurar um especialista.

E para aqueles que tiveram a doença, o acompanhamento pós-operatório é essencial. O paciente com câncer de pele deve ser acompanhado com frequência. Vai depender de qual tipo ele tinha, mas vai ter que voltar a cada poucos meses ao médico, recomenda, acrescentando que principalmente quando a pessoa teve do tipo melanoma o acompanhamento é feito pelo dermatologista e também pelo oncologista.

Prevenção

A melhor forma de prevenção é a proteção solar, não somente do creme protetor, mas também a utilização de acessórios como chapéu, óculos de sol e roupas compridas. Quanto mais partes do corpo estiverem cobertas, melhor, informa Fabianne.

Outra orientação é evitar a exposição solar entre as 10 e 16 horas, que é quando os raios solares estão mais intensos. Outro detalhe que a médica recomenda é o check up anual. Assim como as pessoas fazem o check up com coração, cabeça, entre outros, é importante também fazer com a pele para ver se está tudo certo, diz.

Fabianne informa que a genética é um fator importante para os cuidados com o câncer de pele tipo melanoma. Histórico familiar ou pessoal e pintas no corpo são fatores de risco que devem ser observados, frisa, comentando que pessoas que têm sardas devem ficar atentas, já que as famosas pintinhas indicam uma pele mais sensível ao sol. O importante mesmo é sempre proteger, salienta.

Além disso, o check up é importante por conta de lesões malignas que podem ser tratadas com antecedência e assim não chegam ao estágio de se transformar em um câncer de pele.

 

Dezembro Laranja

Criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele tem o objetivo de conscientizar a população com relação ao autoexame de pele, além da necessidade da prevenção da doença. É importante que qualquer pinta ou lesão nova que a pessoa ache estranha ou que seja nova, que procure um dermatologista para verificar, afirma Fabianne. Às vezes pode ser um pinta benigna, mas é importante procurar um especialista para que ele descarte qualquer possibilidade, avalia.

A campanha busca disseminar para a população o valor dos cuidados com a pele e o uso do protetor solar, os riscos da doença e a importância do diagnóstico precoce para evitar danos maiores ou mutilações mais profundas.

 

Cuidado!

Uma observação feita pela médica dermatologista foi sobre a utilização, por parte de muitas pessoas, do guarda-chuva ou da sombrinha para se proteger do sol. A especialista afirma que o acessório não protege dos raios ultravioletas, sendo que o tecido utilizado não é feito para este fim. Dessa forma, a proteção não acontece. É importante que as pessoas saibam que nada substitui o uso do protetor solar quando estão expostas ao sol.

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