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Marechal

A capital do sorvete

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Mirely Weirich/OP

Entre pontos de venda, sorveterias de massa e expresso, são 58 estabelecimentos que servem a delícia gelada no município, além de quatro indústrias especializadas na produção do alimento

 

De morango, chocolate, de pistache ou limão… opção de sabor é o que não falta. E nem lugar para apreciar uma das delícias mais desejadas pelos rondonenses: o sorvete! Seja picolé, de massa ou italiano, a sobremesa que ajuda a dar um refresco às altas temperaturas tem ganhado cada vez mais espaço no fomento à economia e à geração de renda em Marechal Cândido Rondon. Só na cidade e nos distritos, são 58 estabelecimentos ativos, de acordo com a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, além de quatro indústrias especializadas na produção da iguaria. Mas não é só localmente que a demanda pelo alimento vem aumentando. Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS), em 2003 o consumo per capita de sorvete no Brasil era de 3,83 litros/ano, já em 2014 o consumo passou para seis litros per capita. Na região Sul, mais especialmente na nossa região, este valor é ainda maior, porém o consumo per capita em países como Nova Zelândia e Estados Unidos chega a ser quatro vezes mais, ressalta o empresário Silas Portella, proprietário da Nattali Sorvetes, indústria de sorvetes criada em 2001 no município e que hoje possui 500 pontos de venda na região, atendendo redes de supermercados, panificadoras, mercearias e lanchonetes.

Apesar de não existirem levantamentos que apontem números exatos sobre o consumo de sorvete na microrregião, Portella avalia, baseado nas vendas em supermercados, que o consumo em Marechal Rondon chegue a ser 50% maior do que em outros municípios próximos. A nossa região, por possuir descendentes de povos europeus, na sua maioria alemães e italianos, já traziam da Europa a tradição por alimentos lácteos, e foi aí que encontramos um nicho de mercado atrativo, explica.

Na opinião do empresário, o segmento da indústria regional vem crescendo a cada ano devido ao acesso à tecnologia de ponta, ao conhecimento e assessoria especializada, e junto a isso o consumidor se torna cada vez mais exigente, com o paladar mais apurado, fazendo com que a indústria busque sempre novos sabores e novas formulações para atender este público. Exemplo disso é o sabor torta alemã, muito consumido em nossa cidade. Criamos recentemente a Linha Premium, inicialmente com três sabores e que hoje já expandimos para cinco. É justamente uma linha de sorvetes para atender pessoas que buscam novas texturas, sabores e ingredientes, destaca Portella, ressaltando que atualmente a maior demanda da empresa é pela linha take home (leve para casa). As famílias se reúnem e degustam o sorvete na tranquilidade de sua casa, após o almoço, sem precisar sair, cita.

 

Consolidação

Apesar de o sorvete de massa, também chamado de sorvete de bola pelo formato que ganha ao ser colocado sobre a casquinha, ser bastante consumido, a sobremesa no formato soft, mais conhecido nas ruas como sorvete de máquina ou italiano, é um dos mais populares nos estabelecimentos do município. É um sorvete de formulação diferente, para ser consumido na hora e em nossa região também é um segmento que vem crescendo bastante. Quem viaja Brasil afora percebe a grande concentração de sorveterias com estas máquinas em nossa cidade, destaca Portella.

A facilidade de muitos empresários rondonenses em partir para a venda de sorvetes italianos ou milk-shakes também pode estar relacionada à proximidade com uma das maiores fábricas em nível nacional de máquinas para a produção do alimento, a Tecsoft, estabelecida em Marechal Rondon desde 1999. O segmento de sorvete sem dúvida fomenta nossa economia, tanto na geração de empregos e renda, como na economia, uma vez que o que é vendido na região é produzido aqui, complementa o empresário.

Portella avalia que a expansão de indústrias do segmento não ocorreu nos últimos anos por demandar altos investimentos em equipamentos, além disso, destaca que as sorveterias que vendem a varejo também não aumentaram em número de pontos de venda pelo menos nos últimos dez anos. A venda, entretanto, aumentou sim, e foi absorvida por essas sorveterias já existentes, declara.

A empresária Eliane Wiellens entrou no ramo de sorveterias há pouco mais de um ano para suprir a necessidade de um segmento pouco explorado na cidade: o sorvete de massa para consumo imediato. Apesar de a sobremesa na forma de bola ser encontrada em potes em diversos pontos de venda como supermercados, padarias, conveniências, postos de gasolina, lanchonetes, mercearias, entre outros estabelecimentos, Eliane percebeu que a venda de calçada do sorvete de bola era uma oportunidade de mercado. Junto da sorveteria, que conta com um bufê, abrimos também a loja, que oferece mais de 100 itens de sorvetes embalados com o benefício de estar aberta 364 dias do ano, menciona.

O diferencial da empresária, além de apostar em uma franquia de sorvetes em Marechal Rondon, foi mudar a forma de apresentação. Além das tradicionais bolas em cima das casquinhas, há opções retrôs, bastante consumidas no passado, como banana split, colegial e sundae. Mas também trouxemos taças novas e exclusivas para a loja, diz.

Apesar de avaliar que o município não depende diretamente do segmento para manter a economia local em alta, ela opina que a falta dos estabelecimentos, indústrias de sorvetes e máquinas em Marechal Rondon impactaria na geração de renda. São muitas pessoas empregadas, tanto nas sorveterias quanto nas indústrias, então a falta desse segmento aqui sem dúvida deixaria muita mão de obra disponível no mercado, muitas pessoas desempregadas e sem renda, comenta Eliane.

 

E no inverno?

Se o verão em Marechal Cândido Rondon é intenso e promissor para os sorveteiros, com termômetros que passam dos 30ºC facilmente, o inverno também pode fazer com que os empresários temam as baixas vendas, já que no ano passado, por exemplo, as temperaturas bateram o 0ºC. Este é um ramo muito interessante, mas é preciso ter muito cuidado com a sazonalidade. No ano passado, por exemplo, o inverno foi muito severo, e quem não estava preparado, não se organizou na safra para se manter durante o inverno, teve problemas com certeza, afirma Eliane.

Para ela, quem teve criatividade e um atendimento diferenciado, além de conseguir superar os problemas econômicos do país, também acabou se sobressaindo no período mais frio do ano. Na loja, durante o inverno foram servidos pratos com sorvete, mas que tivessem o apelo quente. Claro que as vendas não são nada comparadas às do verão, mas isso dizia ao cliente que nós estávamos abertos para quando ele quisesse tomar um sorvete mesmo no inverno, e funcionou, pontua, citando pratos como o sorvete assado, crepe com sorvete e fondue, que fizeram bastante sucesso.

Se o empresário se organizar administrativamente, o verão compensa o inverno, mas caso ele não consiga fazer a reserva financeira e cuidar os gastos durante o verão, ele não consegue passar pelo inverno, conclui.

 

Dica da Marla

Mesmo que em Marechal Rondon não faltem opções de sabores e locais para apreciar um bom sorvete ou picolé, a colunista Marla Viteck – que assina a coluna e blog Cozinha da Marla no site e no jornal O Presente – caprichou em uma receita super simples de sorvete de doce de leite que utiliza apenas dois ingredientes para você fazer em casa.

 

Ingredientes:

– 1 lata (300g) de creme de leite

– 1 lata (395g) de leite condensado

 

Modo de preparo: coloque a lata de leite condensado no fundo de uma panela de pressão e cubra com água até passar dois dedos acima da altura da lata. Tampe a panela, ligue o fogo e cozinhe por apenas dez minutos após a panela pegar pressão. Deixe a pressão sair e a panela esfriar um pouco. Retire a lata de dentro da panela e passe pela água fria. Abra a lata de leite condensado – que a esta altura já virou um doce de leite cremoso e lindo – coloque em uma tigela e junte o creme de leite. Misture muito bem, coloque em um pote de plástico ou vidro e leve ao congelador por no mínimo quatro horas.

Eu gosto de tirar do freezer algum tempinho antes de servir, assim o sorvete fica mais cremoso e é mais fácil de fazer as bolas, ressalta Marla.

Para outra variação da receita, ela também indica adicionar meia xícara de coco ralado hidratado em leite. Ameixas secas em pedaços misturadas ao sorvete antes de ir ao freezer também ficam um espetáculo para quem curte a fruta, mas você pode deixar a imaginação fluir e colocar o que achar que mais combina, o sorvete é todo seu!, finaliza.

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