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Marechal

Bom velhinho traz reação ao comércio

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Em passos tímidos, o clima natalino chega ao comércio de Marechal Cândido Rondon e chama o consumidor para dar uma espiadinha no que será possível comprar para presentear familiares e amigos no fim deste ano. Apesar de ainda faltarem 47 dias para 25 de dezembro, sensibilizar o cliente para a chegada do bom velhinho com antecedência pode ser uma das melhores estratégias do setor varejista, que tem na data a última cartada para recuperar um pouco as fracas vendas de todo ano de 2016.

Daqui para frente, não vão faltar vitrines decoradas com os temas e as cores da festa típica do fim de ano na tentativa de trazer o consumidor mais rápido para o clima das comemorações e afastar o pessimismo. Alguns segmentos, que enfrentaram um dos anos mais difíceis, contam com tímida retomada do otimismo e esperam leve alta de vendas no Natal de 2016, entre 5% e 10% em relação ao ano passado.

Mirely Weirich/OP
Apesar de o Natal não recuperar sozinho as baixas vendas de um ano ruim para o setor, lojistas estão otimistas com as vendas de fim de ano

Para os comerciantes, até agora, a boa notícia é de que os consumidores estão com vontade de comprar. O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) paranaenses, elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), aponta 88,8 pontos em outubro de 2016, evolução de 1,1% com relação ao mês anterior, mas se mostra abaixo do divulgado em outubro de 2015, com queda de 5%. Dentro da metodologia dessa pesquisa, positivo efetivamente seria se esse número estivesse acima de 100 pontos. Então este ainda não é um cenário de intenção de consumo positivo no sentido de crescimento da economia, mas o fato de o índice estar em crescimento é uma boa notícia, uma tendência de conseguir passar dos 100 pontos, aponta Rodrigo Rosalem, diretor de Planejamento e Gestão da Fecomércio PR.

Entre todos os indicadores que compõem a pesquisa (acesso ao crédito, perspectiva profissional, emprego atual, perspectiva de consumo, renda atual, nível de consumo atual e momento para compra de bens duráveis), a perspectiva de consumo foi a que mais cresceu de setembro a outubro deste ano, chegando a 15,2%, e na comparação com outubro de 2015 o aumento foi ainda maior: 38%. Este item, especificamente, pergunta se você imagina que vai consumir mais que o seu nível atual, então ele não quer dizer necessariamente um otimismo no mercado, porém, se a pessoa se enxerga consumindo mais, é claro que ela vê uma perspectiva de melhora, ressalta. Quando as pessoas acreditam que vão consumir mais do que estão consumindo hoje é um sinal de que algum movimento adicional virá para o comércio, complementa Rosalem.


Contratação de temporários

Além do medo em fazer investimentos e comprometer a renda, outro motivo que pode ter levado muitos consumidores a deixarem de fomentar o comércio neste ano é a falta de postos de trabalho no mercado. Para alguns, será justamente no fim de ano, em que muitos assalariados tiram férias, que o trabalho duro começa, por meio dos empregos temporários.

Conforme a sondagem realizada pela Fecomércio PR, entre os estabelecimentos comerciais questionados, 16% têm intenção de contratar temporários para as festas de fim de ano – índice superior ao registrado na sondagem de 2015, que marcou 14,5%. Estimamos que o crescimento no número de empresas que pretendem contratar deve refletir no número maior de empregos temporários na ordem de 10% acima do que foi no ano passado, salienta Rosalem, lembrando que a estimativa diz respeito a empregos formais, com carteira assinada.

Ele destaca, no entanto, que outras oportunidades também podem aparecer para autônomos, profissionais liberais e empreendedores individuais, já que o movimento no fim de ano repercute não só no emprego formal, mas em toda a cadeia de trabalho. Depois de um período tão extenso de más notícias, esse aumento no número de empresários que pretendem contratar é também uma notícia positiva e mostra que o empresário está confiante que vai vender mais do que vendeu no ano passado no Natal, opina.


Reação

Apesar de afirmar que dificilmente o Natal sozinho salva um ano ruim, Rosalem expõe que a data comemorativa sempre ajuda o comércio a diminuir as perdas. Este é um período em que as empresas do comércio têm um crescimento nas vendas, além de minimizar um pouco o impacto negativo que tem acontecido ao longo do ano, menciona.

Em pesquisas de conjuntura, diz, é possível perceber que o ritmo de queda caiu significativamente e que alguns setores da economia começam a demonstrar reação no ritmo de vendas. É claro que alguns setores têm mais dificuldade nessa retomada, principalmente bens duráveis como automóveis, linha branca, móveis e eletrodomésticos, que são itens de maior valor agregadoe demandam um planejamento familiar para compra, por isso demoram a reagir, pontua. Outros setores como supermercados, farmácias e até vestuário estão mostrando uma tendência de recuperação nos últimos meses e que deve se ampliar ainda mais com o Natal, conclui Rosalem.

 

Comércio não perde o otimismo

Cleci Güttges, do setor de móveis e decorações:

As vendas do Natal não recuperam as vendas baixas do ano todo, mas não podemos ser pessimistas. O mês de outubro já foi surpreendente, pois tive alta de 20% em comparação ao mesmo mês do ano passado, porém desde novembro de 2015 tive baixas nas vendas. Eu sempre colocava a vitrine temática no dia 15 de outubro, mas neste ano optei por colocar no início do mês, o que já repercutiu positivamente, pois vendi árvores para outras cidades. Essa foi uma estratégia adotada para chamar ainda mais atenção dos clientes neste ano. Acredito que, neste Natal, meu cliente será aquele que ainda não comprou, que fez casa nova, com produtos de menor valor. Com base nesse desempenho de outubro, neste Natal teremos a mesma perspectiva de venda do ano passado, não tenho expectativa de vender menos, mas, sim, de igualar ou superar 2015.

 


Luciani Thomé de Souza, do setor de presentes e brinquedos:

Eu acredito que vá recuperar as perdas do ano porque o Natal é a principal data para o comércio em relação às vendas. Além disso, na nossa região a crise não chegou, porque somos uma região muito rica, com chuvas e agricultura farta, então penso que o final do ano vai ser diferente. Temos que nos manter otimistas, tanto que estou investindo em compras de novidades, lançamentos e variedades para os clientes. Tendo em vista o ano que tivemos, almejo alcançar no mínimo o mesmo patamar de vendas do Natal de 2015, com talvez algum aumento de 10% se acontecer. Investimos em propagandas nas mídias locais como estratégia para atrair os clientes, mas principalmente trazendo novidades e variedades sempre com um preço acessível, para que o cliente possa fazer pesquisa, mas que encontre aqui o melhor preço.

 


Jaqueline Krampe, do setor de eletrodomésticos e eletrônicos:

Para o comércio em geral o Natal deve recuperar as vendas do ano. Para nós, na média do ano ainda tivemos crescimento, não houve queda nas vendas. Desde o ano passado a loja vem com crescimento nas vendas e o Natal deve aquecer ainda um pouco mais por conta da compra de presentes. A linha de telefonia, que é o que mais tem crescido na nossa loja, acredito que deve ter o maior aquecimento devido à injeção do 13º salário. A expectativa é de que ocorra um crescimento de, no mínimo, 10% a 15% nas vendas com relação ao Natal de 2015, tendo em vista todo esse cenário que encontramos hoje.

 

 

Rosi Reckziegel, do setor de calçados:

Em geral 2016 foi um ano mais parado nas vendas, mas a expectativa para o Natal é muito boa e estamos otimistas de que vai melhorar bastante. A expectativa é de que as vendas alcancem no mínimo o mesmo patamar do ano passado, talvez com um pequeno aumento, tendo em vista o cenário atual da economia. Como forma de trazer os clientes para a loja, além de participarmos do Núcleo Multissetorial da Rua Santa Catarina, que promove ações e campanhas alusivas, também teremos a decoração da loja, além dos produtos e dos preços, que são o principal atrativo para o cliente.

 

 

Sâmara Costa, do setor de confecções:

Este ano as vendas se mantiveram no mesmo patamar do ano passado, com um leve aumento nos meses de abril e maio por conta do inverno rigoroso. Não podemos dizer que a crise chegou até aqui, o que acontece é que as pessoas estão com medo de gastar, de comprometer a renda, por isso só estão comprando o necessário. Quanto à expectativa de vendas para o Natal, se mantivermos as mesmas do ano passado já será muito bom, mas dependemos bastante da agricultura. Se o agricultor não colher bem a gente não vende. Nós temos perspectiva de melhora e, como sempre, faremos a nossa decoração de Natal e vamos manter o bom atendimento ao freguês.

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